Um exoplaneta rochoso do tamanho da Terra, orbita uma estrela pequena e próxima, poderia ser o mundo mais importante já encontrado além do Sistema Solar, disseram os astrônomos.
O planeta localiza-se na constelação de Vela, no hemisfério sul do céu e é próximo o suficiente para que os telescópios possam observar qualquer atmosfera que ele possua, um procedimento que poderia ajudar a registrar algum tipo de vida, se ela existisse em outros planetas, no futuro.
Denominado de GJ 1132b, o exoplaneta é cerca de 16% maior que a Terra, e está localizado a cerca de 39 anos-luz de distância, o que faz com que ele seja três vezes mais próximo da Terra do que qualquer outro exoplaneta rochoso já descoberto. Nessa distância, espera-se que os telescópios sejam capazes de fazer uma análise química de sua atmosfera, a velocidade dos seus ventos e as cores do pôr-do-Sol, que acontecem no exoplaneta.
Os astrônomos registraram o planeta à medida que ele passava na frente da sua estrela, uma estrela do tipo anã vermelha, com somente um quinto do tamanho do Sol. Apesar de muito mais fria e muito mais apagada que o Sol, o GJ 1132b, tem uma órbita tão próxima da estrela que as suas temperaturas superficiais atingem cerca de 260 graus Celsius.
Essa temperatura, obviamente, é muito alta para reter a água em estado líquido na superfície do exoplaneta, fazendo com que ele seja inóspito para a vida, mas não tão quente para queimar toda uma atmosfera que pode ter se formado no planeta.
“Se esse exoplaneta ainda tem uma atmosfera, então nós podemos encontrar outros, planetas mais frios, que também tenham atmosfera e que orbitam estrelas pequenas. Nós podemos então imaginar buscar as atmosferas por moléculas que tem origem da vida”, disse Zachory Berta-Thompson, no Kavli Institute for Astrophysics and Space Research do MIT.
Os pesquisadores usaram o MEarth-South Array, um grupo de 8 telescópios de 40 cm localizados no Observatório Inter-Americano de Cerro-Tololo no Chile, para detectar o exoplaneta. À medida que o exoplaneta passava pela estrela, completando uma órbita a cada 1.6 dias, ele produziu uma queda de 0.3% na luz da estrela, registrada pelos telescópios, de acordo com o artigo publicado na revista Nature.
O planeta é gravitacionalmente preso com sua estrela, do mesmo modo que a Lua é com a Terra, e tem sempre uma face permanentemente no dia, e outra face na escuridão. Dado o tamanho e a massa do exoplaneta, os pesquisadores suspeitaram que ele é rochoso, como os planetas internos do Sistema Solar. Sua órbita fica a uma distância de cerca de 1.4 milhões de milhas da estrela, o que é bem mais próximo do que a distância Sol – Mercúrio, que nunca fica a menos de 36 milhões de milhas do Sol.
Devido ao fato da anã vermelha ser muito pequena, e o exoplaneta, estar muito próximo da estrela, os astrônomos acham que deve ser muito fácil detectar e estudar qualquer atmosfera presente nesse mundo. A equipe já requisitou tempo nos telescópios espaciais Hubble e Spitzer para observar o exoplaneta em maior detalhe.
Drake Deming, um astrônomo na Universidade de Maryland, disse que o GJ 1132b, foi o exoplaneta mais importante já encontrado fora do Sistema Solar. Sua proximidade e a sua órbita ao redor da anã vermelha, permitirá os astrônomos a estudarem o exoplaneta com uma fidelidade sem precedentes. “Ele é próximo, é parecido com a Terra, e a sua estrela não interfere”, disse Drake.
“O GJ 1132b é muito quente para ser habitável, mas os cientistas ainda tem que explorar totalmente a nossa vizinhança cósmica por mundos que potencialmente possam abrigar a vida”.
O exoplaneta será um alvo primário para futuras missões também, incluindo o Telescópio Espacial James Webb, que espera-se seja lançado em 2018, e o Giant Magellan Telescope, que deve entrar em operações no Chile em 2025.
A descoberta veio junto com o anúncio dos cientistas que encontraram o objeto mais distante do Sistema Solar, um corpo congelado, localizado a mais de 100 Unidades Astronômicas do Sol. O objeto está além da borda do Cinturão de Kuiper, lar do planeta anão Plutão e dentro do reino do espaço, dominado pela chamada Nuvem de Oort, uma vasta concha de objetos congelados onde os cometas, acredita-se, se formaram.
Registrado pelo Telescópio Subaru em Mauna Kea, no Havaí, o objeto distante tem no mínimo 500 km de diâmetro, mas não foi registrado por tempo suficiente ainda para que seja definida sua órbita completa.
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