Quando uma estrela passa perto por outra, qualquer planeta orbitando essas estrelas pode estar vagando pelo espaço, destruindo o que poderia ser em algum momento um sistema planetário hospitaleiro. E, embora esse tipo de encontro seja raro de acontecer nas partes externas da nossa galáxia, esses eventos podem ser muito comuns nas regiões mais internas da Via Láctea.
Isso está de acordo com o que os pesquisadores encontraram onde cerca de 80% das estrelas no bulbo central da galáxia passam perto de outra a cada bilhão de anos. Quando se diz perto, estamos falando em 1000 unidades astronômicas. E metade das estrelas no bulbo galáctico experimento mais de 35 desses encontros ao mesmo tempo.
É interessante pensar que talvez 10% das estrelas tenahm esse tipo de encontro. Os pesquisadores se surpreenderam quando viram esse número.
O bulbo central da Via Láctea é uma área no meio da galáxia onde as estrelas se movem rapidamente e estão mais próximas e empacotadas do que as estrelas no disco externo. O bulbo galáctico se estende por cerca de 20 mil anos-luz a partir do centro da galáxia, e possui cerca de 20% da massa total da galáxia.
Para calcular o número desses encontros, os pesquisadores simularam as órbitas de 100 mil estrelas no bulbo. Eles descobriram que 35% dessas estrelas devem ter mais de um desses encontros, passando dentro de 100 UA de uma outra estrela a cada bilhão de anos, 0.02% das estrelas passam a cerca de 10 UA, a distância entre o Sol e Saturno, de uma outra estrela a cada bilhão de anos.
Essa taxa de encontros cai drasticamente quando você se move para fora do centro da galáxia. Mesmo antes do bulbo oficialmente terminar, não se tem mais encontros entre as estrelas. Claro que não é algo impossível, mas é mais difícil. O nosso Sol, por exemplo, deve ter um encontro com uma estrela num intervalo de 1.5 milhão de anos.
Para as estrelas que experimentam esses encontros, os efeitos em quaisquer planetas ou material planetário podem ser devastadores. Estudos prévios sugerem que cerca de 97% do material orbitando uma estrela pode ser varrido num encontro que acontece dentro de 100 UA.
Os efeitos dos encontros entre as estrelas podem variar desde pequenas mudanças na órbita dos planetas, até rupturas completas como planetas sendo ejetados para o espaço. Isso faz com que o bulbo galáctico seja um local interessante onde a estrutura planetária pode mudar no decorrer da vida desses sistemas.
Esses encontros regulares podem ter consequência na estabilidade e habitabilidade dos sistemas planetários no centro da nossa galáxia. Esses encontros podem ser realmente perigosos para os planetas orbitando suas estrelas.
Agora, boa parte desse trabalho está baseado em simulações, já que a órbita precisa das estrelas não são conhecidas. Mas com os dados da missão Gaia da ESA que está mapeando bilhões de estrelas na nossa galáxia, resultados importantes podem surgir.
Quando a missão Gaia lançar o seu conjunto completo de dados, talvez em 2025, os astrônomos terão dados para alimentar os modelos e tornar esses modelos mais precisos. Por isso a missão Gaia é muito importante para podermos entender tudo o que acontece com a nossa galáxia.
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