Astrônomos estão encontrando galáxias cada vez menores que contém pouco além de um milhão e possivelmente somente algumas milhares de estrelas.
Até recentemente, essas galáxias anãs muito apagadas localizadas no halo da Via Láctea, não tinham sido descobertas.
Agora os astrônomos estão usando técnicas avançadas e instrumentos acoplados no telescópio de 6.5 metros do Observatório do Monte Hopkins na Universidade do Arizona, para encontrar esse tipo de objeto.
Eles relataram sua última descoberta desse tipo de galáxia na constelação de Áries numa publicação da Sociedade Astronômica Real.
“Essas são galáxias que podem conter algumas milhares de estrelas, e essas estrelas estão sendo puxadas para dentro do halo da via Láctea”, disse o astrônomo Ed Olszewski.
“Nós estamos tentando entender se esses obejtos inacreditavelmente apagados estão intactos ou têm sido puxados pela Via Láctea”, disse Olszewski. “Nós estamos tentando entender com o que o halo da Via Láctea realmente parece, quantos desses objetos estão no halo e se o nosso censo da população de objetos existentes no halo concorda ou está em conflito com os modelos cosmológicos”.
“Saber quantas dessas galáxias satélites populam nossa vizinhança galáctica é importante se nós queremos saber se os nossos modelos cosmológicos usados para descrever a evolução da estrutura das galáxias está certo ou errado”, comenta o cientista.
“As amostras de objetos que nós encontramos possuem tão poucas estrelas que chegamos a pensar que não eram galáxias, exceto pelo fato deles terem movimentos internos, implicando que diferente de aglomerados estelares, eles possuem matéria escura como as grandes galáxias”, diz Olszewski.
Um censo mais preciso dessas galáxias anãs locais muito apagadas é importante pois ajudará os cientistas a determinar o quanto de matéria negra eles podem conter. Os cientistas acreditam que a matéria negra, ou a matéria que só é observada por meio dos seus efeitos gravitacionais, mas não pode ser diretamente observada pois não emite radiação, constitui 25% do universo. A matéria “normal” é responsável por 2 a 4% de do universo, enquanto que o restante é composto por energia escura.
Há uma década atrás, simulações teóricas mostraram que precisava ter de 10 a 100 vezes mais objetos no halo da Via Láctea do que os observados até então. Agora está se aproximando do número previsto pelas teorias, resolvendo o problema das galáxias satélites esquecidas e simultaneamente entendendo como a Via Láctea foi constituída.
Até recentemente, os astrônomos podiam encontrar as pequenas galáxias satélites apenas pelo exame de fotos tiradas de porções do céu. Hoje em dia é possível imagear pequenas galáxias que possuem um milionésimo do brilho como muitas estrelas da Via Láctea. Porém os pesquisadores estão buscando agora por galáxias 100 vezes mais apagadas que não apareceriam em nenhum tipo de fotografia. Esse tipo de galáxia é muito difícil de ser encontrado primeiro pelo fato de serem muito apagado e depois pelo fato de serem ofuscados pelo brilho das estrelas da galáxia.
Para realizar essa busca os astrônomos usaram um modelo matemático das estrelas com a cor e o brilho das mesmas nas galáxias que eles estavam procurando, movendo esse modelo como um tipo de padrão contra o campo de estrelas, eles podiam encontrar regiões onde o padrão se ajustava as estrelas observadas.
Com isso os astrônomos encontraram 10 galáxias satélites utilizando essa técnica de mineração de dados, mas agora o grupo de cientistas está buscando por galáxias ainda mais apagadas.
Essa detecção só será possível graças aos instrumentos utilizados pelos astrônomos. Uma câmera composta por 36 CCDs dá um grande poder ao telescópio de fazer imagens do céu profundo. O equipamento possui 300 fibras para registrar o espectro, ou as cores da estrelas, parâmetros esses que indicam a distância das estrelas.
Os astrônomos usam a velocidade das estrelas e a química das estrelas para determinar se elas são objetos que pertencem ao halo da Via Láctea ou a própria galáxia. Dado que os cientistas sabem as características do halo da Via Láctea, o modelo gerado há 10 anos atrás ainda é válido.
O modelo pode ser visto como uma grande almôndega numa panela de macarrão. A almôndega é a Via Láctea e o macarrão que se espalha por todas as direções representa as pequenas galáxias. Os cientistas estão encontrando não somente galáxias pequenas, eles estão encontrando algumas coisas encrostadas nelas ou maiores que elas, talvez galáxias com milhões de estrelas.
Quanto mais conseguirem observar o halo da galáxia mais os cientistas saberão como ele se formou e sua influência. O halo de uma galáxia grande é gerado pela destruição de galáxias menores. Com o tempo a Via Láctea não irá somente se alimentar de pequenas galáxias, mas também de galáxias maiores como as Nuvens de Magalhães.
Esse modelo mostra o halo da Via Láctea criado a partir de galáxias anãs destruídas. Esse modelo imita as estruturas de grande escala da Via Láctea e é qualitativamente consistente com os modelos modernos de evolução da estrutura no Universo. O centro galáctico da Via Láctea está localizado no centro da ilustração.
Fontes:
http://www.space.com/scienceastronomy/071212-milky-way-halo.html