Os ‘Luminous Fast Coolers’ (LFCs) representam uma nova e intrigante classe de explosão cósmica, notavelmente rara e luminosa. Esta descoberta, que desafia o entendimento astronômico atual, foi publicada no prestigiado The Astrophysical Journal Letters. A pesquisa, liderada por Matt Nicholl, da Queen’s University Belfast, revelou que essas explosões superam quase todas as supernovas já detectadas em termos de brilho.
Em um período de apenas 10 dias, um LFC pode alcançar um brilho comparável ao de 100 bilhões de sóis. O que é ainda mais surpreendente é a sua efemeridade; após atingir esse pico de luminosidade, ele desaparece em poucas semanas. Esta característica os torna simultaneamente mais espetaculares e mais breves do que as supernovas tradicionais.
As supernovas, por sua vez, são explosões luminosas que ocorrem quando estrelas de grande massa, tipicamente pelo menos oito vezes a massa do sol, esgotam seu combustível nuclear. Estas estrelas, então, colapsam e explodem, lançando suas camadas externas de gás no espaço. Anualmente, os astrônomos observam centenas dessas supernovas, que após cerca de 20 dias atingem seu brilho máximo, iluminando-se bilhões de vezes mais do que o sol. Nos meses subsequentes, a luminosidade de uma supernova diminui gradualmente até desaparecer.
No entanto, os LFCs desafiam essa compreensão convencional. Através da rede de telescópios ATLAS, localizada em pontos estratégicos como Havaí, Chile e África do Sul, os astrônomos detectaram essa nova explosão em uma galáxia repleta de estrelas semelhantes ao nosso sol. Estas estrelas, devido ao seu tamanho, são consideradas pequenas demais para se tornarem material de supernova.
A galáxia em questão, uma entidade massiva e vermelha, situa-se a dois bilhões de anos-luz de distância da Terra. Ela abriga bilhões de estrelas como o nosso Sol. Segundo Shubham Srivastav, co-autor do estudo e também da Queen’s University, essas galáxias não deveriam ter estrelas grandes o suficiente para culminar em uma supernova. A localização atípica e o comportamento dos LFCs, que brilham e desvanecem mais rapidamente do que as supernovas, intrigaram os pesquisadores. Em apenas 15 dias após sua detecção, um LFC já havia reduzido significativamente seu brilho, chegando a apenas 1% de sua luminosidade máxima um mês após a explosão.
Dada a singularidade deste fenômeno, os pesquisadores se perguntaram se algo semelhante já havia sido observado anteriormente. Ao vasculhar pesquisas telescópicas arquivadas, encontraram dois objetos, um de 2009 e outro de 2020, com propriedades semelhantes ao LFC recentemente detectado. A equipe, então, chegou à conclusão de que essas explosões representam uma nova e extremamente rara classe de explosão cósmica, que provavelmente não tem relação com estrelas moribundas.
A natureza exata dos LFCs permanece um enigma. Uma das explicações mais plausíveis, segundo Nicholl, seria a colisão de um buraco negro com uma estrela. No entanto, essa teoria apresenta inconsistências. Quando buracos negros arrancam material de estrelas em interações conhecidas como eventos de perturbação de maré, eles liberam emissões de raios-X intensas. Curiosamente, nenhum dos LFCs identificados exibiu tais emissões.
Isso sugere que os modelos científicos atuais sobre colisões entre estrelas e buracos negros podem precisar de refinamento. Ou, talvez, os astrônomos ainda não possuam informações suficientes sobre os LFCs para tirar conclusões definitivas. O que é certo é que a descoberta destas explosões em galáxias mais próximas da Terra será fundamental para desvendar este mistério.
O universo, com sua vastidão e complexidade, continua a surpreender e desafiar os pesquisadores. A descoberta dos LFCs reitera que ainda há muito a ser explorado e compreendido. A dedicação e o empenho da equipe de pesquisa, sem dúvida, levarão a mais descobertas que moldarão e enriquecerão nosso entendimento dos fenômenos cósmicos.
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