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Como Seria se a Terra Tivesse Uma Segunda Lua – O Ponto de Vista de Um Observador

Muitos observadores do céu noturno, as vezes moram em locais em que boa parte do céu é obstruído, seja nas grandes cidades com edifícios, poluição luminosa, seja no campo com montanhas, árvores, entre outras coisas. Os assíduos observadores reclamam, por exemplo, do fato de não poderem observar a Lua durante toda a sua lunação, ou seja, acompanhar nosso satélite desde os primeiros dias em que nasce até o final do seu ciclo. Muitos só conseguem começar a observar a Lua quando já se passaram vários dias do início desse período. Muitos desses observadores teriam uma grande vantagem, por exemplo, se a Terra tivesse duas Luas. A imagem acima mostra um arranjo que funcionaria perfeitamente para muitos. Enquanto a Lua Cheia nasce no leste ao pôr-do-Sol, uma Lua Crescente prepara-se para se pôr a oeste. Essas duas luas poderiam ser mais estáveis dinamicamente se elas ficassem em pontos exatamente opostos em suas órbitas, de modo que sempre uma delas estaria visível no céu saciando a vontade dos observadores do céu noturno. Claro, essa segunda Lua teria uma história diferente, embora muitos aspectos pudessem ser similares. Estudos recentes sugerem que duas ou mais chamadas proto-luas podem ter se formado a partir de uma grande colisão, assim as nossas duas luas fictícias teriam a mesma origem e provavelmente histórias de impactos similares, mas cada uma delas poderia ser diferente nos detalhes. Muitos ficariam mais interessados, por exemplo, se essa segunda Lua tivesse uma história totalmente diferente, como se tivesse se formado na parte externa do cinturão de asteroides e tivesse sido perturbada pelo crescimento de Júpiter e então fosse capturada pela Terra. Dessa maneira essa segunda Lua seria mais rica em materiais carbonáceos e mesmo em gelo de água, enterrado abaixo de um regolito isolante, resultando em algo parecido a um cometa devido aos impactos sofridos na época quente do Sistema Solar. Se essa segunda Lua tivesse uma órbita exatamente equatorial, como é o caso da lua Fobos, então nós teríamos eclipses lunares e solares todo o mês, aí vem outra questão como isso teria impactado as religiões na Terra. Muita coisa com certeza seria diferente, mas será que valeria tanta mudança simplesmente para saciar o desejo desses loucos observadores? Bem, melhor procurarmos mesmo um local isolado e com o horizonte limpo para observarmos nossa única e querida Lua.

Fonte:

https://lpod.wikispaces.com/August+14%2C+2011

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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