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18 de dezembro de 2024

A História Completa Sobre a Escolha do Local J Como Local de Pouso do Módulo Philae da Missão Rosetta


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observatory_150105O alvo para o pouso do módulo Philae foi escolhido, é o Local J, uma região intrigante do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko que oferece potencial científico único, com pistas de atividade próxima, e um risco mínimo para o módulo se comparado com os outros locais candidatos.

O Ponto J, localiza-se na “cabeça” do cometa, ou no lobo menor, um mundo irregular que tem cerca de 4 km de comprimento. A decisão para selecionar o Local J como ponto primário para o pouso foi unânime. O Local C, é o ponto reserva, e localiza-se no “corpo”, do cometa, ou no lobo maior.


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O módulo de pouso Philae, tem 100 kg e está planejado para alcançar a superfície do cometa no dia 11 de Novembro de 2014, onde ele realizará medidas profundas com o objetivo final de caracterizar o núcleo in situ, de uma maneira totalmente sem precedentes na história da exploração do espaço.

Mas escolher um local para o pouso não foi uma tarefa fácil.


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“Como nós podemos observar nas recentes imagens detalhadas, o cometa é um belo mas dramático mundo – ele é significantemente animador, mas sua forma faz dele um desafio operacional”, disse Stephen Ulamec, Gerente do módulo de pouso Philae, no DLR German Aerospace Center.

“Nenhum dos locais candidatos estavam de acordo 100 por cento com os critérios operacionais, mas o Local J, é claramente a melhor opção”.


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“Nós vamos, pela primeira vez na história fazer análises in situ de um cometa, dando uma ideia sem precedentes sobre a sua composição, sua estrutura, e a evolução desse tipo de objeto”, disse Jean-Pierr Bibring, o principal cientista do módulo de pouso e o principal pesquisador do instrumento CIVA, direto do IAS em Orsay, na França.

“O Local J, em particular, nos oferece a chance de analisar o material bruto, caracterizar as propriedades do núcleo e estudar os processos que levam a essa atividade”.


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A corrida para encontrar o local de pouso só poderia começar com a chegada da Rosetta ao cometa, o que aconteceu no dia 6 de Agosto de 2014, quando o cometa foi observado em detalhe e de perto pela primeira vez. Em 24 de Agosto de 2014, usando dados coletados quando a Rosetta estava a cerca de 100 km de distância do cometa, cinco regiões candidatas foram identificadas para análises posteriores.

Desde então, a sonda tem se aproximado cada vez mais do cometa, chegando a uma distância de 30 km do seu núcleo, permitindo assim medidas científicas mais detalhadas dos locais candidatos. Em paralelo, as equipes de operação e de dinâmica de voo têm explorado as opções para entregar o módulo de pouso com segurança para todos os cinco locais candidatos.


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Durante o última final de semana, dias 13 e 14 de Setembro de 2014, o Landing Site Selection Group, constituído por engenheiros e cientistas do Philae’s Center, Operations and Navigation Centre na agência espacial CNES da França, o Lander Control Centre no DLR, cientistas representando os instrumentos do módulo de pouso Philae e a equipe da Rosetta da ESA, se reuniram em Toulouse na França, para considerar os dados disponíveis e assim escolher o local principal de pouso e um local reserva.

Um grande número de aspectos críticos foram considerados, como por exemplo, a possibilidade de se identificar uma trajetória segura para pousar o Philae, e a densidade de possíveis ameaças naturais na zona de pouso. Uma vez na superfície, outros fatores deveriam ser avaliados, incluindo o equilíbrio das horas de luz do Sol e das horas de noite, e a frequência das comunicações com o módulo orbital.


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A descida até o cometa é passiva, e só é possível prever o local de pouso com uma elipse de pouso com algumas centenas de metros de tamanho.

Uma área de um quilômetro quadrado foi acessada para cada local candidato. No Local J, a maioria dos taludes têm menos de 30 graus de inclinação, reduzindo assim as chances do Philae sofrer acidentes durante a operação de descida e toque no cometa. O Local J também parece ter relativamente poucos pedaços de rochas soltos, e recebe iluminação diária suficiente para recarregar o Philae e continuar as operações de ciência na superfície além da bateria da fase inicial.


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Simulações provisórias da trajetória para o Local J, encontraram que o tempo de descida do Philae para a superfície seria de aproximadamente sete horas, um comprimento que não compromete as observações a serem feitas no cometa usando muita bateria durante a descida.

Tanto os locais B e C foram considerados como locais reserva, mas o Local C foi preferido graças a sua maior iluminação e pelo fato de possuir menos rochas soltas. Os Locais A e I eram atrativos durante o início da discussão, mas foram eliminados na sequência pois eles não satisfaziam um número mínimo de critérios.


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Uma detalhada programação operacional será agora preparada para determinar a trajetória precisa da Rosetta com o objetivo de entregar o Philae ao Local J. O pouso precisa ocorrer antes de meados de Novembro de 2014, já que espera-se que o cometa se torne mais ativo à medida que se aproxima do Sol.

“Não temos tempo a perder, mas agora, que nós estamos mais próximo do cometa, as operações de mapeamento e de análises científicas nos ajudarão a melhorar as análises dos locais de pouso principal e reserva”, disse o diretor de voo da Rosetta da ESA, Andrea Accomazzo.


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“Claro, nós não podemos prever a atividade do cometa entre agora e o pouso, e no dia do pouso propriamente dito. Um repentino aumento na atividade poderia afetar a posição da Rosetta em sua órbita no momento de soltar o Philae e afetar assim a localização exata onde o módulo irá pousar, o que faz dessa, uma operação de alto risco”.

Uma vez solto da Rosetta, a descida do Philae será autônoma, com os comandos tendo sido preparados pelo Lander Control Centre na DLR, e carregado via o controle de missão da Rosetta antes da separação.


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Durante a descida, imagens serão feitas e outras observações do ambiente do cometa também serão realizadas.

Uma vez que o módulo toque o cometa, ele usará arpões e garras para se fixar na superfície do cometa. Ele então fará uma imagem panorâmica de 360 graus do local de pouso, o que ajudará a determinar onde e com qual orientação ele pousou.


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A fase científica inicial então começará, com os outros instrumentos analisando o plasma e o ambiente magnético, e a temperatura da superfície de da subsuperfície do cometa.  O módulo Philae também realizará uma perfuração no cometa para coletar amostras abaixo da superfície, entregando essas amostras para um laboratório a bordo do módulo que realizará as análises necessárias. A estrutura interior do cometa será também explorada enviando ondas de rádio através da superfície até a sonda Rosetta.

“Nunca se tentou pousar num cometa anteriormente, assim isso é um desfio real”, disse Fred Jansen, gerente da missão Rosetta ESA. “A complicada, dupla estrutura do cometa tem sido considerada com um impacto grande nos riscos relacionados às operações de pouso, mas eles são riscos que devemos correr para termos a chance de fazer pela primeira vez na história um pouso tranquilo em um cometa”.


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A data do pouso será confirmada no dia 26 de Setembro de 2014 depois de análises mais completas da trajetória e a decisão final de Go/NO GO para o pouso no local primário seguirá uma compreensiva revisão em 14 de Outubro de 2014.

A Rosetta é uma missão da ESA com contribuições dos Estados Membros e da NASA. O módulo de pouso Philae da Rosetta é fornecido por um consórcio liderado pelo DLR, MPS, CNES e ASI. A Rosetta é a primeira missão na história a se aproximar e orbitar um cometa. Ela seguirá o cometa durante a sua órbita ao redor do Sol e irá enviar o módulo de pouso até o objeto.

Cometas são cápsulas do tempo contendo o material primitivo que foi deixada para trás desde a época quando o Sol e os planetas se formaram. Estudando o gás e a poeira, além da estrutura do núcleo e do material orgânica associado com o cometa, tanto de maneira remota, como in situ, a missão Rosetta deverá se tornar a primeira missão na história a desvendar a história e a evolução do nosso Sistema Solar, bem como responder a questões relacionadas com a origem da água e até mesmo da vida na Terra.


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Fonte:

http://www.esa.int/Our_Activities/Space_Science/Rosetta/J_marks_the_spot_for_Rosetta_s_lander

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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