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22 de dezembro de 2024

Duas Famílias de Exocometas São Identificados Ao Redor da Estrela Beta Pictoris


Artist’s impression of exocomets around Beta Pictoris


observatory_150105O instrumento HARPS montado no Observatório de La Silla no Chile foi usado para fazer o censo mais completo de cometas ao redor de outras estrela que já foi feito. Uma equipe de astrônomos franceses estudou aproximadamente 500 cometas individuais orbitando a estrela Beta Pictoris e descobriu que eles pertencem a duas famílias distintas de exocometas: antigos exocometas que fizeram múltiplas passagens perto da estrela, e exocometas mais jovens que provavelmente se originam da ruptura recente de um ou mais objetos maiores. Os novos resultados aparecem em um artigo da revista Nature de 23 de Outubro de 2014 e que pode ser encontrado na íntegra no final desse post.

A Beta Pictoris é uma estrela jovem localizada a cerca de 63 anos-luz do Sol. Ela tem cerca de 20 milhões de anos e é circundada por um enorme disco de material – um sistema planetário jovem ativo onde o gás e a poeira são produzidos pela evaporação de cometas e pela colisão de asteroides.


Beta Pictoris as Seen in Infrared Light


Flavien Kiefer (IAP/CNRS/UPMC), principal autor do novo estudo definiu o cenário: “A Beta Pictoris é um alvo muito animador! As observações detalhadas desses exocometas nos dá pistas para ajudar a entenderque processo ocorre nesse tipo de sistema planetário jovem”.

Por quase 30 anos os astrônomos têm vistos mudanças sutis na luz proveniente da Beta Pictoris que foram pensadas por serem causadas pela passagem dos cometas na frente da própria estrela. Os cometas são pequenos corpos de poucos quilômetros em tamanho, mas são ricos em gelos, que evaporam quando eles se aproximam da estrela, produzindo gigantescas caudas de gás e poeira que podem absorver parte da luz que passa através deles. A luz fraca dos exocometas é sobreposta pela luz da estrela brilhante de modo que eles não podem ser imageados diretamente da Terra.

Para estudar os exocometas da Beta Pictoris, a equipe analisou mais de 1000 observações obtidas entre 2003 e 2011 com o instrumento HARPS montado no telescópio de 3.6 metros do ESO no Observatório de La Silla no Chile.


Exoplanet caught on the move


Os pesquisadores selecionaram uma amostra de 493 diferentes exocometas. Alguns exocometas foram observados algumas vezes e por algumas horas. A análise cuidadosa forneceu medidas da velocidade e do tamanho das nuvens de gás. Algumas das propriedades orbitais de cada um desses exocometas, como a forma e a orientação da órbita e da distância da estrela, puderam também ser deduzidas.

Essas análises de algumas centenas de exocometas em um sistema exo-planetário é algo único. Elas revelaram a presença de duas distintas famílias de exocometas: uma família de cometas velhos cujas órbitas são controladas por um planeta massivo, e outra família, provavelmente surgindo da recente ruptura de um ou de alguns objetos maiores. Diferentes famílias de cometas também existem no Sistema Solar.


Around Beta Pictoris


Os exocometas da primeira família têm uma variedade de órbitas e mostra uma atividade fraca com pouco produção de gás e poeira. Isso sugere que esses cometas têm exaurido seus suprimentos de gelo durante suas múltiplas passagens pela Beta Pictoris.

Os exocometas da segunda família são muito mais ativos e também possuem órbitas praticamente idênticas. Isso sugere que os membros da segunda família tiveram a mesma origem: provavelmente a ruptura de um objeto maior cujos fragmentos estão numa órbita que raspa a estrela Beta Pictoris.



Flavien Kiefer conclui: “Pela primeira vez um estudo estatístico tem determinado a física e a órbita para um grande número de exocometas. Esse trabalho fornece um olhar impressionante nos mecanismos que estavam agindo no Sistema Solar pouco depois da sua formação a 4.5 bilhões de anos atrás”.



Fonte:

http://www.eso.org/public/news/eso1432/

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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