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Estrela Anêmica de Segunda Geração Mostra Que Nem Todas As Estrelas Iniciais Eram Gigantes

A descoberta de uma estrela excepcionalmente pobre na maioria dos elementos, mas abundante em carbono, tem colocado em questão ideias sobre a natureza das primeiras estrelas, sugerindo que elas não eram gigantes como se imaginava.

O início do universo foi uma época muito quente. Tão quente, que o processo pelo qual as estrelas se formam hoje não era possível de existir. Os astrônomos acreditam que as estrelas só se puderam formar cerca de 100 milhões de anos depois do Big Bang através do colapso de protogaláxias para criar estrelas com massas centenas de vezes maior que o Sol.

Grandes estrelas possuem uma vida curta, então, essas estrelas pioneiras não existem mais. Contudo, seus detritos semearam uma segunda geração de estrelas. Ao encontrar e examinar a característica dessas estrelas, os astrônomos esperam aprender sobre a geração antes delas.

Essas antigas estrelas devem ter pouco metal, então os astrônomos procuraram estrelas que eram brilhantes no comprimento de onda de 422.7 nanômetros, indicando a ausência de cálcio, que absorve nesse comprimento de onda da luz. Examinando o espectro de 3000 estrelas com pouco cálcio, os astrônomos descobriram uma, a J160540.18-1444323.1, que tem a mais baixa quantidade de ferro do que qualquer estrela anteriormente medida. O ferro é importante, pois é um proxy para outros metais nas estrelas.

Nessa estrela, apenas 1 átomo em cada 50 bilhões é ferro, isso é o equivalente a uma gota de água numa piscina olímpica.

A estrela também possui uma concentração de outros elementos além de hidrogênio e hélio similarmente baixa.

O carbono, que a estrela tem em abundância é a exceção. A estrela está claramente com a idade correta para ser uma estrela de segunda geração, mas essa anomalia de carbono contradiz o que nós esperamos de uma estrela gigante.

A estrela estudada se parece com o que nós esperamos de uma estrela que foi semeada por uma estrela com 8 vezes a massa do Sol, limite esse onde as estrelas terminam a sua vida como uma explosão de supernova. A estrela que a alimentou com seu carbono tinha provavelmente 10 vezes a massa do Sol, e certamente não mais que 20.

A energia da supernova da estrela ancestral foi tão baixa que a maior parte dos elementos mais pesados caíram de volta no núcleo super denso remanescente da explosão. Só uma pequena fração dos elementos mais pesados que o carbono escparam para o espaço e ajudaram a formar a estrela bem antiga encontrada pelos astrônomos.

Essa metodologia de se poder estudar as primeiras estrelas através de uma segunda geração é realmente excelente. Os astrônomos descobriram outra estrela com uma baixa concentração de ferro e alta concentração de carbono, mas nesse caso não foi possível medir com precisão os níveis de ferro e assim a supernova que a alimentou não pôde ser estimada de maneira correta.

Fonte:

https://www.iflscience.com/space/anaemic-star-child-reveals-the-first-stars-were-not-all-giants/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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