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Existem 14000 Asteroides Potencialmente Perigosos Capazes de Destruir Uma Cidade

A popularidade dos infográficos é inegável, servindo como ferramentas eficazes para transmitir informações complexas de maneira visualmente atraente. Em 16 de outubro, a NASA, agência espacial norte-americana, divulgou um infográfico que, apesar de esteticamente agradável, trouxe à tona uma preocupação significativa: a ameaça de asteroides próximos à Terra.

A NASA, além de suas missões de exploração espacial, possui uma função vital conhecida como “Defesa Planetária”. Esta função tem como objetivo principal monitorar asteroides que possam representar uma ameaça à Terra, buscando prevenir eventos catastróficos, como o que levou à extinção dos dinossauros. A história nos mostra que um impacto de grandes proporções pode ter consequências devastadoras para a vida no planeta.

Detectar esses corpos celestes é um desafio. Os asteroides não emitem luz própria, sendo identificados principalmente quando a luz solar reflete em sua superfície. Para essa tarefa, telescópios especializados monitoram o céu noturno. Recentemente, o advento de novos telescópios, projetados especificamente para a “caça” de asteroides, tem ampliado nossa capacidade de detecção.

Até agosto de 2023, graças a esses avanços tecnológicos e à colaboração entre astrônomos amadores e profissionais, identificamos 32.000 asteroides próximos à Terra. Esses dados são centralizados e analisados pelo Minor Planet Center, uma instituição chave na estratégia de defesa planetária da NASA e um ponto de referência para astrônomos de todo o mundo.

No entanto, os números trazem consigo uma preocupação. Dos 32.000 asteroides identificados, mais de 10.000 possuem diâmetro superior a 140 metros. Para contextualizar a ameaça que representam, o asteroide que atingiu o distrito de Chelyabinsk na Rússia em 2013, causando ferimentos em quase 1.500 pessoas, tinha no máximo 20 metros de diâmetro. Um asteroide sete vezes maior não apenas causaria danos significativamente maiores, mas também poderia atingir o solo, ao contrário do meteoro de Chelyabinsk que se desintegrou em uma explosão aérea. Dependendo de sua trajetória e ponto de impacto, um asteroide desse tamanho poderia aniquilar uma cidade inteira e resultar na morte de milhões.

Especialistas, como o Dr. Ned Wright, têm enfatizado a importância de identificar esses asteroides potencialmente perigosos. Atualmente, nenhum dos asteroides de 140 metros de diâmetro conhecidos está em rota de colisão com a Terra. No entanto, o infográfico da NASA sugere que ainda não encontramos nem metade dos asteroides próximos à Terra desse tamanho. Estima-se que mais de 14.000 asteroides com diâmetro de 140m ainda permanecem não detectados. Além disso, acredita-se que existam cerca de 50 asteroides com 1km de diâmetro ainda não identificados. Um impacto de um asteroide dessa magnitude seria catastrófico para a civilização, embora ainda não se compare ao evento que extinguiu os dinossauros, cujo asteroide é estimado em 10 quilômetros de diâmetro.

A comunidade de defesa planetária, que engloba diversas organizações além da NASA, tem um longo caminho a percorrer para garantir a segurança da humanidade. Cada esforço, por menor que seja, é crucial. Mesmo ferramentas de comunicação, como infográficos, têm seu valor, pois podem inspirar e informar o público, potencialmente atraindo mais indivíduos para se juntar a essa missão vital.

Em conclusão, a ameaça representada pelos asteroides próximos à Terra é real e presente. A colaboração contínua entre profissionais, amadores e organizações é essencial para monitorar, detectar e, eventualmente, desenvolver estratégias para mitigar essas ameaças. A conscientização é o primeiro passo, e todos podem desempenhar um papel nessa missão, garantindo a segurança e continuidade da vida na Terra.

Fonte:

https://www.nasa.gov/directorates/smd/near-earth-asteroids-as-of-august-31-2023/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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