Os cometas da Nuvem de Oort na borda do nosso Sistema Solar passam pela Terra uma vez na vida e outra na morte, além disso, logo que são detectados, nós não temos muito tempo para registrar, ou estudar esse cometa, algo parecido com o que aconteceu em 2017, quando um objeto interestelar, conhecido como Oumuamua, passou pela Terra.
Uma missão planejada pela Agência Espacial Europeia, a ESA, pretende aumentar as chances de termos um encontro mais de perto com um desses cometas velozes, ou com algum objeto interestelar antes que ele deixe o nosso quintal cósmico, ou seja, o nosso Sistema Solar.
“A ideia é esperarmos por um cometa vindo em nossa direção, então quando estiver perto da Terra, a gente manda uma sonda para interceptar esse cometa”, disse Solin Snodgrass, na Universidade de Edinnurgh, e líder da missão da ESA conhecida como Comet Interceptor.
A ESA anunciou que irá começar a construir a sonda para essa missão, programada para ser lançada em 2028. Diferente da missão anterior enviada para um cometa, como a Rosetta, que visitou o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, a Comet Interceptor terá a chance de fazer imagens e medidas de um objeto astronômico muito mais primitivo que nunca ficou sujeito ao calor do Sol antes.
A missão Rosetta, gastou 10 anos acelerando pelo Sistema Solar para que pudesse ajustar a sua velocidade com a velocidade do 67P, mas isso não será possível para a Comet Interceptor. “Esse cometa estará vindo muito mais rápido, pois ele vem da Nuvem de Oort e realmente passará como se tivesse sido atirado na direção do Sistema Solar interno, então a missão, será uma missão realmente rápida de sobrevoo. O tempo que completo de encontro com o cometa será de dias, imagens de alta resolução serão feitas em minutos ou horas”, disse Snodgrass.
A Comet Interceptor inclui uma nave mãe e duas sub-sondas que serão lançadas ao espaço e ficarão lá esperando enquanto os astrônomos aqui na Terra rastreiam possíveis alvos. Quando um cometa for identificado, em uma trajetória próxima da Terra, eles enviarão a sonda na sua direção. Todas as três partes carregam câmeras e instrumentos para medir os campos magnéticos, as partículas carregadas, e a composição do gás e da poeira.
As 3 sondas ficarão estacionadas num ponto no espaço, a cerca de 1.5 milhão de quilômetros da Terra, conhecido como Ponto de Lagrange L2, onde a força gravitacional da Terra e do Sol e a força centrípeta no objeto ficam equilibradas de modo que é possível manter a sonda ali com pouco esforço.
“Nós iremos encontrar o cometa a uma velocidade de dezenas de quilômetros por segundo. Cada grão de poeira será como uma bala de um rifle, então teremos que ter um escudo para proteger a sonda, mas a ideia é que a sonda principal passe a uma distância segura onde a poeira não possa causar danos. Já as sondas menores passarão bem perto do cometa, e terão o sério risco de não sobreviverem ao encontro”, disse Snodgrass.
Apesar do alvo primário ser um cometa de origem conhecida, no caso a Nuvem de Oort, ele disse que se outro objeto interestelar for detectado, a missão poderia mudar o alvo e chegar perto desse objeto registrando assim as propriedades que dariam pistas sobre sua origem e sua composição.
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