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26 de dezembro de 2024

Galáxias Solitárias Devoram Toda a Vizinhança

Em geral, as galáxias podem ser vistas como uma sociedade – saindo em grupos e freqüentemente se interagindo. Contudo, essa imagem recente do Telescópio Espacial Hubble, aqui reproduzida destaca como algumas galáxias parecem ser lobos solitários. Essa estranheza cósmica tem colocado os astrônomos frente ao caso da galáxia vizinha desaparecida.

Localizada a meio bilhão de anos-luz de distância da Terra, a ESO 306-17, é uma grande, e brilhante galáxia elíptica no céu do hemisfério sul de um tipo conhecido como grupo fóssil. Os astrônomos usam esse termo para enfatizar a natureza isolada dessas galáxias. Contudo, elas são como fósseis – os últimos remanescentes de uma comunidade outrora ativa – ou algo mais sinistro do que isso?  Tem a ESO 306-17 devorado seus vizinhos mais próximos?

A gravidade mantém as galáxias unidas e nesse caso as maiores acabam devorando as menores. Existem evidências que a nossa galáxia tem engolido um grande número de galáxias menores que acabam chegando muito perto. A ESO 306-17 e outros grupos fósseis podem ser os exemplos mais extremos do canibalismo galáctico, sistemas vorazes que não param até devorarem todos os seus vizinhos.

Na imagem aqui mostrada feita pela Advanced Camera for Surveys, a bordo do Telescópio Espacial Hubble em Novembro de 2008,  parece que a ESO 306-17 está envolta por outras galáxias, mas as galáxias brilhantes vistas na porção inferior esquerda da imagem não estão na mesma distância que a galáxia no céu. Na realidade a ESO 306-17 localiza-se num enorme mar de matéria negra e gás quente, abandonada. Quando se aproxima a imagem é possível observar aglomerados de estrelas bem apagados pelo brilho do grande halo da galáxia. Esses são aglomerados globulares – grupos de estrelas fortemente ligados que as vezes podem se defender do canibalismo de uma galáxia perseguidora maior. Estudando esses aglomerados ao redor será possível ajudar os astrônomos a juntarem os pedaços da história da ESO 306-17.

Os pesquisadores também estão usando essa imagem para buscar por galáxias anãs próximas e ultra compactas. Anãs ultra compactas são versões em miniatura de galáxias anãs que têm sido deixadas somente com o seu núcleo central após a interação com galáxias maiores e mais poderosas. A maioria das anãs ultra compactas descobertas até hoje estão localizadas próximas a galáxias gigantes elípticas em grandes aglomerados de galáxias, então será interessante ver se os astrônomos podem encontrar objetos similares em grupos fósseis.

Fonte:

http://www.spacetelescope.org/news/html/heic1004.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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