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Chang’e 6: O Próximo Passo da China na Exploração Lunar

A China está se preparando para lançar a missão Chang’e 6 em 2024, com o objetivo de coletar pela primeira vez amostras do lado oculto da Lua. Essa complexa missão, composta por quatro espaçonaves, será lançada a bordo de um foguete Long March 5, partindo do Centro de Lançamento de Satélites de Wenchang. As missões Chang’e 7 e 8 estão programadas para serem lançadas em 2026 e 2028, respectivamente, conforme anunciado por Wu Yanhua, chefe do projeto de exploração espacial profunda da China.

A missão Chang’e 6 tem a duração prevista de 53 dias e tem como objetivo principal pousar na Lua, coletar até 2 quilogramas de material lunar utilizando uma pá e uma broca, e retornar as amostras à Terra. O local de pouso escolhido está localizado no lado oculto da Lua, na bacia do Apollo, uma enorme cratera de impacto com aproximadamente 2.500 quilômetros de diâmetro.

A bacia do Apollo fica dentro da ainda maior bacia SPA, uma cratera de impacto colossal e antiga que cobre quase um quarto do lado oculto da Lua. Acredita-se que o impacto que formou a bacia SPA tenha escavado material abaixo da crosta lunar, e por isso, a área pode conter informações valiosas sobre a história da Lua e a evolução do sistema solar.

Em 2020, a China realizou sua primeira missão de retorno de amostras lunares com a Chang’e 5. Essa missão, que coletou amostras da região do Oceanus Procellarum no lado visível da Lua, foi a primeira vez em mais de 40 anos que amostras foram trazidas do nosso satélite natural.

A missão Chang’e 6 enfrentará desafios ainda maiores do que a Chang’e 5, devido ao fato de estar explorando o lado oculto da Lua. Como esse lado nunca fica voltado para a Terra e não pode ser visto diretamente, a China enviará primeiro um satélite chamado Queqiao 2 para retransmitir as comunicações entre a Chang’e 6 e as equipes na Terra.

As missões Chang’e têm sido fundamentais para o avanço do conhecimento científico sobre a Lua e para o desenvolvimento do programa espacial chinês. As informações obtidas por essas missões contribuem para uma melhor compreensão da evolução geológica da Lua e podem ajudar a identificar recursos valiosos que podem ser utilizados em futuras missões tripuladas e bases lunares.

O sucesso das missões Chang’e também destaca a crescente importância da cooperação internacional no espaço. Embora a exploração lunar seja um objetivo comum para muitos países, as diferenças tecnológicas e abordagens científicas podem complementar-se mutuamente, gerando benefícios para todos os envolvidos. O compartilhamento de dados e a colaboração em projetos conjuntos podem acelerar a descoberta e a inovação, ampliando a nossa compreensão do espaço e facilitando futuras missões tripuladas e não tripuladas.

A missão Chang’e 6 é apenas mais um passo em direção a uma maior exploração do espaço. Se bem-sucedida, ela servirá como um modelo para futuras missões de coleta de amostras em outros corpos celestes, como Marte e asteroides. Além disso, o sucesso da Chang’e 6 pode incentivar outros países a investir em missões similares, impulsionando ainda mais a exploração espacial e a busca pelo conhecimento.

As amostras coletadas pela Chang’e 6 podem ter diversas aplicações práticas. Além de forncer informações científicas importantes, elas também podem ser usadas para desenvolver tecnologias que facilitem a exploração e a colonização do espaço. Por exemplo, a pesquisa sobre a composição das rochas e do regolito lunar pode levar ao desenvolvimento de materiais e técnicas de construção para estruturas lunares, como habitats e estações de pesquisa.

O sucesso das missões Chang’e pode ter um efeito significativo na indústria espacial, incentivando o investimento em tecnologias e infraestruturas relacionadas ao espaço. Além disso, à medida que a exploração lunar se torna mais acessível, empresas privadas e governamentais podem se interessar em investir em atividades na Lua, como mineração, turismo e ciência.

Com a Chang’e 6 e as futuras missões Chang’e 7 e 8, a China demonstra seu compromisso contínuo com a exploração lunar e o desenvolvimento de seu programa espacial. Essas missões são fundamentais para estabelecer a presença da China no espaço e podem abrir caminho para futuras missões tripuladas à Lua e além.

A missão Chang’e 6 representa um marco importante na exploração espacial e um passo significativo para o programa espacial chinês. Se bem-sucedida, a missão servirá como um exemplo de como a cooperação internacional e o investimento em tecnologias avançadas podem impulsionar a nossa compreensão do universo e expandir as fronteiras da exploração humana. Estamos ansiosos para acompanhar o progresso dessa emocionante missão e as descobertas científicas que ela trará.

Fonte:

https://www.space.com/china-moon-far-side-sample-return-mission-2024

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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