A próxima cápsula da NASA que levará tripulação para o espaço passou, hoje, dia 2 de Julho de 2019 por um grande teste, dando um passo a mais na direção do seu voo operacional.
A cápsula Orion, realizou o seu teste de abortagem de lançamento, mostrando que ela pode de fato tirar os astronautas do caminho de um possível acidente caso ocorra algum tipo de emergência no lançamento. Esse teste é fundamental para manter a ideia de se fazer o primeiro voo tripulado da Orion em 2022.
“Daqui está tudo lindo”, disse Ashley Tarpley, o líder de segurança de voo e range para o teste que aconteceu nesse dia 2 de Julho de 2019, durante a transmissão. “Eu acho que foi excelente, nós não podíamos esperar nada melhor que isso para o dia de hoje, foi maravilhoso”.
Uma versão de teste da cápsula Orion foi lançada às 8:00 hora de Brasília desde a Estação da Força Aérea de Cabo Canaveral na Flórida, usando como motor o primeiro estágio recondicionado de um míssil balístico intercontinental Peacekeeper. Cinquenta e dois segundos depois, numa altitude de 9450 metros, o sistema de abortagem de lançamento, o LAS, que fica preso no topo da cápsula foi acionado.
O motor do LAS foi ligado, e suas 400 mil libras de empuxo puxaram a Orion para cima e para longe do foguete gerando uma força de 7G no processo. Só para lembrar aqui na Terra, tranquilo, estamos sentindo uma força de 1 G. Na hora da abortagem, a Orion foi projetada para atingir a velocidade de 1300 km/h e experimentar temperaturas e pressão extremas.
Um pouco mais de 80 segundos em voo, numa altitude de cerca de 13400 metros, a torre do LAS se separou e a Orion começou a voar livremente e a descer.
Todo o procedimento durou cerca de 3 minutos depois do lançamento, quando a cápsula então caiu no Oceano Atlântico, a uma velocidade de 500 km/h, e a 11 km da costa da Flórida. A cápsula provavelmente se partiu devido ao impacto e afundou no oceano, disse a NASA.
Isso era esperado, pois a cápsula do teste voou sem paraquedas ou sistema de controle de altitude, que, obviamente estarão presentes durante os voos tripulados.
A equipe de projeto decidiu por esse tipo de teste para que ele fosse realizado logo e eles pudessem ter os dados para serem trabalhados. Mark Kirasich, gerente de programa da Orion disse na conferência antes do teste que a cápsula estava equipada com 900 sensores para coletar dados de pressão, temperatura e outras variáveis importantes. “Nós queremos informar que as missões podem passar para a próxima etapa”, disse ele.
As futuras missões incluem a Artemis 1, o primeiro voo da Orion e do seu foguete, o Space Launch System, ou SLS, que ainda está em desenvolvimento. A Artemis 1 está programada para voar daqui a 1 ano, essa missão irá mandar uma cápsula Orion, não tripulada numa jornada ao redor da Lua. Essa será a primeira missão que usará o tão esperado SLS.
Depois, teremos a Artemis 2, o primeiro voo tripulado do sistema, que deve acontecer em 2022, se tudo correr como o planejado. Essa missão irá fazer um sobrevoo pela Lua e irá fazer história como sendo a primeira missão desde 1972 a levar astronautas além da órbita baixa da Terra.
A Artemis é o ambicioso programa de exploração lunar da NASA que tem como objetivo pousar astronautas perto do polo sul da Lua em 2024 e construir lá uma permanência sustentável de longo prazo. Todo esse trabalho visa, ajudar a preparar a humanidade para o próximo salto de gigante, uma missão tripulada para Marte, que de acordo com a NASA deve acontecer na década de 2030.
O voo de teste desse dia 2 de Julho de 2019 é oficialmente conhecido como Ascent Abort-2. Como o nome sugere esse foi o segundo teste do sistema de abortagem. O primeiro aconteceu em Maio de 2010, quando o LAS tirou a cápsula Orion do solo num teste de abortagem na plataforma.
Sistemas de escape são comuns em naves espaciais tripuladas. Por exemplo, a nave Soyuz da Rússia, tem uma torre de escape bem parecida com a da Orion. E para saber como isso é importante, em Outubro de 2018, essa torre foi usada com sucesso, durante um voo com dois astronautas que iam para a ISS, essa foi a primeira vez que o LAS foi usado durante uma missão operacional desde um lançamento com a Soyuz que aconteceu em 1983. Os ônibus espaciais não possuíam um sistema como o LAS, e por isso, que a tripulação da Challenger não teve como escapar depois do mal funcionamento de um dos booster no acidente de 1986.
As duas cápsulas comerciais em desenvolvimento, tanto a CST-100 Starliner da Boeing, como a Crew Dragon da SpaceX, possuem foguetes de abortagem de missão no próprio corpo da cápsula. Aliás, foi no teste desse sistema que a SpaceX perdeu a Crew Dragon, poucos meses atrás. Esse tipo de design, que não é uma torre como o LAS é conhecido como sistema de “pusher” ou sistema impulsionador, isso porque, a cápsula é impulsionada por ela mesma, ao invés de ter uma torre com motores para puxar a cápsula. Mas o objetivo é o mesmo, salvar os atronautas no caso de uma emergência.
Fonte:
https://www.space.com/nasa-orion-capsule-abort-test-flight.html