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E o EM-Drive?

Hoje que o canal completa 700 mil inscritos trago um clássico que falo desde a criação do Space Today, o EM-Drive.

O sonho de consumo de qualquer agência espacial, de qualquer empresa de foguetes, um motor hipotético que gera empuxo, sem precisar do precioso combustível.

Só tem um problema, para fazer isso, ele viola leis fundamentais da física, só isso.
Para quem não sabe o EM-Drive é algo bem simples, é uma cavidade vazia, perfeitamente simétrica.

Ao rebater algum tipo de radiação eletromagnética dentro dessa cavidade, você conseguiria gerar empuxo, apesar de não ter nenhum tipo de combustão e de nada ser expelido pelo motor.

O problema é que esse tipo de motor viola o que chamamos de conservação do momento, um dos pilares do universo, da física e de tudo mais.

Ou seja, não é possível movimentar um objeto sem exercer nele uma força.
Então como o EM-Drive poderia funcionar? Então, na verdade não poderia, mas não custa nada testar.

Então com isso na cabeça em 206, o laboratório Eagelworks da NASA resolveu montou um experimento para testar o EM-Drive.

E para a surpresa de todos, no relatório de 2016, eles reportaram que o motor havia gerado um mínimo empuxo.

Algo que seria revolucionário pois bastaria fazer isso em escala de um foguete e pronto, muitos dos problemas da indústria aeroespacial seriam resolvidos.

Os resultados apresentados nunca foram convincentes, pois estatisticamente não tinham grande significado, mas o pessoal de Eagelworks continuava falando que tinham sim gerado um empuxo com o EM-Drive.

Mas aqui é ciência companheiro, então sabe o que acontece, a gente pega o mesmo experimento e repete ele, para ver o que acontece.

Então uma equipe da Universidade de Dresden resolveu reproduzir todo o experimento de Eagelworks, começando pelo setup que eles montaram.

A equipe de Dresden reportou os resultados do experimento em um artigo onde mostrou que o que foi medido na verdade não foi um empuxo, mas sim um efeito térmico.

Os pesquisadores de Dresden montaram o experimento de forma igual e depois montaram o experimento melhorado com diferentes pontos de suspensão e com pontos de medidas espalhados por todo o experimento para tentar detectar o tão famoso empuxo.

Eles conseguiram então reproduzir tudo igual, mas não o tal empuxo, o que eles notaram é que quando a força flui no EM-Drive o motor esquenta, esquenta também a estrutura e faz com que ela empene.

Quando ocorre isso, é possível observar uma movimentação que pode ser confundida com o empuxo gerado pelo motor.

Ou seja, não se tem empuxo algum, o que se tem é um aquecimento e uma movimentação da estrutura.

Esse experimento feito com todo o rigor possível coloca uma prego no caixão dos sonhos do EM-Drive, será?

De acordo com a equipe de Dresden os experimentos anteriores estão refutados com no mínimo 3 ordens de magnitude.

Fonte:

https://www.universetoday.com/150754/in-a-comprehensive-new-test-the-emdrive-fails-to-generate-any-thrust/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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