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22 de dezembro de 2024

Espiando o Batimento Cardíaco da Via Láctea

Milhares de estrelas incluídas no projeto Galactic Legacy Infrared Mid-Plane Survey Extraordinaire (GLIMPSE) do Spitzer têm sido usadas para ouvir o batimento cardíaco da Via Láctea em termos da taxa de novas estrelas que são produzidas na galáxia.

A taxa de formação de estrelas da galáxia fornece informações sobre a evolução e projeta a expectativa de vida da galáxia. As estrelas se formam a partir do colapso gravitacional do gás que gira ao redor do núcleo central que o aquece, eventualmente iniciando a fusão nuclear que sustenta a estrela. Gás e poeira remanescentes podem acumular no disco ao redor da estrela e podem se unir para formar planetas. Usando observações feitas com o Telescópio Espacial Spitzer os astrônomos têm seguido estrelas bebê na Via Láctea, determinando-as a partir de suas assinaturas brilhantes no infravermelho.

De maneira específica, liderados pelo autor Thomas Robitaille do Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics e seus colegas, os astrônomos contaram os objetos jovens estelar (ou em inglês YSOs) localizados numa fatia do céu que se espalha numa área de 2 por 130 graus ou algo equivalente a 330 luas cheias. Enquanto estudos anteriores capturaram a luz difusa de dezenas de milhares de estrelas, o projeto GLIMPSE revelou 100 milhões de estrelas das quais 20000 são classificadas como YSOs.

“Nós estamos observando pela primeira vez na galáxia a formação de estrelas”, disse a co-autora Barbara Whitney do Space Science Institute em Boulder.

Aplicando esses dados observados em simulações de computador da formação de estrelas galácticas forneceram resultados que sugerem que a nossa galáxia tem uma taxa de formação de estrelas anual de dois terços a uma vez e meia a massa do Sol. Pesquisas anteriores usando métodos indiretos, como a medida das ondas de rádio das nuvens de gás hidrogênio energizadas pelas maiores e mais quente estrelas da galáxia e estimando quantas estrelas menores poderiam ser formar a partir de cada uma dessas estrelas raras porém facilmente identificadas, determinaram um limite superior de cinco vezes a massa do Sol produzida a cada ano.

“Medindo a taxa de formação de estrelas dentro da Via Láctea com esse método é importante para entender a nossa galáxia, mas também tem implicações para se medir a taxa de formação de estrelas em todas as galáxias”, disse Robitaille.

Nossa galáxia abriga por volta de 100 bilhões de estrelas, então é improvável que a baixa taxa de formação de estrelas atual seja reflexo do passado. Em vez disso, após um período inicial de intensa formação estelar na nossa Galáxia, essa taxa chegou a um patamar típico de uma galáxia de meia-idade, gerando estrelas do gás que outras estrelas expelem de volta ao ambiente estelar já que chegaram ao fim de suas vidas.

A nova técnica irá continuar a ser refinada à medida que mais dados vão se tornando disponíveis e irá ajudar a calibrar as taxas de formação de estrelas em outras galáxias.

Fonte:

http://www.astronomynow.com/news/n1003/11spitzer/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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