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24 de dezembro de 2024

Conhecendo a Lua: Os Tubos de Lava da Lua

Um tubo de lava é um duto vulcânico por onde a lava viajou abaixo da crosta endurecida de um fluxo de lava. A presença de tubos de lava na Lua e em outros planetas é inferida por meio de observações feitas a partir de tubos de lava terrestres como aqueles encontrados no Havaí. Algumas vezes, um rille (rille é como são chamados os canais na Lua), repentinamente desaparece, reaparecendo novamente mais adiante. Esses são chamados de rilles descontínuos e acredita-se sejam áreas onde o tubo de lava colapsou. Segmentos de tubos de lava colapsados podem fornecer um acesso para a subsuperfície, o que é uma interessante possiblidade de se coletar amostras de rochas que permaneceram inalteradas devido ao intemperismo superficial, na Lua, causado pela radiação, pelo ciclo térmico e pelo bombardeamento de micrometeoritos.

O tubo de lava mostrado nessas imagens feitas pela sonda LRO está localizado a oeste do Montes Harbinger, uma grande kipuka, ou seja, uma região circundada por um ou mais fluxos de lava, no Oceanus Procellarum, e a leste da região de Rimae Prinz. A região de Rimae Prinz mostra exuberantes canais sinuosos, bem como outras depressões alongadas, indicando que devem existir outros tubos de lava na área. Toda essa região é de muito interesse para exploração, por algumas razões. A diversidade de morfologias vulcânicas na área podem dizer aos cientistas muito sobre a história vulcânica da Lua. Coletando amostras da superfície e da subsuperfície nessa região e mapeando o local com cuidado, os cientistas podem caracterizar melhor os diversos fluxos de basalto em termos tanto de idade como de composição, o que também nos ajuda a entender o tempo e a evolução do vulcanismo lunar e possíveis heterogeneidades no manto lunar. A qualquer momento que uma amostra é tirada de algum lugar na Lua ela pode ser datada, e isso pode ser usado para calibrar as densidades de crateras, medida essa que é usada para remotamente datar a superfície da Lua na ausência de amostragem diretas. Na verdade essa técnica é usada tanto para datar a superfície da Lua como a de outros planetas terrestres.

Os tubos de lava têm um interesse particular em termos da exploração humana, pois eles não são somente cientificamente valiosos, mas eles podem também funcionar como um escudo contra a radiação que possa representar perigo aos exploradores futuros do nosso satélite. Além disso, a região ao redor do tubo de lava mostrado nesse post, também abriga grandes depósitos piroclásticos, que são potenciais fontes de recursos, recursos esses que serão críticos para sustentar a presença humana na Lua. Os cientistas e engenheiros estão buscando a possibilidade de usar a estrutura natural do tubo de lava e seus recursos associados para construir os futuros habitats dos exploradores humanos, que chegarão até a Lua.

Fonte:

http://www.lroc.asu.edu/posts/821

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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