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Groenlândia Inaugura Radiotelescópio de 12 Metros Que Irá Ajudar Na Imagem do Buraco Negro

A Groelândia pode agora se gabar de abrigar um grande e operacional radiotelescópio, com uma antena medindo 12 metros de diâmetro.

O Telescópio da Groelândia, foi instalado em 2017 e agora é parte de uma rede global de telescópios, que inclui entre outros o ALMA no Chile.

Ele está localizado na costa noroeste na base norte-americana de Thule e é parte do ambicioso projeto conhecido como Telescópio do Horizonte de Eventos, o EHT, projeto esse concebido para estudar e fazer imagens de buracos negros.

Os buracos negros são áreas do espaço onde a concentração de matéria é tão alta que a gravidade é extremamente forte. Tão forte que de fato nem a luz consegue escapar.

O projeto do EHT irá gerar imagens de dois grandes buracos negros, um no centro da nossa galáxia, a Via Láctea e outro, no centro da galáxia M87, na verdade, só esses dois podem ser imageados pelo EHT, devido à sua resolução.

Outros telescópios no Chile e Havaí irão apontar na mesma direção e os dados serão integrados de todos os telescópios dentro do projeto EHT para produzir a tão esperada imagem.

“O EHT essencialmente transforma todo o globo terrestre em um gigantesco radiotelescópio, e quanto mais longe estão as antenas na superfície da Terra, mais nítidas são as imagens que o EHT pode fazer”, disse o líder do projeto do EHT, Sheperd Doeleman, do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics.

“O Telescópio da Groenlândia irá nos ajudar a obter a melhor imagem possível de um buraco negro supermassivo fora da nossa galáxia”, disse ele.

De fato, sem o Telescópio da Groenlândia, os astrônomos não seriam capaz de fazer imagens do buraco negro da M87.

Os buracos negros não são fáceis de serem observados, já que eles não brilham. O que os astrônomos de fato vão fazer é tentar registrar a sombra que ele gera.

“Nós esperamos ver a sombra do buraco negro. Será um brilho de luz do gás e do plasma ao redor do buraco negro gerado pelo material que está para ser consumido. Mas como o buraco negro não brilha, sua silhueta aparecerá escura circundada pela lua”, disse um dos pesquisadores do EHT.

Essa imagem será uma excelente evidência para a existência dos buracos negros, se é que alguém ainda tem dúvida mesmo depois da detecção das ondas gravitacionais geradas pela fusão dos buracos negros de massa estelar.

Os cientistas querem também estudar os jatos de material que são ejetados pelos buracos negros, os chamados jatos de ondas de rádio. Por exemplo, eles querem saber como e onde os jatos se formam em relação ao buraco negro.

O Telescópio da Groenlândia está agora completamente operacional e coletando dados, mas existem planos de mover a antena para o interior da ilha, para deixar ela longe do ar úmido da costa, e colocá-la no alto de uma montanha gelada onde o ar é mais seco.

“Mover o telescópio para o topo de uma montanha de gelo onde ele possa ser mais usado é absolutamente desejável”, disse um dos pesquisadores.

“No topo dessa montanha de gelo estaremos a cerca de 3 quilômetros acima do nível do mar. Quanto menos o sinal andar pela atmosfera da Terra, menos ele é absorvido”, disse o pesquisador.

O projeto do EHT irá rodar por alguns anos para coletar dados suficientes para criar imagens nítidas dos buracos negros. Mas os astrônomos já estão analisando os dados preliminares, e dentro de alguns meses eles devem produzir imagens do buraco negro supermassivo da Via Láctea.

Fonte:

https://phys.org/news/2018-06-greenland-telescope.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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