O Telescópio Espacial Hubble das Agências Espaciais NASA e ESA é um dos mais poderosos instrumentos de observação disponível para os astrônomos, mas algumas vezes, para enxergar ainda mais longe, ele precisa de uma pequena ajuda. Essa ajuda pode vir, por exemplo, por meio da teoria da relatividade geral de Einstein, que faz com que aglomerados de galáxias funcionem como lentes naturais, amplificando a luz vinda de galáxias ainda mais distantes.
O Abell 68, registrado aqui na luz infravermelha, é um desses aglomerados de galáxias, e ele amplifica de forma decisiva o poder do Hubble, estendendo a habilidade do telescópio para observar objetos distantes e apagados. A coleção nebulosa de bolhas no meio e na parte superior esquerda da imagem, é um enxame de galáxias, cada uma com centenas de bilhões de estrelas e uma vasta quantidade de matéria escura.
O efeito dessa enorme concentração de matéria é de deformar a fábrica do espaço-tempo, que por sua vez distorce a passagem que a luz faz quando viaja através do aglomerado. Para as galáxias que estão ainda mais distantes do aglomerado – que já está à incrível distância de dois bilhões de anos-luz – e que estão alinhadas um pouco à direita, o efeito é fazer com que as galáxias até então invisíveis possam ser observadas com uma certa facilidade.
Embora as imagens resultantes projetadas para nós dessas galáxias distantes sejam normalmente muito deformadas, esse processo, chamado de lente gravitacional, é na verdade uma ferramenta muito valiosa na cosmologia, a área da astronomia que lida com as origens e com a evolução do universo.
Essas imagens distorcidas das galáxias distantes são um exemplo particularmente bom desse fenômeno. No meio da imagem existe um grande número de galáxias esticadas em linhas quase retas de faixos de luz que parecem estrelas cadentes. Além disso, um pouco acima e para a direita da grande e brilhante galáxia elíptica na parte superior esquerda da imagem existe uma galáxia espiral que tem sua forma aparente esticada e espelhada lembrando muito a forma de um alienígena, clássico dos videogames da década de 1970, do jogo Space Invaders. Uma segunda, e menos distorcida imagem dessa mesma galáxia aparece à esquerda da galáxia elíptica.
Outra feição interessante dessa imagem, embora não esteja relacionada com o efeito de lente gravitacional, é a galáxia localizada no canto superior direito da imagem. O que parece ser um líquido roxo sendo derramado da galáxia, é na verdade um fenômeno chamado de retirada dinâmica de pressão. As nuvens de gás dentro da galáxia estão sendo arrancadas e aquecidas à medida que a galáxia passa por uma região de gás intergaláctico mais denso.
A imagem acima veio do canal infravermelho da Wide Field Camera 3 do Hubble, combinada com observações do infravermelho próximo feitas com a Advanced Camera for Surveys. Essa imagem nos oferece um pequeno aperitivo do que podemos esperar das imagens que posteriormente serão feitas pelo Telescópio Espacial James Webb da NASA/ESA/CSA que está programado para ser lançado em 2018.
Imagens infravermelhas são particularmente úteis para estudar objetos bem distantes onde a luz é desviada para o vermelho no infravermelho pela expansão do Universo, além de ser interessante para observar objetos através das nuvens de poeira que são opacas à luz visível. O telescópio Webb produzirá imagens que serão mais nítidas que as imagens infravermelhas produzidas pelo Hubble, mas o mais importante, o telescópio será mais sensível graças aos avançados sensores e graças ao espelho primário que será bem maior.
Fonte:
http://www.spacetelescope.org/news/heic1304/
