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China e Rússia Assinam Acordo Para a Construção de Uma Base Lunar de Pesquisa

Os chefes das agências espaciais da Rússia e da China assinaram um memorando de entendimento para a construção cooperativa de uma estação de pesquisa lunar internacional.

Zhang Kejian, chefe da China National Space Administration, a CNSA, e Dmitry Rogozin, Diretor Geral da ROSCOSMOS, assinaram o documento durante uma reunião virtual no dia 9 de março de 2021.

A International Lunar Research Station, ou ILRS, como está sendo chamada, é descrita como sendo uma base compreensiva científica de experimentos na superfície da Lua ou na órbita da Lua que pode realizar atividades de pesquisa científica multidisciplinares e com múltiplos objetivos incluindo a exploração e utilização, observação baseada na Lua, experimentos científicos básicos, experimentos de prova de tecnologia e operação autônoma de longo prazo.

O acordo assinado entre a ROSCOSMOS e a CNSA destaca que o projeto será aberto a todos os países interessados e parceiros internacionais.

Embora não esteja de forma explícita, é entendido que a ILRS deva ser construída no polo sul lunar.

A assinatura do acordo também dispôs que os dois lados usarão a sua experiência acumulada em ciência, pesquisa e desenvolvimento espacial e irão usar equipamentos espaciais e a tecnologia espacial disponível para, de forma conjunta, desenvolver toda uma base para a construção de uma estação de pesquisa científica internacional na Lua.

A ROSCOSMOS disse que o prospecto aponta a presença humana na Lua seguindo a fase robótica do projeto.

Não é de agora que China e Rússia se aproximam para o desenvolvimento de experimentos espaciais de forma conjunta. Os dois países já tinham assinado no passado acordos de cooperação para a Chang’e-7 e para a missão Luna 27, além da construção de um centro de dados conjunto para a exploração lunar e exploração do espaço profundo.

A ESA também foi envolvida nas discussões, embora recentemente tenha assinado com a NASA o acordo para o desenvolvimento da Gateway, a estação na órbita da Lua do programa Artemis da NASA.

A ESA está seguindo de perto os planos de exploração da Lua para poder saber onde o interesse programático da agência se encontra com o chinês, em algumas das futuras missões Chang’e-6, 7 e 8 e até mesmo na iniciativa da ILRS.

O conceito da ILRS é um estágio de expansão e de evolução natural do plano e das missões de exploração da Lua, que foram aprovadas no início dos anos 2000. A China já lançou para a Lua, dois orbitadores, um par de landers e rovers, e no final de 2020, a complexa missão Chang’e-5 que trouxe amostras da Lua para a Terra.

A missão Chang’e-6 que irá trazer para a Terra amostras da região polar da Lua, e a missão multisondas Chang’e-7 estão programadas para serem lançadas entre 2023 e 2024. A última missão de todo esse planejamento inicial, a Chang’-8 será desenhada para a utilização de recursos da Lua e para testar a tecnologia de impressão 3D na Lua, bem como fazer experimentos relacionados com a possível permanência por longo prazo do ser humano em solo lunar. Essas missões irão formar a base robótica da ILRS antes dela se expandir e se tornar uma base lunar para estadias de longa duração.

Já no lado da Rússia, está acontecendo a preparação para o lançamento das missões Luna 25, 26 e 27, são missões que irão levar módulos de pouso, ou seja, landers, e essas missões devem acontecer no decorrer da década de 2020.

O estágio inicial da ILRS parece consistir em um grande número de sondas discretas, e isso tem um contraste muito grande com o programa integrado e muito mais complexo, por exemplo da ISS.

A China está também desenvolvendo capacidades para a realização do voo humano no espaço profundo. Em maio de 2020, a China testou uma nova geração de sondas espaciais e além disso está desenvolvendo dois grandes veículos lançadores para levar a estrutura da estação para o espaço e também a tripulação.

A estação espacial chinesa, com construção programada para começar em abril de 2020, fará com que a China ganhe experiência nas operações de voos espaciais com humanos, se preparando de forma definitiva para a as missões tripuladas para a futura base lunar.

Fonte:

https://spacenews.com/china-russia-enter-mou-on-international-lunar-research-station/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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