Uma pesquisa recente usando o Telescópio Canadá-França-Havaí, descobriu centenas de novas galáxias no Aglomerado de Virgo, o grande aglomerado de galáxias mais próximo de nós. A maior parte dos objetos identificados, são galáxias anãs extremamente apagadas, objetos centenas de milhares de vezes menos massivos do que a nossa galáxia, e que estão entre as galáxias mais apagadas conhecidas no universo. O Aglomerado de Virgo parece ser o lar de muito mais sistemas apagados do que o Grupo Local de galáxias, onde vive a Via Láctea, sugerindo que a formação das galáxias em pequenas escalas pode ser algo mais complicado do que se pensava anteriormente, e que o nosso Grupo Local pode não ser um canto típico do universo.
A descoberta foi anunciada pela equipe Next Generation Virgo Cluster Survey e está baseada nos dados coletados, durante 6 anos, com a Megacam, uma câmera de 340 megapixels, operando no Telescópio Canadá-França-Havaí e capaz de observar de uma única vez, um campo de visão de um grau quadrado no céu, ou o equivalente a 4 Luas Cheias. Aproveitando as vantagens do vasto ângulo de visão da MegaCam, a equipe do NGVS foi capaz de observar o Aglomerado de Virgo de forma completa, cobrindo uma área do céu equivalente a mais de 400 Luas Cheias, com uma profundidade e com uma resolução que significantemente excede as pesquisas anteriormente existentes sobre o aglomerado. O mosaico resultante, tem cerca de 40 bilhões de pixels, e é o mais profundo e vasto campo contíguo já observado com tanto detalhe.
Para explorar o completo poder dos dados, Laura Ferrarese, Lauren McArthur, e Patrick Cote do National Research Council of Canada, desenvolveram uma técnica de análise de dados sofisticada que permitiu com que eles descobrissem muitas vezes mais galáxias do que se conhecia anteriormente, incluindo alguns dos objetos mais apagado e difusos conhecidos.
Virgo é o grande aglomerado de galáxias mais próximo de nós, localizado a aproximadamente 50 milhões de anos-luz de distância. Enquanto que a Via Láctea forma parte de um grupo relativamente pequeno de galáxias, conhecido como Grupo Local, espalhado por poucos milhões de anos-luz, Virgo contém dezenas de galáxias brilhantes e milhares de galáxias apagadas. No Grupo Local, as teorias atuais de formação de galáxias sugerem que deveriam existir centenas ou milhares de galáxias anãs, mas pouco mais de 100 foram detectadas. Aglomerados como o de Virgo, eram conhecidos por serem campos mais ricos para se caçar as galáxias anãs, mas somente recentemente o NGVS tornou possível firmar as restrições nesses números.
Para entender as implicações dessas novas descobertas, Jonathan Grossauer e James Taylor da Universidade de Waterloo rodaram simulações computacionais de aglomerados como Virgo, para ver quantas concentrações de matéria escura eles deveriam conter atualmente. Comparando os números e as massas dos aglomerados de matéria escura com a população de galáxias descobertas pelo NGVS, eles encontraram um padrão bem simples, onde a razão de massa estelar com relação à matéria escura muda vagarosamente das menores para as maiores galáxias. Parece quem em Virgo, possa existir uma simples relação entre a massa da matéria escura e o brilho galáctico, válido para um fator acima de 1000000 massas estelares.
Esse não é caso para o Grupo Local: os aglomerados de matéria escura de pouca massa que foram ocupados pelas galáxias em Virgo, não parecem ser capaz de formar galáxias no Grupo Local. Assim, por que os dois ambientes são diferentes? Um estudo subsequente com simulações de mais alta resolução feitas pelo NGVS irá explorar como as galáxias estão espacialmente distribuídas através do aglomerado, para buscar mais pistas sobre a misteriosa formação das galáxias anãs.
Fonte:
http://cfht.hawaii.edu/en/news/FaintGalaxiesInVirgo/