O eclipse total da Lua de 15 de Abril de 2014, já acabou, mas o que não acaba é a polêmica. Muita gente ainda falando de Lua Sangrenta para todo lado. Vamos entender agora, de onde vem esse termo, descobrir que a sua origem é religiosa, e de uma vez por toda parar de chamar a Lua do eclipse de Lua Sangrenta.
Para começarmos a nossa explicação, temos que entender um termo que faz parte desse eclipse. O que seria uma Tétrade Lunar? Tanto os astrônomos como os mais místicos estão falando sobre a famosa Tétrade Lunar de 2014-2015. A definição da Tétrade Lunar é a seguinte: a ocorrência de 4 eclipses totais da Lua de forma sucessiva, sem nenhum eclipse parcial entre eles e que todos eles sejam separados por seis meses lunares, ou seja, seis Luas Cheias.
Eu não sou especialista em profecias e muito menos em astronomia, sou um curioso e um estudioso da astronomia. Porém, para falar sobre a Lua Sangrenta teremos que entrar um pouco na área da profecia. Do que foi estudado, dois pastores cristãos, Mark Blitz e John Hagee, usaram o termo Blood Moons para aplicar às Luas Cheias da Tétrade Lunar de 2014-2015. John Hagee popularizou o termo, em seu livro de 2013, chamado: Four Blood Moons: Something is About to Change.
Mark Blitz e John Hagee falaram de uma Tétrade Lunar como sendo a representação de uma profecia bíblica. Depois de tudo, a Lua supostamente assumirá uma coloração vermelha sangue, antes do fim dos tempos. Como está descrito em Joel 2:31:
O Sol se tornará escuro, e a Lua sangrenta antes do grande e terrível dia que o Senhor virá.
Essa descrição, apresenta algo inusitado, a ocorrência tanto de um eclipse total do Sol, com ele ficando escuro, ou seja, com a Lua passando diretamente em frente ao seu disco, e um eclipse da Lua com ela entrando totalmente na sombra do nosso planeta.
Existe um total de 8 Tétrades Lunares no século 21 (2001 – 2100). Mas os defensores da profecia bíblica falam que essa tétrade é especial pois ela coincide com dois importantes feriados judaicos: a Páscoa e o Tabernáculo.
Os eclipses de Abril de 2014 e de Abril de 2015 se alinham com a Páscoa. Os eclipses de Outubro de 2014 e de Setembro de 2015 se alinham com o Tabernáculo.
O calendário Judeu, é um calendário lunar. Em qualquer ano, é inevitável que uma Lua Cheia caia perto da Páscoa (15 Nissan), e do Tabernáculo (15 Tishri). Nissan e Tishri, são o primeiro e o sétimo meses do calendário Judeu.
O que é irônico na atual Tétrade é que três dos quatro eclipses não serão visíveis de Israel. O único eclipse que pode ser visto de Israel, é a parte final do eclipse de 28 de Setembro de 2015, que pode ser observado rapidamente antes do Sol nascer.
Mas uma pergunta pode estar batendo na porta, quão comuns são as Tétrades Lunares? Bem, isso vai depender de que século você vive, assim elas podem ser mais frequentes, ou não.
Por exemplo, no século 21 (2001 – 2100), existem um total de 8 Tétrades Lunares, mas nos séculos 17, 18 e 19, não tivemos nenhuma. Se nós incluirmos todos os séculos desde o século primeiro (1 – 100), até o século 21 (2001 – 2100), inclusive, temos um total de 62 Tétrades. A última aconteceu em 2003 – 2004 e a próxima, depois dessa que estamos passando acontecerá em 2032 – 2033.
Contudo, se você quer saber quais dessas tétrades caem especificamente perto da Páscoa e do Tabernáculo, esse número de 62 cai para apenas 8, em 21 séculos.
Apesar de toda essa explicação não se sabe ao certo o porque das pessoas, começarem a chamar essa Lua, de Lua Sangrenta, não existe uma explicação muito óbvia para relacionar a Lua das tétrades com a Lua Sangrenta.
O que podemos dizer é que o uso do termo Lua Sangrenta para descrever a Tétrade Lunar tem uma origem recente. Tudo pode ter começado com o livro de John Hagee de 2013.
Ainda não sabemos se a Lua Sangrenta está relacionada com qualquer Lua Cheia, de qualquer Tétrade, ou se precisa que essa Tétrade esteja relacionada com a Páscoa e com o Tabernáculo.
Em outros momentos na astronomia os termos Lua e sangue aparecem juntos. A Lua Cheia, sempre aparece com uma cor de cobre durante um eclipse total. Isso acontece pois a luz dispersada pela atmosfera da Terra cai diretamente sobre a face da Lua no meio do eclipse. Assim, o termo Lua Sangrenta pode ser aplicado a qualquer eclipse total da Lua. Em anos em que temos uma erupção vulcânica próximo da época de um eclipse, a Lua pode parecer mais acinzentada e mais marrom, ou seja, a cor da Lua durante o eclipse depende das condições atmosféricas do planeta. Mas, como todo mundo gosta de algo dramático, podemos chamar a Lua avermelhada do eclipse de Lua Sangrenta.
No folclore, principalmente do hemisfério norte, todas as Luas Cheias possuem nomes específicos. Os nomes normalmente coincidem com meses do ano, ou com as estações. Uma das luas mais famosas é a Lua do Caçador. Essa é a Lua Cheia que acontece logo depois da Lua da Colheita, que é a Lua Cheia que acontece no ponto mais próximo do equinócio de outono.
A Lua do Caçador, também as vezes é chamada de Lua Sangrenta. Por que? Provavelmente pelo fato característico das luas cheias de outono aparecerem cheias por algumas noites em sequência perto do pôr-do-Sol. Assim, muitas pessoas as observam baixas no céu, logo depois delas nascerem, no momento em que existe uma camada mais espessa de atmosfera entre o observador e a Lua do que a camada existente quando a Lua está no zênite. Quando você observa a Lua baixa no céu, com essa camada extra de ar entre você e o nosso satélite, a Lua fica avermelhada. Voila. Lua Sangrenta.
Fonte:
http://earthsky.org/space/what-is-a-blood-moon-lunar-eclipses-2014-2015