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25 de dezembro de 2024

Direto do Túnel do Tempo: Há 50 Anos A Sonda Luna 3 Revelava o Lado Distante da Lua

Essa imagem representa a primeira vez na história que nós pudemos observar o que não podia ser visto da Terra, o chamado lado distante da Lua, ou lado oculto, ou lado escuro, esses dois últimos são termos errados, mas são termos usados, o último principalmente em homenagem ao Pink Floyd. Essa imagem foi feita há 58 anos atrás, no dia 7 de Outubro de 1959, pela sonda da União Soviética, Luna 3.

Os seres humanos que observavam o céu noturno repararam sempre que quando eles observavam a Lua, sempre viam praticamente a mesma face. Isso acontece porque a Lua está travada com a Terra no que chamamos de movimento síncrono: ela orbita a Terra, uma vez a cada 27.322 dias, e o seu período de rotação é quase que exatamente o mesmo. Nem sempre foi assim, mas as forças gravitacionais da Terra, e os efeitos de maré foram reduzindo a velocidade de rotação da Lua com o passar dos tempos. O efeito é chamado de travamento de maré ou rotação capturada.

Porém, tudo isso mudou quando a sonda Luna 3 voou ao redor da Lua e passou pelo seu lado distante. A sonda passou a cerca de 64 000 quilômetros da superfície da Lua no lado distante e durante a passagem ela fez 29 imagens com sua câmera de TV durante 40 minutos. Dessas imagens, 15, ou 17 ( a contagem tem uma variação) foram transmitidas com sucesso para a Terra.

A sonda levou 11 dias antes de mandar as imagens para a Terra. A transmissão de dados no espaço, nessa época era uma verdadeira saga, e a sonda deveria estar na posição correta para mandar os dados.

Para você que tira hoje fotos com o celular o processo feito para se obter essa imagem do lado distante da Lua vai fazer você repensar cada vez que postar uma nova foto no insta.

Primeiro, a Luna 3 fez a foto em um filme de 35 mm. Esse processo foi desenvolvido num esquema miniaturizado numa sala escura, usando o método padrão de banho químico. Então, o filme era projetado num tubo de vácuo sensível à luz conhecido como fotomultiplicador, que convertia os pixels preto e branco linha por linha em dados que podiam ser transmitidos via rádio, era um fax por rádio.

O sucesso dessa parte do processo necessitava que a sonda estivesse perto o suficiente da Terra para mandar um sinal claro e por isso demorava tanto. A transmissão de cada imagem levava em média 30 minutos.

Abaixo você pode ver a comparação da imagem feita pela Luna 3, há 50 anos, com uma imagem feita pela sonda LRO em Junho de 2009.

Apesar da qualidade das imagens da Luna 3 ser pobre, elas foram usadas para criar o primeiro atlas do lado distante da Lua. Esse atlas foi publicado pela Academia de Ciências da URSS no ano seguinte, e o atlas continha 500 feições geográficas distinguíveis.

O aspecto mais impressionante mostrado pelas imagens era que o lado distante da Lua não tinha tantos mares, como o lado visível da Lua. Essas feições, os mares, representavam o derramamento de basalto que aconteceu no passado da Lua devido a atividades vulcânicas do nosso satélite.

Por que existem essas grandes diferenças entre os dois lados da Lua? Essa é uma questão ainda em aberto e precisa ser investigada com mais detalhe.

Fonte:

https://cosmosmagazine.com/space/dark-side-of-the-moon-revealed-half-a-century-ago

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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