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Estudo Sobre Tensões em Cadeias na Lua

Cadeias de dobramento observadas na Lua são resultado de tensões compressionais, formadas por falhas quando as rochas se fraturam devido a tensão contracional. Diferente de muitas cadeias de dobramentos previamente observadas, a cadeia de dobramento mostrada acima não possui pedaços de rochas e nem material de alta refletância, ao invés disso exibe grupos pouco comuns de feições lineares ao longo da crista da cadeia. Uma rápida olhada na direção de iluminação, da parte inferior esquerda, mostra que essas feições se comportam como feições negativas do relevo, vales formados por fraturas ou rupturas ao longo da crista da cadeia. Essas rupturas não possuem uma orientação única: elas são paralelas na crista da cadeia, e perpendicular à crista da cadeia e em ângulos entre elas. As rupturas variam de 2 m até 10 m com a largura variando de 30 m até 150 m. A grande questão é, como essas rupturas se formaram?

Fraturas abertas em rochas são normalmente feições extensionais, resultando da tensão tensional que empurra ou que estica as rochas e o regolito em diferentes direções. As tensões associadas com a formação das rupturas são opostas às tensões compressionais que formam as cadeias de dobramento, então, o que está acontecendo? Cadeias de dobramentos são formadas por falhas de cavalgamento e pode-se ver que as rochas da parte superior direita sejam arrastadas sobre as rochas na parte inferior esquerda, mas não em linha reta. A maior parte das cadeias de dobramentos na Lua são sinuosas ou arqueadas morfologicamente falando, refletindo as diferenças locais das propriedades mecânicas das rochas que se formaram. Onde as rupturas se ajustam nessa história compressional? Quando os basaltos dos mares se quebraram e cavalgaram, a camada de rocha que formou a cadeia de dobramento se dobrou, como mostra abaixo. Algumas vezes as rupturas se formam nas cristas das cadeias de dobramentos pois a rocha dobrada está agora se torcendo e em extensão na crista da dobra. Mas espere! Essa explicação só dá conta das rupturas tensionais que são paralelas à crista da cadeia, não às rupturas que estão orientadas em outras direções. As rupturas com diferentes orientações provavelmente refletem a extensão também, especialmente pelo fato dessa cadeia de dobramento ser muito complexa e sinuosa. É possível que o dobramento não paralelo à cadeia principal ou as múltiplas falhas de cavalgamento secundárias podem ser responsáveis pela complexidade da cadeia de dobramento, e essa complexidade promove uma tensão tensional com orientações que normalmente não se espera. Explorações científicas adicionais dessa cadeia de dobramento podem ajudar a se entender por completo a história das tensões, bem como estudos comparativos de outras cadeias de dobramentos na vizinhança. Comparações podem ser difíceis de serem feitas pois existe somente outra cadeia de dobramento bem conhecida com fraturas similares abertas. Essa é a cadeia Littrow Ridge localizada próxima do local de pouso da Apollo 17. Contudo, uma busca nas imagens NAC da sonda LROC ainda não está completa, ou seja, muitos casos similares podem ser encontrados.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/417-Stress-and-pull.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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