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17 de novembro de 2024

Calota Polar Residual Sul de Marte Tem Seu Terreno de Queijo Suíço Monitorado

Como a Terra, Marte, tem concentrações de gelo de água em ambos os polos. Pelo fato de Marte ser mais frio que a Terra, o gelo de dióxido de carbono é depositado nas altas latitudes no inverno e é removido na primavera, análogo ao ciclo terrestre no inverno.

Ao redor do polo sul existem áreas desse gelo de dióxido de carbono que não desaparece em toda a primavera, mas sobrevive de um inverno para outro, esse gelo de dióxido de carbono persistente é chamado de calota polar residual sul. A retenção do dióxido de carbono através do ano pela calota polar é uma das características que a distingue da calota polar norte de Marte.
Como pode ser visto nessa imagem feita pela HiRISE e aqui reproduzida da calota polar residual sul, um material relativamente suave é quebrado por depressões circulares, ovaladas em forma de bolhas. Esse padrão de terreno é chamado de “queijo suíço”. As áreas elevadas são formadas por gelo de dióxido de carbono com espessura de aproximadamente 10 metros. As depressões, acredita-se serem causadas pela remoção desse gelo de dióxido de carbono por sublimação (a mudança do estado de um material diretamente do estado sólido para o estado gasoso). À medida que as depressões parecem ter assoalhos relativamente planos, existe a probabilidade de alguma camada abaixo, possivelmente feita de gelo de água que não pode ser facilmente removida pela sublimação. Formas complicadas nascem quando depressões vizinhas que estão crescendo se interceptam.

Um sistema de imageamento anterior a HiRISE que atuava em Marte, chamado de Mars Orbiter Camera (MOC) fez imagens dos mesmos locais na calota polar residual sul todo ano por muitos anos e mostraram que existem mudanças anuais que ali acontecem. Observando depressões de diferentes tamanhos e formas em uma imagem como essa, e comparando imagens feitas do mesmo lugar ano após ano, o desenvolvimento do terreno tipo “queijo suíço”, pode ser descrito. O processo de sublimação pode começar numa pequena depressão rasa em uma superfície suave. Essa depressão então afunda até alcançar uma camada resistente abaixo e continua a se expandir lateralmente em todas as direções criando depressões geralmente arredondada que são vistas hoje. Áreas suaves com diferentes pesos e espessuras e diferentes profundidades de depressões que serão encontradas, pode indicar que múltiplos episódios de acumulação sublimação ocorreram.

Essa é uma das localizações previamente monitoradas em baixa resolução pelo MOC. Com as imagens em alta resolução e obtidas de forma repetida utilizando toda a capacidade da HiRISE espera-se continuar monitorando e medindo de forma mais precisa a quantidade da expansão da depressão de um ano para outro em Marte. Esse é um dos locais especialmente imageado pela HiRISE para essa proposta.

Conhecendo a quantidade e a taxa de dióxido de carbono que é removida, pode nos dar uma melhor ideia do papel do dióxido de carbono (o principal componente da atmosfera marciana) nos processos atmosféricos polares, nas condições climáticas e ambientais atuais e como o clima de Marte pode estar mudando.

Na imagem da HiRISE como essa, é evidente nos taludes especialmente das grandes mesas acima do centro da imagem que o material rico em dióxido de carbono pode ser constituído de algumas camadas individuais horizontais. Contudo, também parece que à medida que a erosão age sobre essa mesa, pedaços dela se quebram e descem  pelo talude, onde isso ocorre o resultado é uma aparência de camadas.

Uma interessante feição nessa imagem da HiRISE é a rede de cadeias e vales que se cruzam na parte superior suave do terreno. Essa feição também pode ser complexamente desenvolvida no processo de sublimação e de deposição de gelo de dióxido de carbono.


Fonte:

http://www.uahirise.org/PSP_005095_0935

 

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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