Dando continuidade as parcerias do CIENCTEC, com blogs e sites pelo mundo, esse post inaugura mais uma. Na verdade a parceria entre o CIENCTEC e o ASTROPT já vem de dois anos. Eu tenho as vezes escrito posts para o site português, e agora com a inauguração do novo layout e com o total apoio e autorização do Carlos Oliveira, começarei a publicar um post por dia do grande portal astroPT aqui no CIENCTEC. O astroPT é um grande portal de astronomia de Portugal que tem feito um belo trabalho de divulgação da ciência astronômica, astronáutica, da astrobiologia e de áreas correlatas. Desde já agradeço ao Carlos Oliveria por toda a colaboração e pela parceria e espero que essa parceria dure por muitos anos. Curtam o post abaixo e essa nova seção do site, chamada, Direto da Terrinha.
A ligação entre ficção científica e a realidade é bastante conhecida.
A ficção científica influencia a sociedade (tanto em termos de tecnologia como de concepções da humanidade) e a sociedade influencia a ficção científica (a FC faz uma análise da sociedade e extrapola a partir daí).
Por vezes, parece que os criadores de ficção científica fazem profecias.
Mas não são profecias; pelo menos na concepção popular do termo ligado ao apocalipse.
Por exemplo, eu posso dizer que amanhã vamos ver coelhos nas nuvens… e que isso será um sinal do apocalipse.
Isso é uma profecia?
Será que amanhã, se virem realmente nuvens com essa forma, vão todos se esconder em bunkers?
É claro que não. A única coisa que eu fiz foi utilizar algo comum (pareidolia), provável, e usar como se fosse uma previsão anormal. Obviamente não é. É uma questão de probabilidades.
Mas há quem vigarize os outros, utilizando frases deste género para enganar as pessoas. Por exemplo, quando dizem que profetizam terramotos, sabendo nós que existem centenas de terramotos todos os dias.
Eu também poderia utilizar a estratégia contrária.
Por exemplo, numa zona onde chove diariamente, eu poderia profetizar: “Nesse dia, não vai chover”.
Vamos supor que passados 100 anos, existiria um dia sem chuva. Será que eu o tinha profetizado? Será que eu teria conhecimentos ocultos para profetizar algo do género? Não. Simplesmente tinha previsto que algo bastante improvável iria eventualmente acontecer, como sempre acontece, mesmo que demore muitos anos. Ou seja, novamente, é tudo uma questão de probabilidades.
Mas, como profeta, eu posso fazer também como os escritores de ficção científica.
Posso olhar para a sociedade, estudar essa sociedade, fazer críticas sociais à sociedade do meu tempo, e ao mesmo tempo extrapolar a partir do que eu vejo no meu tempo para coisas que poderão existir no futuro.
Por exemplo, eu sei que asteróides e cometas passam relativamente perto da Terra todos os anos. Aliás, todos os meses passam por aqui asteróides, bastando para isso eu definir de forma geral o que quer dizer “relativamente perto”.
Assim, atentem na minha “profecia”: “3478 anos após Cristo, irá aparecer um grande sinal nos céus. Primeiramente será visto por um olho não-humano, e posteriormente provocará o terror nas formas biológicas terrestres”.
Vejam bem o que eu fiz: apontei um ano, à sorte, porque é irrelevante o ano, já que temos esses visitantes constantemente; falei em sinais vindo do céu, que pode dar para vários fenómenos; incluí olhos não-humanos, que pode ser interpretado como máquinas, telescópios espaciais, sondas, etc; e obviamente deixei o aviso para os medrosos do costume.
Isto é exactamente o que foi feito por Nostradamus. Criticou a sociedade da sua altura, falou sobre o seu tempo, e extrapolou para datas no futuro que podem ser interpretadas de 1001 formas; e os medrosos do costume caíram na estratégia.
É certo que Star Wars tem inúmeras inovações. Em termos tecnológicos, vêm-me imediatamente à memória, por exemplo, os light-sabers e a comunicação com hologramas. Mas notem que estas inovações foram pensadas com base na tecnologia que existia na altura, e do que se pensava, mesmo em círculos científicos, do que poderia existir no futuro.
Da mesma forma, apesar de já se pensar nestas possibilidades nos círculos científicos, a verdade é que é com enorme curiosidade que vou vendo realizadas algumas das visões de Star Wars.
Lembram-se por exemplo da descoberta do planeta Kepler-16b, que ficou popularmente conhecido como planeta Tatooine? Leiam aqui.
Aliás, em termos de exoplanetas, como em muitas outras coisas, a realidade já superou muito a ficção.
E hoje vi outra notícia dessas.
Estima-se que existam pelo menos 100 mil milhões (100 bilhões, no Brasil) de planetas na nossa Galáxia. Leiam aqui.
Comparem agora com a galáxia imaginada no Universo Star Wars:
Crédito: W. R. van Hage, wikipedia
Cliquem sobre a imagem e vejam as estatísticas que lá constam: 50 milhões de sistemas planetários habitados…
Actualmente, temos muitos vigaristas a lerem escritos antigos, e a interpretarem de forma fantasiosa, como se aqueles escritos descrevessem a realidade literal daquela época.
Muitas vezes penso que os descendentes dos vigaristas actuais, daqui por 5000 anos, irão ler livros de hoje como o Contacto ou vão ver filmes como os de Star Wars, e vão usar isso para dizer que são “documentos históricos” (como no filme Galaxy Quest) que “provam” que nesta altura andávamos a ter muitas aventuras pela Galáxia.
Com “sorte”, daqui por 5000 anos, até temos George Lucas elevado à condição de grande profeta visionário do século XX… tal como actualmente alguns pensam de Nostradamus.
Fonte:
http://astropt.org/blog/2013/01/06/sera-george-lucas-o-maior-profeta-de-sempre/