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23 de novembro de 2024

Estamos Sozinhos No Multiverso?

A pergunta que intriga a humanidade é se estamos sozinhos no universo. Atualmente, astrobiólogos estão cada vez mais próximos de identificar sinais de vida em outros planetas semelhantes à Terra, com o auxílio de observatórios modernos, como o Telescópio Espacial James Webb.

Agora, um grupo de astrônomos busca responder se a vida poderia existir em outros universos. Eles desenvolveram uma maneira de explorar essa questão, considerando a variedade de condições que podem existir em outros universos.

As constantes fundamentais que regem as leis físicas parecem perfeitamente ajustadas para permitir o surgimento da vida. Um exemplo disso é a formação de átomos de carbono, que ocorre dentro das estrelas através da fusão de três núcleos de hélio. Essa colisão de três partículas parece improvável, mas a abundância de carbono no universo, essencial para a vida na Terra, sugere que há um mecanismo que promove sua formação nas estrelas.

Em 1954, o astrônomo Fred Hoyle previu a ressonância de Hoyle, que aumenta a probabilidade de colisões triplas e a abundância de carbono em várias ordens de magnitude. Essa ressonância só é possível porque várias constantes fundamentais assumem valores precisos, como se tivessem sido ajustadas finamente para criar carbono.

A falta de explicação para esse ajuste fino levou os cosmólogos a sugerir que essas constantes poderiam assumir outros valores em outros universos. Essa ideia deu origem ao conceito de multiverso – universos paralelos com constantes fundamentais diferentes dos nossos.

McCullen Sandora, do Blue Marble Space Institute of Science em Seattle, e colegas investigam se a vida poderia ter evoluído em outros universos e em que condições isso seria possível. Eles analisam a formação de núcleos dentro das estrelas e as proporções de diferentes elementos que as estrelas deixam para trás ao morrer, que formam a base para uma nova geração de planetas.

Os pesquisadores concluem que os níveis de carbono devem ser praticamente perfeitos para a vida. No entanto, a quantidade de outros elementos é menos importante. A pesquisa de Sandora e colegas faz parte de um esforço maior para mapear as condições que possibilitam a vida semelhante à da Terra.

Embora seja um projeto ousado e difícil de testar, ele se concentra em uma definição estreita de vida, baseada em formas de vida baseadas em carbono encontradas na Terra. Entretanto, definições mais gerais de vida são possíveis, como a transmissão de informações de uma geração para outra por meio da evolução. Nesse sentido, a vida é um sistema evoluído para armazenar, processar e transmitir informações.

Caracterizar universos nos quais essa transmissão de informações possa ocorrer pode ser uma tarefa interessante para astrobiólogos. A possibilidade de vida em outros universos permanece um mistério intrigante e uma área depesquisa em constante evolução.

Embora a investigação de Sandora e sua equipe esteja focada na vida baseada em carbono, é importante lembrar que outras formas de vida podem ser concebíveis. Por exemplo, a vida baseada em silício ou outras formas de bioquímica alternativa poderiam existir em condições distintas daquelas encontradas na Terra.

Além disso, a existência de formas de vida extraterrestre poderia desafiar nossa compreensão atual de biologia e evolução. Estudar esses possíveis organismos em outros universos poderia nos ajudar a expandir nossa definição de vida e compreender melhor a diversidade de condições que podem permitir seu surgimento.

As investigações sobre o multiverso e a possibilidade de vida em outros universos também levantam questões filosóficas e éticas importantes. Se a vida pode existir em outros universos, qual é a nossa responsabilidade em relação a esses seres? Como nossas ações em nosso próprio universo podem impactar outros universos e suas formas de vida potenciais?

Embora muitas dessas perguntas permaneçam sem resposta, a busca por vida em outros universos destaca a importância do estudo e da pesquisa científica na expansão de nosso conhecimento e compreensão do cosmos. À medida que continuamos a explorar o universo e a considerar a possibilidade de vida em outros universos, podemos aprender mais sobre nosso próprio lugar no cosmos e como nosso universo se encaixa no quadro maior do multiverso.

Em resumo, a investigação de vida em outros universos é um empreendimento emocionante e desafiador que pode mudar fundamentalmente nossa compreensão do cosmos e de nós mesmos. Ao continuar a explorar essas possibilidades, podemos esperar expandir nossa visão do que constitui a vida e aprofundar nosso conhecimento sobre as leis fundamentais que governam o universo – ou, talvez, os multiversos.

Fonte:

https://www.discovermagazine.com/the-sciences/are-we-alone-in-the-multiverse

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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