A imagem principal desse post é um frame capturado do vídeo abaixo, que mostra o primeiro mapa globalmente consistente das planícies brilhantes da Lua. As planícies brilhantes são mostradas em verde.
Mas o que são planícies brilhantes? Elas são depósitos parecidos com os mares, suaves e planos que tem um albedo maior, ou seja, uma refletância maior, do que os mares. As planícies brilhantes cobre cerca de 9.5% da superfície lunar, enquanto que os mares cobrem cerca de 16%.
Antes da missão da Apollo 16 em Abril de 1972, as planícies brilhantes eram pensadas como sendo de origem vulcânica. Os astronautas da Apollo 16, John Young e Charles Duke, pousaram seu módulo lunar na planície brilhante conhecida como Cayley Formation, no local de pouso conhecido como Descartes (-8.97 graus de latitude, 15.5 graus de longitude). Eles esperavam amostrar antigas rochas vulcânicas lunares, mas o que eles encontraram foram brechas, rochas feitas de fragmentos de rochas que são cimentadas juntas posteriormente.
Os cientistas na Terra identificaram que quase todos os 96 kg de rochas trazidas por Young e Duke eram amostras do material ejetado durante o gigantesco impacto que formou a Bacia Imbrium.
Desde a missão da Apollo 16, a maior parte das planícies brilhantes da Lua foram interpretadas como sendo relacionadas com grandes impactos, mas o exato mecanismo de formação e os modos como esse material se localiza na superfície da Lua ainda é um mistério.
O cientista da LROC, Dr. Heather Meyer, um pesquisador de pós-doutorado no Lunar and Planetary Institute, mapeou as planícies brilhantes em toda Lua usando dados de imagem da câmera de grande angular da LROC, a WAC. Para fazer esse mapa, ela empregou dois mosaicos lunares globais da LROC WZC, com condições de iluminação opostas. Isso significa que a maior parte das sombras geradas pelas feições da superfície lunar foram eliminadas. Ela então usou um mapa de rugosidade com base nos dados de topográfica da LROC WAC, para localizar as áreas planas. Finalmente, as planícies brilhantes, planas e suaves foram separadas dos mares planos e suaves, usando um mapa de mar global. Uma coisa interessante que é possível notar no mapa global de planícies brilhantes é que as planícies brilhantes com aglomerações de raios se estendem para fora da Bacia Orientale. Essa bacia está localizada nas coordenadas -19 graus de latitude e -94 graus de longitude, e com seus 3.8 bilhões de anos de vida é a mais jovem das bacias de impacto lunar. O padrão de planícies brilhantes observado fora da Orientale confirma algumas das interpretações baseadas nas análises da Apollo 16 e em outros trabalhos anteriores, a formação de grandes bacias contribui de forma significante para a população de planícies brilhantes. Embora nem todas as planícies brilhantes estejam relacionadas com a formação de bacias, as planícies brilhants fora da Bacia Orientale nos dizem algo fundamental sobre a maneira como os impactos da escala de uma bacia modificam a superfície lunar.
O impacto que formou a Bacia Orientale modificou a superfície lunar a uma distância aproximada de 2000 km do anel da bacia. Se todas as bacias tivessem um efeito comparável na superfície lunar, então, a maior bacia lunar, a Bacia Aitken do Polo Sul, que domina o lado distante da Lua, teria modificado quase que toda a superfície da Lua.
A análise estendida da modificação da superfície lunar além dos depósitos de material ejetado ao redor das grandes bacias, fornece uma área maior de referência, quando se procura relações entre as grandes bacias e os depósitos circundantes. Isso fornece aos cientistas uma nova oportunidade de entender a estratigrafia lunar, que forma a base da escala de tempo geológico lunar, de onde a história da nossa Lua é interpretada.
Feições de fluxo anteriormente não identificadas foram encontradas entre muitos dos depósitos de planícies brilhantes durante a criação do mapa global. Isso é crítico pois as feições de fluxo preservam a informação da dinâmica de deposição e das características físicas dos materiais que constituem as planícies brilhantes. Estudando essas feições de fluxos nós podemos determinar se as planícies brilhantes são formadas por detritos secos, por um componente significantemente derretido, ou por uma combinação dos dois.
Fonte:
http://lroc.sese.asu.edu/posts/1016