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22 de dezembro de 2024

Convecção e o Lado Escuro de Plutão – Space Today TV Ep.268

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Talvez uma das feições de Plutão mais espetacular, seja a bela Planície Sputnik. As células poligonais que formam essa grande planície são intrigantes, porém agora, os cientistas começam a tentar entender como elas são formadas.

Em dois artigos publicados na edição de 2 de Junho de 2016 da revista Nature, os cientistas apresentam seus resultados usando o estado da arte da simulação computacional, com os dados topográficos e composicionais adquiridos pela sonda New Horizons, e mostraram que a Plnaície Sputnik é coberta com células convectivas congeladas com 16 a 48 quilômetros de diâmetro e com menos de um milhão de anos de idade.

Os cientistas acreditam que os padrões dessas células presentes na Planície Sputnik de Plutão venham de um processo lento de convecção térmica dos gelos dominados pelo nitrogênio que preenchem a planície. Um reservatório que provavelmente tem dezenas de quilômetros em alguns lugares. Nesse caso, o nitrogênio sólido é aquecido pelo modesto calor interno de Plutão, começa a boiar na subsuperfície e começa a subir em grandes bolhas (como aquelas lâmpadas de lava que já foram comuns a algum tempo atrás), depois disso essas bolhas resfriam e formam as células, tornam-se pesadas, afundam e o ciclo de renovação da superfície de Plutão está completo.

Os modelos computacionais desenvolvidos pelos cientistas mostraram que o gelo precisa ter somente alguns poucos quilômetros de profundidade para esse processo ocorrer, e que a convecção de células é um processo bem amplo. Os modelos também mostraram que essas bolhas de nitrogênio sólido podem vagarosamente se desenvolver e se fundir durante milhões de anos.

As cadeias que marcam onde o gelo de nitrogênio afundou de volta podem ser abandonadas, resultando assim nas feições em forma de X e Y que são vistas nas junções onde três ou quatro células de convecção se encontram.

Esses movimentos convectivos da superfície são de poucos centímetros por ano, o que significa que as células reciclam a superfície a cada 500000 anos, algo que é muito para o tempo de vida humano, mas não é nada em termos geológicos. Essa atividade provavelmente também suporta a atmosfera de Plutão pela contínua renovação da superfície do coração de Plutão, e para os cientistas não seria surpresa alguma ver esse processo acontecendo em outros objetos do cinturão de Kuiper.

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De acordo com o Alan Stern, o principal pesquisador da New Horizons, a Planície Sputinik é sem dúvida alguma a descoberta geológica mais fascinante dos últimos 50 anos.

Além disso, a equipe da New Horizons lançou imagens de Plutão feitas pela sonda somente 19 minutos depois da sua maior aproximação, em 14 de Julho de 2015.

As imagens são aquelas obtidas com o Sol atrás de Plutão de modo que a atmosfera do planeta anão pode ser claramente identificada e estudada, mostrando todas as suas camadas com um detalhe impressionante. As imagens tem uma resolução de 430 metros por pixel e foram feitas a 21550 quilômetros de distância da superfície de Plutão.

Além das camadas atmosféricas é impressionante observar também as feições que aparecem no que chamamos de luz crepuscular. Entre essas feições está o que parece ser uma enorme nuvem sobre a superfície de Plutão, vista mais ao norte do planeta anão.

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Na parte sul é possível ver a bela silhueta de Plutão nos mostrando toda a sua topografia, com vales e picos que chegam a ter 5 km de altura.

Esse tipo de imagem é muito importante para os cientistas poderem modelar corretamente as feições observadas em Plutão, pois com a alta resolução, a silhueta é muito bem definida e isso em combinação com as imagens de alta resolução também feitas antes da maior aproximação fornecem os dados necessários para a melhor caracterização do nosso planeta anão favorito.

Fontes:

http://www.nasa.gov/feature/pluto-s-heart-like-a-cosmic-lava-lamp

http://www.nasa.gov/feature/secrets-revealed-from-pluto-s-twilight-zone

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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