fbpx

Estudo Detalhado da Cratera Slipher Revela Passado Térmico e Sísmico da Lua

A parede da Cratera Slipher é deformada por uma das muitas escarpas encontradas nos planaltos lunares, que acreditam os pesquisadores se formam à medida que a Lua se contrai devido ao magma localizado na profundeza do satélite e ao resfriamento e congelamento da rocha sólida. Diferente do gelo de água (o gelo flutua), a maior parte das rochas são mais densas que o magma (você pode pensar na água como magma e no gelo como a rocha), significando que a rocha ocupa menos volume do seu pai derretido. À medida que o interior da Lua se contrai devido a essa mudança de volume, a crosta externa da Lua cria sulcos e rugas e a forma linear arredondada da escarpa ocorre à medida que a crosta se quebra e um segmento é empurrado sobre outro.

As imagens estereográficas da LROC permitem aos cientistas criarem mapas topográficos de alta resolução, algumas vezes conhecidos como modelos digitais de terreno. Um modelo digital de terreno é um simples vetor de duas dimensões onde cada pixel no mapa representa a elevação local em relação a um ponto de referência. Para esses dados lunares a referência é uma esfera com um diâmetro de 1737.4 km – o raio médio da Lua. Para visualizar o modelo digital de terreno, programas específicos podem ser usados para criar visualizações de qualquer perspectiva, como a imagem acima que parece que você está pairando acima da superfície olhando o terreno de lado.

Outro produto comum gerado a partir da topografia convertida de um modelo digital de terreno é um mapa colorido de relevo sombreado. Na imagem abaixo um mapa de relevo sombreado foi gerado a partir do modelo digital de terreno, e uma composição de cores foi acrescentada para representar a elevação. Nesta pequena área valores verdes são as áreas mais baixas e os valores em vermelho regiões mais altas. Os modelos digitais de terreno são um dos conjuntos de dados mais importante que os cientistas usam para analisar o terreno e obter medidas quantitativas da altura e da inclinação.

Além disso, a topografia em alta resolução fornece aos engenheiros meios para decidir o lugar mais seguro para o pouso de uma futura nave seja ela robótica ou pilotada. Os novos mapas topográficos do LROC irão permitir aos planejadores de futuras missões selecionar rotas seguras e viáveis para as sondas exploradoras. Que perguntas ainda são deixadas sobre essas fascinantes escarpas? Como os astronautas investigariam as suas origens? Nesse momento a LROC está coletando imagens de ala resolução de toda a Lua. À medida que os dados acumulam, os cientistas podem explorar as relações espaciais entre as escarpas e seu entorno. Pro exemplo, você pode ver a Cratera Slipher com uma forma quadrada (similar a uma cratera de meteoros AZ) indicando as fraturas pré-existentes na crosta. Nós sabemos que a escarpa da Cratera Slipher se formou à medida que crosta foi comprimida – qual foi o papel das fraturas mais antigas na localização e no tamanho da escarpa? O que disparou o evento de compressão? A escarpa se formou de uma vez só ou através de uma série de eventos? A análise detalhada das superfícies de falhas, combinada com a caracterização sísmica de longo prazo revelaria a complexa história da escarpa da Cratera Slipher e das escarpas de planaltos em geral. Portanto se tem muito ainda a fazer e a descobrir sobre a história térmica e sísmica da Lua.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/294-Slipher-Crater-Fractured-Moon-in-3-D.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

Veja todos os posts

Arquivo