O progresso científico e tecnológico no campo da exploração espacial tem sido notável, conforme evidenciado pelo sucesso do helicóptero Ingenuity da NASA em Marte. Este feito, que uma vez foi considerado altamente ambicioso, destaca o potencial da tecnologia aeroespacial em fornecer insights sem precedentes sobre o Planeta Vermelho.
Originalmente concebido como uma simples demonstração tecnológica, o “Marscopter” superou todas as expectativas. Em vez de concluir sua missão após um mês e cinco voos, o Ingenuity expandiu seu papel, tornando-se um batedor do terreno marciano e um auxiliar valioso para o rover Perseverance, que busca sinais de vida no planeta. Esta conquista não é apenas um testemunho da engenhosidade humana, mas também abre portas para futuras missões aeroespaciais.
Com base no sucesso do Ingenuity, cientistas já estão planejando a introdução de mais dois mini helicópteros. Estes não são apenas meros sucessores do Ingenuity, mas servirão como helicópteros de reserva em missões cruciais da agência espacial para coletar amostras marcianas. Além disso, outro veículo está sendo desenvolvido para explorar Titan, uma das luas de Saturno, ampliando ainda mais o escopo da exploração aeroespacial.
No entanto, para maximizar o potencial desses futuros helicópteros espaciais, um novo estudo propõe a incorporação de um instrumento adicional: um magnetômetro. Este instrumento é projetado para coletar dados únicos sobre campos magnéticos presentes nas crostas de corpos celestes. A relevância deste instrumento é evidenciada pelo fato de que, ao contrário da Terra, Marte não gera seu próprio campo magnético. O núcleo do planeta, que outrora alimentava um campo magnético considerável através de um dínamo – uma massa rotativa de material fundido – cessou sua atividade há bilhões de anos. Isso resultou em inúmeras bolsas de crosta magnetizada espalhadas pelo planeta.
Estas áreas magnetizadas, embora pequenas, podem fornecer informações valiosas sobre a evolução de Marte. No entanto, a profundidade e a força desses patches magnéticos não foram mapeadas de forma abrangente. É aqui que os helicópteros equipados com magnetômetros entram em cena. Voos motorizados em baixas altitudes, talvez apenas a dezenas de quilômetros de altura, têm o potencial de detectar esses sinais “não explorados”. Eles podem realizar medições aéreas de canyons, encostas íngremes, crateras e dunas – áreas que são consideradas muito perigosas para rovers e muito pequenas para serem capturadas por espaçonaves em órbita.
Os cientistas acreditam firmemente que os helicópteros são a plataforma ideal para superar tais limitações. Estudar esses campos magnéticos em pequena escala pode fornecer informações que simplesmente não podem ser obtidas a partir da órbita. Esta afirmação é corroborada por precedentes na Terra, onde levantamentos aéreos revelaram anomalias magnéticas ao longo das fronteiras das placas tectônicas. Estas anomalias tornaram-se evidências chave para as reversões do campo magnético da Terra, um fenômeno que não foi detectado por satélites em órbita.
Em resumo, a era dos levantamentos baseados em helicópteros em Marte já começou, e o potencial dessa tecnologia é vasto. A combinação de helicópteros com instrumentos avançados, como o magnetômetro, pode revolucionar nossa compreensão de Marte e outros corpos celestes. A exploração aeroespacial, com sua capacidade de preencher lacunas entre observações terrestres e orbitais, promete trazer uma nova perspectiva à pesquisa espacial, fornecendo insights que, até agora, permaneciam ocultos. À medida que avançamos, é essencial que continuemos a inovar e a expandir os horizontes da exploração espacial, aproveitando ao máximo as oportunidades que a tecnologia moderna oferece.
FONTE:
https://www.space.com/space-helicopters-could-measure-mars-titan-magnetic-field