Depósitos gerados por material derretido por impacto na Lua são vistos aglomerados em duas elevações (no topo e na base de zonas cinza escuras), separadas por uma escarpa de falha (zona cinza central) na parte WNW do anel da cratera King, que possui 76 km de diâmetro. Essa imagem mostra um grande exemplo da relação chamada de “cross-cutting”. Esse tipo de relação fornece a idade relativa dos eventos. Saber a ordem com que as coisas acontecem, principalmente na geologia, seja ela planetária ou terrestre é importante para se reconstruir a história geológica do objeto e assim saber o que aconteceu. A datação absoluta e precisa dos depósitos gerados a partir de material derretido de impactos na Lua é também possível, mas só por meio de medições em amostras ou através de análises de laboratório.
Vamos tentar ver o que aconteceu primeiro. Foi o falhamentos do anel da cratera ou foi a deposição do material derretido pelo impacto? Aqui uma pista: é possível notar como como a borda do depósito de material derretido entra em contato com a escarpa da falha na base esquerda da imagem. Você esperaria um contato desse tipo, se (1) rochas foram retiradas pelo falhamentos da crosta ou se (2) a falha aconteceu primeiro e o fluxo de material derretido aconteceu depois? Também é possível notar o padrão zigue-zague no material derretido mostrando a direção do fluxo que começou alto e depois caiu como cascatas de água sobre a escarpa da falha. Com base nisso, o falhamentos deve ter ocorrido antes. Esses blocos massivos de crosta lunar estavam em movimento minutos depois da explosão que escavou a cratera King, e o material permaneceu derretido e se moveu muito depois. Ou será que tudo aconteceu ao mesmo tempo? Primeiro, o que causou a falha? O evento de impacto que criou a cratera King resultou em falhas concêntricas ao longo de grandes blocos da crosta e que em alguns casos colapsaram. O derretimento do material aconteceu devido a elevada energia liberada durante o impacto. O ambiente era muito dinâmico, material derretido por impacto fluiu enquanto que o interior da crateras estava sofrendo rebatidas e se ajustando ao evento repentino. Desse modo o material derretido pelo impacto provavelmente aconteceu no final formado algum tempo depois que a maior parte das grandes falhas pararam. Contudo, nós não podemos ter certeza que não existiu movimentos maiores ao longo dessa falha mesmo depois do material derretido ter depositado, e ainda continuou derretido. Esse é com certeza um grande quebra-cabeça para as futuras gerações de geólogos lunares revelarem.
A imagem abaixo é um detalhe que fornece mais informações do que a imagem maior, e também mostra que a escarpa de falha é somente uma pequena parte de outra escarpa de falha. É possível notar também o terceiro nível mais alto de depósitos formados por material derretido por impacto na Lua nessa imagem (no canto superior esquerdo).
Quando nos afastamos da imagem temos a imagem toda: a imagem abaixo mostra a maior parte dos 77 km de diâmetro da cratera King, juntamente com áreas além do anel da cratera que foram afetadas pela formação da King. Pode-se ver de forma clara o depósito formado por material derretido pelo impacto a norte noroeste. Se você olhar cuidadosamente, notará depósitos menores de material derretido um pouco ao sul do depósito principal. É possível notar também sua relação com a cratera King. As paredes da cratera possuem falhas e deslizamentos em um arranjo conhecido como “stair step”, de grandes blocos e o material fluiu dentro do depósito (após ou talvez durante).
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