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18 de novembro de 2024

Gliese 12b – Um Exoplaneta Parecido Com a Terra Que Pode Ser Habitável

Em um avanço significativo para a astrobiologia e a exploração espacial, uma equipe internacional de astrônomos, utilizando o Satélite de Pesquisa de Exoplanetas em Trânsito (TESS) da NASA, descobriu um planeta intrigante situado a apenas 40 anos-luz de distância da Terra. Este novo mundo, denominado Gliese 12 b, apresenta características que o colocam entre os tamanhos da Terra e de Vênus, tornando-o um candidato promissor para estudos futuros com o Telescópio Espacial James Webb.

A descoberta de Gliese 12 b não apenas amplia nosso catálogo de exoplanetas, mas também oferece uma oportunidade única para aprofundar nossa compreensão sobre a habitabilidade de planetas fora do nosso sistema solar. A proximidade relativa deste exoplaneta e suas características físicas fazem dele um alvo ideal para investigações detalhadas, especialmente no que diz respeito à presença e composição de sua atmosfera.

O TESS, lançado em 2018, tem como missão principal a detecção de exoplanetas através do método de trânsito, que envolve a observação de diminuições periódicas no brilho de estrelas causadas pela passagem de planetas em sua frente. Este método tem se mostrado extremamente eficaz na identificação de planetas em torno de estrelas próximas, e a descoberta de Gliese 12 b é um testemunho do sucesso contínuo desta missão.

Masayuki Kuzuhara, professor assistente de projeto no Centro de Astrobiologia em Tóquio, e Akihiko Fukui, professor assistente de projeto na Universidade de Tóquio, lideraram uma das equipes de pesquisa responsáveis pela descoberta. Em conjunto com outra equipe liderada por Shishir Dholakia, doutorando no Centro de Astrofísica da Universidade do Sul de Queensland, e Larissa Palethorpe, doutoranda na Universidade de Edimburgo e no University College London, os cientistas destacaram a importância de Gliese 12 b como um objeto de estudo para futuras missões.

O estudo de exoplanetas como Gliese 12 b é crucial para responder perguntas fundamentais sobre a origem e a evolução da vida no universo. Ao investigar as condições que permitem a existência de atmosferas estáveis e a presença de água líquida, os cientistas podem obter insights valiosos sobre os caminhos evolutivos que planetas semelhantes à Terra podem seguir. Além disso, a análise detalhada de exoplanetas próximos pode fornecer pistas sobre a diversidade de sistemas planetários e as variáveis que influenciam sua habitabilidade.

Assim, a descoberta de Gliese 12 b marca um passo importante na busca contínua por mundos habitáveis além do nosso sistema solar. Com o Telescópio Espacial James Webb programado para realizar observações detalhadas deste exoplaneta, a comunidade científica está à beira de novas e emocionantes descobertas que podem revolucionar nossa compreensão do cosmos e da vida que ele pode abrigar.

Detalhes da Descoberta

Utilizando observações do satélite TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) da NASA, juntamente com dados de diversas outras instalações, duas equipes internacionais de astrônomos descobriram um planeta com dimensões intermediárias entre as da Terra e Vênus, localizado a apenas 40 anos-luz de distância. Esta descoberta é particularmente significativa, pois o planeta, denominado Gliese 12 b, apresenta características que o tornam um candidato ideal para estudos mais aprofundados com o Telescópio Espacial James Webb da NASA.

O TESS é um satélite projetado para monitorar grandes áreas do céu por cerca de um mês de cada vez, rastreando mudanças no brilho de dezenas de milhares de estrelas em intervalos que variam de 20 segundos a 30 minutos. Um dos principais objetivos da missão é capturar trânsitos — diminuições breves e regulares no brilho das estrelas causadas pela passagem de planetas em órbita. Este método permitiu a identificação de Gliese 12 b, que se destaca por ser o mundo temperado do tamanho da Terra mais próximo descoberto até hoje.

A descoberta foi liderada por duas equipes de pesquisa. A primeira equipe foi co-liderada por Masayuki Kuzuhara, professor assistente de projeto no Centro de Astrobiologia em Tóquio, e Akihiko Fukui, professor assistente de projeto na Universidade de Tóquio. A segunda equipe foi co-liderada por Shishir Dholakia, doutorando no Centro de Astrofísica da Universidade de Southern Queensland, na Austrália, e Larissa Palethorpe, doutoranda na Universidade de Edimburgo e no University College London. Ambas as equipes publicaram seus achados em revistas científicas respeitadas no mesmo dia: o trabalho de Kuzuhara e Fukui foi publicado no The Astrophysical Journal Letters, enquanto as descobertas de Dholakia e Palethorpe apareceram no Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.

O planeta Gliese 12 b orbita sua estrela hospedeira, uma anã vermelha chamada Gliese 12, que está localizada na constelação de Peixes. Esta estrela é significativamente menor e mais fria que o Sol, com apenas 27% do tamanho solar e cerca de 60% da temperatura da superfície solar. A proximidade do planeta à sua estrela e suas características físicas fazem dele um objeto de estudo extremamente interessante para a astrobiologia.

Os astrônomos estão particularmente interessados em Gliese 12 b devido à sua potencial capacidade de reter uma atmosfera, um fator crucial para a habitabilidade. Durante os trânsitos, a luz da estrela passa através de qualquer atmosfera presente no planeta, permitindo a detecção de diferentes moléculas de gás através de espectroscopia de transmissão. Este método pode fornecer um conjunto de impressões digitais químicas que ajudarão a entender melhor a composição atmosférica e a evolução de planetas semelhantes à Terra.

Em resumo, a descoberta de Gliese 12 b representa um marco significativo na busca por planetas habitáveis fora do nosso sistema solar, oferecendo uma oportunidade única para avançar nosso entendimento sobre a diversidade e evolução de atmosferas planetárias.

Características do Planeta Gliese 12 b

O planeta recém-descoberto, denominado Gliese 12 b, apresenta características que o tornam um objeto de grande interesse para a comunidade científica. Este exoplaneta situa-se em uma faixa de tamanho intermediária entre a Terra e Vênus, o que o coloca em uma posição única para estudos comparativos. Especificamente, Gliese 12 b possui um diâmetro que é aproximadamente o mesmo que o da Terra, ou ligeiramente menor, tornando-o um dos poucos planetas conhecidos com dimensões tão semelhantes ao nosso planeta.

Gliese 12 b orbita sua estrela hospedeira, Gliese 12, a cada 12,8 dias terrestres. Esta estrela é uma anã vermelha, localizada a cerca de 40 anos-luz de distância na constelação de Peixes. As anãs vermelhas são conhecidas por serem significativamente menores e menos luminosas que o nosso Sol. Gliese 12, em particular, possui apenas cerca de 27% do tamanho do Sol e sua temperatura superficial é aproximadamente 60% da temperatura solar. Esta menor luminosidade implica que a zona habitável ao redor de Gliese 12 está muito mais próxima da estrela do que a zona habitável do nosso sistema solar.

A proximidade de Gliese 12 b com sua estrela hospedeira é notável: o planeta está a apenas 7% da distância entre a Terra e o Sol. Devido a essa proximidade, Gliese 12 b recebe aproximadamente 1,6 vezes mais energia de sua estrela do que a Terra recebe do Sol, e cerca de 85% da energia que Vênus recebe. Esta quantidade de energia coloca Gliese 12 b em uma categoria de planetas que podem ser descritos como “exo-Vênus”, devido à semelhança na quantidade de radiação recebida.

Assumindo que Gliese 12 b não possui uma atmosfera significativa, a temperatura de sua superfície é estimada em torno de 42 graus Celsius (107 graus Fahrenheit). Esta temperatura é intermediária entre as temperaturas médias da Terra e de Vênus, sugerindo que, dependendo da composição e da densidade de qualquer atmosfera presente, Gliese 12 b poderia ter condições superficiais que variam de relativamente temperadas a extremamente quentes.

A descoberta de Gliese 12 b, com suas características únicas, oferece uma oportunidade valiosa para a investigação de processos planetários e atmosféricos. A comparação entre este exoplaneta e os planetas do nosso sistema solar, especialmente a Terra e Vênus, pode fornecer insights cruciais sobre a formação e a evolução de atmosferas planetárias, bem como sobre os fatores que determinam a habitabilidade de um planeta. Estes estudos são fundamentais para avançar nossa compreensão sobre a diversidade de mundos que existem na nossa galáxia e sobre as condições que podem permitir a existência de vida.

Importância das Estrelas Anãs Vermelhas

As estrelas anãs vermelhas, também conhecidas como anãs M, desempenham um papel crucial na busca por exoplanetas habitáveis devido às suas características únicas e favoráveis à detecção de planetas de tamanho terrestre. Estas estrelas são menores e menos luminosas que o nosso Sol, com massas variando entre 0,08 e 0,6 vezes a massa solar e luminosidades que podem ser apenas uma fração da luminosidade solar. Essas propriedades tornam as anãs vermelhas alvos ideais para a observação de trânsitos planetários e para a análise de atmosferas planetárias.

Uma das principais vantagens de estudar planetas em torno de anãs vermelhas é a maior facilidade de detecção de trânsitos. Devido ao seu menor tamanho, a passagem de um planeta em frente a uma anã vermelha causa uma diminuição proporcionalmente maior no brilho da estrela em comparação com estrelas maiores, como o Sol. Esse fenômeno, conhecido como trânsito, é mais pronunciado e, portanto, mais fácil de detectar em anãs vermelhas. Além disso, a menor massa dessas estrelas resulta em uma maior reflexividade, ou “reflex motion”, causada pela gravidade dos planetas orbitantes, o que facilita a medição das massas planetárias através da técnica de velocidade radial.

Outra característica importante das anãs vermelhas é a localização de suas zonas habitáveis. A zona habitável de uma estrela é a região ao redor dela onde as condições podem permitir a existência de água líquida na superfície de um planeta. Devido à baixa luminosidade das anãs vermelhas, suas zonas habitáveis estão localizadas muito mais próximas da estrela em comparação com estrelas como o Sol. Essa proximidade facilita a detecção de planetas dentro da zona habitável, pois os períodos orbitais são mais curtos, permitindo a observação de múltiplos trânsitos em um período de tempo relativamente curto.

Além disso, a menor luminosidade das anãs vermelhas significa que os planetas em suas zonas habitáveis recebem menos radiação ultravioleta e de alta energia, o que pode ser benéfico para a retenção de atmosferas planetárias. No entanto, é importante notar que muitas anãs vermelhas são magneticamente ativas e podem emitir flares poderosos de raios X e ultravioleta, que podem erodir as atmosferas dos planetas próximos. Felizmente, análises recentes indicam que a estrela Gliese 12, hospedeira do planeta Gliese 12 b, não apresenta sinais de comportamento extremo, o que aumenta a probabilidade de que o planeta possa reter uma atmosfera.

Em resumo, as estrelas anãs vermelhas oferecem um ambiente favorável para a detecção e estudo de exoplanetas de tamanho terrestre. Suas características únicas, como menor tamanho e luminosidade, tornam mais fácil a observação de trânsitos e a análise das atmosferas planetárias, contribuindo significativamente para a nossa compreensão da habitabilidade em planetas fora do nosso sistema solar.

Zona Habitável e Retenção de Atmosfera

A definição da zona habitável em torno de estrelas, especialmente anãs vermelhas, é um tópico de grande interesse na astrobiologia. A zona habitável é a região ao redor de uma estrela onde as condições podem permitir a existência de água líquida na superfície de um planeta. No caso das anãs vermelhas, como Gliese 12, essa zona está significativamente mais próxima da estrela do que no caso de estrelas semelhantes ao Sol. Isso ocorre devido à menor luminosidade das anãs vermelhas, que emitem menos energia, exigindo que os planetas estejam mais próximos para receber uma quantidade suficiente de calor.

Gliese 12 b, o planeta recentemente descoberto, encontra-se a apenas 7% da distância entre a Terra e o Sol, recebendo aproximadamente 1,6 vezes mais energia do que a Terra recebe do Sol. Essa proximidade coloca Gliese 12 b em uma posição interessante para estudos de habitabilidade, pois está dentro da zona habitável de sua estrela. No entanto, a habitabilidade de um planeta não depende apenas de sua localização na zona habitável, mas também de sua capacidade de reter uma atmosfera.

A retenção de uma atmosfera é crucial para a habitabilidade, pois uma atmosfera pode regular a temperatura da superfície, proteger contra radiação nociva e fornecer gases essenciais para a vida, como oxigênio e dióxido de carbono. No caso de Gliese 12 b, ainda não se sabe se o planeta possui uma atmosfera. No entanto, a sua posição intermediária em termos de temperatura, entre a Terra e Vênus, torna-o um candidato ideal para estudar os processos que permitem ou impedem a retenção atmosférica.

Estudos anteriores sugerem que tanto a Terra quanto Vênus tiveram suas atmosferas iniciais removidas por processos como o impacto de asteroides e a atividade vulcânica, seguidos por um período de reabastecimento atmosférico. A Terra conseguiu reter sua água e desenvolver uma atmosfera estável, enquanto Vênus perdeu toda a sua água, resultando em um ambiente inóspito. A investigação de Gliese 12 b pode fornecer insights valiosos sobre esses processos e ajudar a entender melhor os caminhos evolutivos que levam à habitabilidade ou à inabitabilidade.

Um fator determinante para a retenção de uma atmosfera é a atividade magnética da estrela hospedeira. As anãs vermelhas são conhecidas por sua atividade magnética intensa, que pode resultar em frequentes e poderosas erupções de raios-X. No entanto, análises preliminares indicam que Gliese 12 não apresenta sinais de comportamento extremo, o que pode favorecer a retenção de uma atmosfera em Gliese 12 b.

Em resumo, a localização de Gliese 12 b na zona habitável de sua estrela e a relativa calma magnética de Gliese 12 tornam este planeta um alvo promissor para estudos futuros sobre a retenção atmosférica e a habitabilidade. A compreensão desses fatores é essencial para avançar nosso conhecimento sobre a diversidade de ambientes planetários e as condições que podem suportar a vida.

Relevância para a Evolução do Sistema Solar

A descoberta de Gliese 12 b oferece uma oportunidade única para aprofundar nossa compreensão sobre a evolução atmosférica dos planetas terrestres, especialmente em relação aos nossos vizinhos mais próximos, Terra e Vênus. A comparação entre esses dois planetas do Sistema Solar tem sido um ponto focal na astrobiologia, pois ambos compartilham tamanhos e composições semelhantes, mas seguiram caminhos evolutivos drasticamente diferentes. Enquanto a Terra mantém uma atmosfera que suporta vida, Vênus sofreu um destino mais severo, com uma atmosfera densa e tóxica, incapaz de sustentar formas de vida como as conhecemos.

Os cientistas acreditam que tanto a Terra quanto Vênus perderam suas atmosferas primordiais devido a processos violentos, como o impacto de corpos celestes e intensa atividade solar. Posteriormente, essas atmosferas foram regeneradas através de processos como a desgaseificação vulcânica e a liberação de gases aprisionados no interior dos planetas. No entanto, a Terra conseguiu reter água líquida em sua superfície, um fator crucial para a habitabilidade, enquanto Vênus perdeu toda a sua água, possivelmente devido a um efeito estufa descontrolado.

Gliese 12 b, com suas características intermediárias entre a Terra e Vênus, pode fornecer pistas valiosas sobre os fatores que determinam esses diferentes destinos. A temperatura da superfície de Gliese 12 b, estimada em cerca de 42 graus Celsius, coloca-o em uma faixa que poderia permitir a presença de água líquida, dependendo da composição e densidade de sua atmosfera. Se o planeta possui uma atmosfera, a análise de sua composição através de técnicas como a espectroscopia de transmissão pode revelar a presença de moléculas-chave, como vapor d’água, dióxido de carbono e metano.

Além disso, a relativa proximidade de Gliese 12 b à sua estrela hospedeira, uma anã vermelha, oferece um ambiente de estudo interessante. As anãs vermelhas são conhecidas por sua atividade magnética, que pode incluir erupções estelares e emissão de raios-X, fatores que podem influenciar significativamente a atmosfera de um planeta em órbita. No entanto, análises preliminares indicam que Gliese 12 é uma estrela relativamente calma, o que poderia aumentar as chances de Gliese 12 b reter uma atmosfera estável.

Estudar Gliese 12 b pode, portanto, ajudar a esclarecer os mecanismos que permitem ou impedem a retenção de atmosferas em planetas terrestres. Esses insights são cruciais não apenas para entender a história de nosso próprio Sistema Solar, mas também para avaliar a habitabilidade de exoplanetas em torno de outras estrelas. Ao comparar Gliese 12 b com a Terra e Vênus, os cientistas podem identificar os processos críticos que determinam a habitabilidade planetária, contribuindo para a busca contínua por vida além da Terra.

Estabilidade da Estrela Hospedeira

A estabilidade da estrela hospedeira, Gliese 12, desempenha um papel crucial na determinação da habitabilidade potencial do planeta recém-descoberto, Gliese 12 b. As estrelas anãs vermelhas, como Gliese 12, são conhecidas por sua atividade magnética intensa, que frequentemente resulta em erupções estelares poderosas e emissão de raios-X. Essas erupções podem ter um impacto significativo na atmosfera de planetas orbitando essas estrelas, potencialmente erodindo suas atmosferas e tornando-os inóspitos para a vida como a conhecemos.

No entanto, análises conduzidas pelas equipes de pesquisa lideradas por Masayuki Kuzuhara e Akihiko Fukui, bem como por Shishir Dholakia e Larissa Palethorpe, indicam que Gliese 12 não exibe sinais de comportamento extremo. A ausência de atividade magnética severa sugere que Gliese 12 é uma estrela relativamente calma, o que é uma boa notícia para a retenção atmosférica de Gliese 12 b. A estabilidade da estrela hospedeira é um fator determinante na capacidade de um planeta manter uma atmosfera ao longo do tempo, protegendo-o da erosão causada por ventos estelares e radiação intensa.

Essa relativa calma de Gliese 12 oferece uma oportunidade única para estudar a evolução atmosférica de planetas em torno de anãs vermelhas. Se Gliese 12 b conseguir manter uma atmosfera, isso poderia fornecer informações valiosas sobre os mecanismos que permitem a retenção atmosférica em ambientes estelares menos ativos. Isso, por sua vez, pode ajudar a refinar nossos modelos de habitabilidade planetária e melhorar nossa compreensão das condições necessárias para a vida em outros sistemas estelares.

Além disso, a estabilidade de Gliese 12 pode permitir observações mais detalhadas e precisas do planeta Gliese 12 b usando técnicas como a espectroscopia de transmissão. Durante um trânsito, a luz da estrela passa através da atmosfera do planeta, se presente, permitindo a detecção de diferentes moléculas de gás que absorvem cores específicas. A ausência de atividade estelar extrema facilita essas observações, aumentando a precisão dos dados coletados e permitindo uma análise mais aprofundada da composição atmosférica do planeta.

Em resumo, a estabilidade de Gliese 12 é um fator essencial que pode influenciar significativamente a habitabilidade potencial de Gliese 12 b. A ausência de erupções estelares intensas aumenta a probabilidade de que o planeta possa reter uma atmosfera, tornando-o um alvo promissor para estudos futuros com o Telescópio Espacial James Webb e outras missões de observação. A compreensão da estabilidade estelar e seu impacto na retenção atmosférica é fundamental para avançar nosso conhecimento sobre a diversidade de ambientes planetários e as condições que podem sustentar a vida em nossa galáxia.

Perspectivas Futuras e Conclusão

A descoberta de Gliese 12 b representa um marco significativo na busca por exoplanetas que possam fornecer informações valiosas sobre a habitabilidade e a evolução atmosférica de mundos semelhantes à Terra. Com a confirmação de sua existência e características básicas, a próxima etapa crucial envolve o estudo detalhado de sua atmosfera, utilizando tecnologias avançadas como o Telescópio Espacial James Webb (JWST). Este telescópio, com sua capacidade de realizar espectroscopia de transmissão, permitirá aos cientistas analisar a composição química da atmosfera de Gliese 12 b, caso ela exista, e identificar possíveis sinais de processos biológicos ou geológicos.

O JWST, programado para ser lançado em breve, possui instrumentos altamente sensíveis que podem detectar a presença de moléculas como água, dióxido de carbono, metano e oxigênio na atmosfera de exoplanetas. A análise dessas moléculas não só ajudará a determinar a habitabilidade de Gliese 12 b, mas também fornecerá insights sobre a diversidade de atmosferas planetárias e os diferentes caminhos evolutivos que esses mundos podem seguir. A detecção de uma atmosfera em Gliese 12 b, especialmente se contiver água, seria um avanço monumental, sugerindo que planetas em torno de anãs vermelhas podem, de fato, reter suas atmosferas e potencialmente sustentar vida.

Além disso, a estabilidade da estrela hospedeira, Gliese 12, que parece ser menos magneticamente ativa do que outras anãs vermelhas, aumenta as chances de que Gliese 12 b possa manter uma atmosfera estável ao longo do tempo. A ausência de flares extremos e frequentes significa que a atmosfera do planeta não seria constantemente erodida por radiação intensa, um fator crucial para a manutenção de condições habitáveis.

Os estudos futuros de Gliese 12 b não se limitarão apenas à sua atmosfera. A análise de sua órbita, rotação e interação com a estrela hospedeira também fornecerá dados importantes sobre a dinâmica dos sistemas planetários em torno de anãs vermelhas. Estes dados podem ajudar a refinar modelos teóricos de formação e evolução planetária, contribuindo para uma compreensão mais abrangente dos processos que moldam os mundos habitáveis.

Em conclusão, Gliese 12 b oferece uma oportunidade única para expandir nosso conhecimento sobre a habitabilidade de exoplanetas e a diversidade de atmosferas planetárias. A utilização de instrumentos avançados como o JWST permitirá uma exploração detalhada deste mundo, potencialmente revelando segredos sobre a evolução atmosférica e a capacidade de planetas semelhantes à Terra de sustentar vida. Esta descoberta não só avança a ciência da astrobiologia, mas também inspira futuras missões e estudos que continuarão a explorar os mistérios do universo e a busca incessante por vida além do nosso sistema solar.

Fonte:

https://science.nasa.gov/universe/exoplanets/nasas-tess-finds-intriguing-world-sized-between-earth-venus/

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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