Dois cientistas planetários do Reino Unido – o Prof. Chandra Wickramasinghe do Buckingham Center for Astrobiology e o Dr. Max Wallis da University of Cardiff – têm uma possível explicação para as estranhas propriedades do cometa que está sendo estudado pela sonda Rosetta da ESA: micro-organismos que moldam a atividade cometária.
O Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é um cometa relativamente pequeno da família de cometas de Júpiter, com cerca de 4 km de diâmetro, movendo-se a uma velocidade de 135000 km/h.
Ele circunda o Sol, entre as órbitas de Júpiter e da Terra, que representa algo em torno de 800 milhões a 186 milhões de quilômetros do Sol.
“Apesar do cometa ter uma crosta muito escura, as imagens da Rosetta mostram alguns indicativos de uma morfologia congelada na subsuperfície. O cometa apresenta, áreas suaves e planas e crateras com o assoalho plano, ambas as feições também foram observadas no cometa Tempel-1”, disseram os cientistas.
“A superfície do cometa 67P, é salpicada com grandes pedaços de rochas como o Cometa Hartley-2, enquanto que o terreno paralelo aparece como uma nova feição de gelo. As maiores áreas planas curvas ao redor de um dos lobos do cometa, e suas crateras se estendem por cerca de 150 metros de diâmetro e são formadas por corpos de água recongelados sobrepostos com detritos ricos em matéria orgânica com cerca de 10 cm”.
“O terreno paralelo e franzido está relacionado à flexura do corpo formado por dois lobos assimétricos em rotação, que geram fraturas no corpo de gelo subjacente”.
“Todas essas características são consistentes com uma mistura de gelo e material orgânica que se consolida sob o calor do Sol durante a órbita do cometa, quando micro-organismos ativos podem ser mantidos”, dizem os pesquisadores.
Nos seus modelos, micro-organismos alienígenas provavelmente necessitam de corpos de água líquida para colonizar o cometa e poderiam habitar as fraturas no gelo e na neve. Organismos contendo sais anti-congelantes são particularmente bons candidatos para se adaptarem nessas condições e alguns deles poderiam ser ativos em temperaturas abaixo de 40 graus Celsius.
Áreas iluminadas pelo Sol no cometa se aproximaram dessa temperatura em Setembro de 2014, quando ele estava a 500 milhões de quilômetros de distância do Sol e fracas emissões de gás eram evidentes. À medida que ele se aproxima do Sol – com o periélio acontecendo a 195 milhões de quilômetros – a temperatura está aumentando, a atividade gasosa também se tornando mais ativa e também os micro-organismos poderiam ficar cada vez mais ativos.
“A emissão de gás já era evidente em Setembro a 3.3 UA, com a temperatura de pico na superfície entre 220 e 230 K, o que implica moléculas de H2O fracas e/ou misturas orgânicas não consolidadas. O aumento na taxa de emissão de gases à medida que o cometa 67P alcança o periélio a cerca de 1.3 UA revelarão a ativação de possíveis micro-organismos bem como a natureza e prevalência de gelo próximo da superfície”, dizem os cientistas.
“A Rosetta já está mostrando que o cometa não pode ser visto como um corpo inativo e profundamente congelado, mas que suporta sim processos geológicos e que poderia ser um lugar hospitaleiro para uma vida microscópica, mais hospitaleiro até do que as regiões no Ártico e na Antártica”, dizem eles.
“Se o módulo orbital Rosetta encontrar alguma evidência de vida no cometa, isso seria um tributo para marcar o centenário de nascimento do Sir Fred Hoyle, um dos pioneiros da Astrobiologia”.
Os cientistas apresentaram suas ideias numa conferência, realizada no dia 6 de Julho de 2015, o National Astronomy Meeting em Llandudno, em Wales, no Reino Unido.
Fonte:
http://www.sci-news.com/space/science-67p-comet-alien-life-02986.html