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23 de dezembro de 2024

Depósitos de Opala Próximos ao Valles Marineris em Marte

A diversidade composicional de Marte era pouco conhecida até que a frota de missões começassem a mapear a superfície do Planeta Vermelho com espectrômetros térmicos e infravermelhos a aproximadamente uma década atrás.

O instrumento CRISM a bordo da sonda MRO é o último desse arsenal de instrumentos disponíveis para entender o planeta Marte e conseguiu obter imagens fantásticas dessa região particular graças aos exóticos minerais localizados próximos dela. Tanto sulfatos como sílica hidratada foram identificados nessa área pelas suas assinaturas espectrais no comprimento de onda do infravermelho. Os minerais foram descobertos próximos do anel do gigantesco cânion Valles Marineris, acredita-se que as camadas de depósito de tonalidade clara tenham idade Hesperiana, aproximadamente 3 bilhões de anos. Os sulfatos são espectralmente similares à jarosita, um sulfato de ferro e potássio hidratado (K2Fe6(OH)12(SO4)4). A sílica parece ter perdido sua clara estrutura cristalina e acredita-se que seja constituída de opala amorfa que pode conter mais de 20% de água.

Se essas interpretações estiverem corretas, a reunião de minerais sugere a precipitação dos minerais a partir de fluidos ácidos de baixa temperatura ou a sua formação por alteração aquosa de baixa temperatura do basalto. As imagens obtidas pela câmera HiRISE das camadas de depósitos de tonalidades claras em lugares próximos ao Valles Marineris mostram canais invertidos e outras indicações morfológicas de que os sedimentos foram em algum momento da história marciana saturadas por água.

Essa imagem da câmera HiRISE nos dá algumas pistas sobre como os minerais se expressam na superfície. O embasamento bandado é visível sob uma cobertura parcial de dunas muito mais jovens. Bandas brilhantes relativamente brancas podem ser vistas se alternando com camadas um pouco mais avermelhadas. Essas bandas brilhantes poderiam ser concentrações de opala. As bandas mais escuras podem, por sua vez, corresponder a concentrações de jarosita marrom. Os minerais podem ter segregado devido aos gradientes de temperatura ou acidez do fluido.

Esses depósitos em Marte provavelmente não são constituídos de opala pura ou de qualidade de gema. Contudo, as opalas na Terra são bem conhecidas por preservarem fósseis e outras evidências biológicas. Mesmo uma pequena amostra dessas bandas brilhantes mostradas aqui teriam um valor incalculável.

Fonte:

http://hirise.lpl.arizona.edu/ESP_022620_1690

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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