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22 de dezembro de 2024

Dados de Estrelas, Galáxias E Buracos Negros Transformados Em Som – É A Sonificação

A NASA já é famosa por transformar algumas imagens do universo em som, num processo chamado de sonificação. O processo é pegar imagens feitas por seus telescópios espaciais, e transformar o que é imagem em frequências que podemos ouvir, é um processo bem interessante. A agência espacial já vem fazendo isso faz um tempo, e agora lançou o seu mais novo pacote de imagens que foram sonificadas.

A primeira imagem desse novo pacote a ser sonificada foi a imagem mais profunda do universo já feita em raios-X. O chamado Campo Profundo do Chandra. Essa imagem representa sete milhões de segundos de observações feitas com o Chandra. Por essa razão e pelo fato do campo observado pelo Chandra estar no hemisfério sul, a imagem é chamada de Campo Profundo Sul do Chandra. Numa primeira olhada, essa imagem parece estar repleta de estrelas. Porém, quase todos os pontos brilhantes que se vê na imagem na verdade são galáxias ou buracos negros. A maior parte dos pontos são buracos negros supermassivos que residem no centro de galáxias. Nessa sonificação de dados, as cores ditam os tons conforme a barra se move da parte inferior para a parte superior da imagem. Mais especificamente, as cores em direção ao vermelho são ouvidas como tons baixos, enquanto que as cores em direção ao roxo são atribuídos aos tons mais altos. A luz que aparece como branco na imagem é ouvida como ruído branco. A ampla gama de frequências musicais representa todo o intervalo de frequências de raios-X coletadas pelo Chandra nessa região. Na imagem visual, esse grande intervalo de frequências em raios-X foi comprimido para ser mostrado como vermelho, verde e azul, para as energias baixas, médias e altas de raios-X. Quando tocado o som, todo o intervalo de dados pode ser experimentado. À medida que a barra sobe, a posição estéreo do som pode ajudar a distinguir a posição das fontes da esquerda para a direita.

A segunda imagem é a Nebulosa do Olho de Gato. Quando uma estrela parecida com o Sol queima todo o seu hélio, ela vai expelir imensas nuvens de gás e poeira. Essas rajadas podem formar estruturas espetaculares como as observadas na Nebulosa do Olho de Gato. Essa imagem contém tanto dados de raios-X do Chandra ao redor do centro e dados da luz visível do Telescópio Espacial Hubble, que mostram uma série de bolhas expelidas pela estrela com o passar do tempo. Para escutar esses dados, existe um scan parecido com um radar que se move no sentido horário emanando do ponto central para produzir o ton. A luz mais longe do centro é ouvida como tons mais altos enquanto a luz mais brilhante é mais ruidoso. Os raios-X são representados por um som mais áspero, enquanto a luz visível é ouvida como um som mais suave. Os anéis circulares criam um som constante que é interrompido por sons gerados pelos picos nos dados. A subida e a descida do tom podem ser ouvida pelo fato do scan de radar passar pelas conchas de gás e pelos jatos na nebulosa.

O objeto Messier 51, ou M51, é conhecido talvez melhor pelo seu apelido, Galáxia do Redemoinho pois a sua orientação de frente para a Terra revela os braços espirais circulando o centro da galáxia. Assim, com telescópio nós temos uma visão de outra galáxia espiral, que é parecida com a Via Láctea, mas que não podemos ver a sua estrutura pois moramos dentro dela. Assim como na Nebulosa do Olho de Gato, a sonificação começa no topo e se move radialmente ao redor da imagem na direção horária. O raio é mapeado para notas de uma escala melódica menor. Cada comprimento de onda de luz na imagem obtido pelos telescópios espaciais da NASA, é marcada com um diferente intervalo de frequência. A sequência começa com sons dos 4 tipos de luz, mas depois se move de forma separada enquanto se move pelos dados do Spitzer, Hubble, GALEX e o Chandra. Nos comprimentos de onda onde os braços espirais são proeminentes os tons sobem à medida que os braços espirais ficam mais longe do centro. Um ruído baixo associado com o núcleo brilhante pode ser ouvido, pontuado por sons curtos de fontes compactas de luz dentro da galáxia.

Essas sonificações do Campo Profundo, da Nebulosa do Olho de Gato e da Galáxia do Redemoinho foram lideradas pelo Chandra X-ray Center, o CXC. A colaboração foi dirigida pelos cientistas de visualização Dr. Kimberly Arcand, o astrofísico, Dr. Matt Russo e o músico Andrew Santaguida.

Leia mais sobre o Observatório de Raios-X Chandra da NASA:

http://www.nasa.gov/chandra

Fonte:

https://www.nasa.gov/mission_pages/chandra/news/data-turned-into-sounds-of-stars-galaxies-black-holes.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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