fbpx
19 de dezembro de 2024

Hubble Observa O Cometa Interestelar 2I/Borisov

O Telescópio Espacial Hubble, mais uma vez, mostrou porque é a ferramenta astronômica mais poderosa e espetacular que temos até hoje, ele acaba de lançar as melhores imagens já feitas até o momento do nosso segundo visitante interestelar, o cometa 2I/Borisov.

A imagem do Hubble foi feita no dia 12 de Outubro de 2019, e é até o momento a imagem mais nítida do cometa. O Hubble conseguiu revelar uma concentração central de poeira ao redor do núcleo, que é muito pequeno para ser observado pelo Hubble.

O cometa 2I/Borisov é somente o segundo objeto interestelar conhecido de passagem pelo Sistema Solar. Em 2017, o primeiro visitante interestelar foi  identificado e chamado de Oumuamua, que passou a 38 milhões de quilômetros do Sol antes de rumar para fora do Sistema Solar. Enquanto o Oumuamua parecia ser uma rocha, o Borisov é realmente ativo, parecido com um cometa normal do nosso sistema. Os dois objetos são muito diferentes, o que faz com que esse tipo de pesquisa por objetos interestelares se torne ainda mais intrigante.

Como o segundo objeto interestelar conhecido a entrar no nosso Sistema Solar, o cometa fornece informações muito valiosas sobre a composição química, a estrutura e a as características planetárias do blocos fundamentais do sistema onde ele foi forjado a muito tempo atrás.

Se um outro sistema estelar pudesse ser muito diferente do nosso, o fato das propriedades do cometa serem muito parecidas com a nossa é realmente impressionante.

O Hubble registrou o cometa a uma distância de 418 milhões de quilômetros da Terra. O cometa está rumando em direção ao Sol e fará sua maior aproximação entre os dias 7 e 9 de Dezembro de 2019, quando ele passará a 2 unidades astronômicas de distância do Sol, ou seja, 300 milhões de quilômetros.

O cometa está seguindo uma trajetória hiperbólica ao redor do Sol, e atualmente está com uma velocidade de 177 000 km/h. Ele está tão rápido que quase não importa para ele se o Sol está ali ou não.

Em meados de 2020, o cometa irá pasar por Júpiter, a uma distância de 804 milhões de quilômetros rumando para o espaço interestelar por onde irá vagar por milhões de anos até encontrar outro sistema estelar.

O astrônomo amador Gennady Borisov descobriu o cometa no dia 30 de Agosto de 2019. Uma semana depois da descoberta, os astrônomos profissionais por todo o mundo observaram o cometa, e com os dados adquiridos foi possível calcular a sua órbita, indicando e confirmando que ele era mesmo um objeto que veio do espaço interestelar.

Até agora, todos os cometas catalogados vieram de um anel de detritos congelados localizado na periferia do Sistema Solar e conhecida como Cinturão de Kuiper, ou da hipotética Nuvem de Oort, uma concha de cometas localizada a aproximadamente 1 ano-luz do Sol, e que define a borda dinâmica do nosso Sistema Solar.

Borisov e Oumuamua estão marcando apenas o começo das descobertas dos objetos interestelares, que brevemente visitam o nosso sistema. De acordo com um estudo, existem milhares desses objetos aqui, mas eles são muito apagados para serem detectados com a nossa tecnologia atual.

Observações feitas com o Hubble e com outros telescópio têm mostrado que anéis e conchas de detritos circulam estrelas jovens onde a formação de planetas está acontecendo. Com se fosse um jogo pinball gigante, colisões nesses discos podem fazer com que objetos se desgarrem e entrem no espaço interestelar.

Futuras observações do 2I/Borisov com o Hubble já estão planejadas para Janeiro de 2020, com outras sendo propostas.

Novos cometas são sempre imprevisíveis. Eles podem brilhar repentinamente, ou até mesmo se fragmentarem devido à intensa radiação do Sol. O Hubble estará monitorando o que vai acontecer com o nosso visitante interestelar.

O Telescópio Espacial Hubble é um projeto de cooperação internacional entre a Agência Espacial Europeia, a ESA e a NASA. O Goddard Space Flight Center da NASA, em Greenbelt, Maryland, gerencia o telescópio. O Space Telescope Science Institute, o STScI, em Baltimore, Maryland, conduz as operações científicas do Hubble. O STScI é operado para a NASA pela Association of Universities for Research in Astronomy, localizada em Washington.

Fonte:

https://hubblesite.org/contents/news-releases/2019/news-2019-53

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo