Faíscas podem estar voando em Marte. Os grãos de poeira no Planeta Vermelho podem se juntar e assim se tornarem eletricamente carregados, assim, seria possível causar reações químicas que fariam com que fosse muito difícil encontrar sinais de vida na superfície.
Quando grãos de poeira ou areia se juntam, eles podem criar carga elétrica da mesma maneira que acontece quando você esfrega um pente no cabelo, ou o seu pé com tênis no carpete ou tapete da sua casa. Esses grãos podem então liberar a carga em faíscas bem parecidas com aquelas que acontecem nas pontas do seus dedos, quando você gera eletricidade estática suficiente e toca em algum metal.
Experimentos estão mostrando que a poeira vermelha que cobre a superfície de Marte, poderia ser eletrificada dessa maneira, mas na maior parte das vezes, esses experimentos incluíram outros fatores que poderiam contribuir para a acumulação de carga elétrica. Por exemplo, se as partículas de poeira tocam as paredes dos contâiners do experimento, elas poderiam gerar essas cargas.
Um grupo de pesquisadores então resolver montar um experimento de modo que as condições reproduzam muito bem as condições de Marte, com as partículas de poeira tocando somente outras partículas sem tocar a superfície de materiais. Para fazer isso, os pesquisadores usaram rajadas de dióxido de carbono em uma câmara de baixa pressão para criar uma fonte de poeira artificial de Marte, e, antes mediram os efeitos elétricos das partículas se unindo.
Os pesquisadores mediram cargas com a mesma intensidade que você consegue ao esfregar dois materiais para criar eletricidade estática. As faíscas produzidas não eram visíveis, mas os pesquisadores foram capazes de detecta-las com uma antena.
Esse surgimento de cargas elétricas pode ser um empecilho para a exploração humana de Marte.
Eventualmente, um dia, enviaremos humanos para Marte, e toda essa eletricidade estática será difícil de lidar durante a missão. Os astronautas da Apollo tinham poeira da Lua nos seus trajes espaciais quando voltaram para a Terra, no caso de Marte, essa poeira poderia gerar faíscas e essas faísca prejudicarem partes eletrônicas cruciais para manter os astronautas vivos em Marte.
Isso pode ser bem importante também para poder entender melhor Marte, pois cargas elétricas podem causar reações químicas na poeira. Em experimentos, que imitam a superfície marciana, os pesquisadores descobriram que pequenas descargas elétricas como essas que acontecem com a poeira marciana seria fundamental para reações que liberam cloretos de outros compostos e distribuem esse cloreto pela superfície e pela atmosfera marciana.
Essas reações também geram partículas altamente reativas que poderiam drasticamente afetar a química da superfície do Planeta Vermelho, incluindo a destruição de alguns elementos que poderiam ser o sinal de possível vida em Marte.
Se cada tempestade de poeira e cada dust devil, os redemoinhos de poeira que vagam pela superfície marciana, induz uma grande quantidade de reações químicas, então a busca por vida em Marte, seria uma missão muito complicada. Poderíamos passar gerações procurando por esses sinais de vida em Marte e nunca iríamos encontrar na superfície ou na subsuperfície, pois eles foram varridos dali pelas descargas elétricas.
Em outras palavras, a poeira elétrica de Marte poderia tornar impossível para nós encontrarmos sinais de vida passada na superfície ou subsuperfície do Planeta Vermelho.
Fonte:
https://www.newscientist.com/article/2246587-electric-dust-could-be-erasing-signs-of-life-from-the-surface-of-mars/