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13 de setembro de 2024

Buracos Negros Poderiam Ser Fonte de Energia Para Civilizações Avançadas no Universo

A exploração do cosmos e a busca por sinais de vida inteligente têm sido temas centrais na astrofísica e na cosmologia. Recentemente, uma nova proposta intrigante emergiu no campo das tecnossinaturas, sugerindo que buracos negros poderiam ser utilizados como fontes de energia por civilizações avançadas. Esta ideia, que combina conceitos de física teórica com a busca por vida extraterrestre, foi inicialmente proposta por Roger Penrose em 1971 e ganhou nova relevância com os estudos contemporâneos de cientistas como Avi Loeb.

Em 1971, o físico matemático inglês e laureado com o Prêmio Nobel, Roger Penrose, propôs um método pelo qual a energia poderia ser extraída de um buraco negro rotativo. Ele argumentou que isso poderia ser realizado construindo um dispositivo ao redor do disco de acreção do buraco negro, onde a matéria em queda é acelerada a velocidades próximas à da luz, desencadeando a liberação de energia em múltiplos comprimentos de onda. Desde então, diversos pesquisadores sugeriram que civilizações avançadas poderiam utilizar este método, conhecido como Processo de Penrose, para alimentar suas necessidades energéticas. Esta ideia representa uma tecnossinatura potencial que deveríamos procurar em nossas pesquisas.

Entre as teorias que exploram essa possibilidade está a Hipótese da Transcensão de John M. Smart, uma resolução proposta para o Paradoxo de Fermi. Smart sugeriu que inteligências avançadas poderiam migrar para regiões ao redor de buracos negros para aproveitar a energia disponível. A mais recente contribuição a este campo vem do professor de Harvard, Avi Loeb, que propôs em um artigo recente que civilizações avançadas poderiam depender de um “Black Hole Moon” para fornecer energia indefinidamente ao seu planeta natal. Segundo Loeb, a maneira como este buraco negro iluminaria o planeta que orbita constituiria uma tecnossinatura potencial para futuras pesquisas do SETI.

Avi Loeb é o Professor Frank B. Baird Jr. de Ciência na Universidade de Harvard, Diretor do Instituto de Teoria e Computação no Centro Harvard-Smithsonian de Astrofísica (CfA), Diretor fundador da Iniciativa de Buracos Negros (BHI) e chefe do Projeto Galileo. Seu artigo mais recente, “Illumination of a Planet by a Black Hole Moon as a Technological Signature,” foi publicado nas Research Notes of the American Astronomical Society (RNAAS). Esta proposta inovadora não só amplia nossa compreensão sobre o uso de buracos negros como fontes de energia, mas também abre novas possibilidades na busca por sinais de civilizações extraterrestres.

Em 1971, o físico matemático inglês e vencedor do Prêmio Nobel, Roger Penrose, propôs um método inovador para extrair energia de um buraco negro em rotação. Este método, conhecido como Processo de Penrose, envolve a construção de um dispositivo ao redor do disco de acreção do buraco negro, onde a matéria em queda é acelerada a velocidades próximas à da luz, desencadeando a liberação de energia em múltiplos comprimentos de onda. Desde então, diversos pesquisadores sugeriram que civilizações avançadas poderiam utilizar este método para alimentar suas necessidades energéticas, considerando-o uma tecnossinatura potencial a ser observada em pesquisas de inteligência extraterrestre.

Um exemplo notável é a Hipótese da Transcensão de John M. Smart, uma proposta para resolver o Paradoxo de Fermi. Smart sugeriu que inteligências avançadas poderiam migrar para regiões ao redor de buracos negros para aproveitar a energia disponível. Esta hipótese postula que civilizações suficientemente avançadas poderiam encontrar um refúgio energético ideal nas proximidades desses objetos cósmicos, utilizando-os como fontes de energia praticamente inesgotáveis.

Outra contribuição significativa para este campo veio de Stephen Hawking, que em 1975 teorizou que buracos negros emitem fótons, neutrinos e algumas partículas maiores, fenômeno que ficou conhecido como Radiação de Hawking. Esta teoria abriu novas possibilidades para o uso de buracos negros como fontes de energia. As propostas geralmente se dividem em duas categorias principais: a primeira envolve a utilização do momento angular dos discos de acreção dos buracos negros (o Processo de Penrose) ou a captura do calor e energia gerados por seus jatos de hipervelocidade, possivelmente na forma de uma Esfera de Dyson. A segunda categoria explora a alimentação de matéria nos buracos negros e a utilização da Radiação de Hawking resultante.

Essas ideias formam a base teórica sobre a qual o professor Avi Loeb, da Universidade de Harvard, construiu sua proposta mais recente. Loeb sugere que uma civilização avançada poderia confiar no processo de Radiação de Hawking, engenhando um buraco negro que orbitasse seu planeta natal. Este buraco negro, embora pequeno em massa (cerca de cem mil toneladas), poderia ser mantido por meio da acreção de pequenas quantidades de matéria, fornecendo uma fonte de energia contínua e eficiente. A proposta de Loeb não só expande as possibilidades teóricas de utilização de buracos negros como fontes de energia, mas também sugere uma nova tecnossinatura que poderia ser detectada em futuras pesquisas de inteligência extraterrestre.

Em um estudo recente, o Professor Avi Loeb, renomado astrofísico de Harvard, apresentou uma proposta inovadora que sugere como uma civilização avançada poderia utilizar um buraco negro como uma fonte de energia sustentável. Intitulada “Illumination of a Planet by a Black Hole Moon as a Technological Signature,” a pesquisa de Loeb explora a possibilidade de um buraco negro orbitando um planeta, fornecendo energia contínua através da emissão de radiação de Hawking.

Loeb propõe a criação de um buraco negro extremamente pequeno, com uma massa de aproximadamente cem mil toneladas (1011 g). Este buraco negro, se deixado sem controle, evaporaria em cerca de um ano e meio devido à emissão de radiação de Hawking. No entanto, Loeb sugere que, ao alimentar o buraco negro com uma quantidade relativamente pequena de matéria – cerca de 2,2 kg por segundo – seria possível mantê-lo estável e, ao mesmo tempo, gerar uma quantidade colossal de energia.

O conceito central da proposta de Loeb é que a matéria que cai no buraco negro é convertida em energia com uma eficiência perfeita de 100%, uma vez que a massa é transformada diretamente em radiação de Hawking. Para colocar isso em perspectiva, a única outra forma conhecida de conversão de massa em energia com eficiência semelhante é a aniquilação matéria-antimatéria, um processo que, atualmente, está muito além das capacidades tecnológicas humanas. Desde 1995, os colisionadores de partículas no CERN conseguiram produzir menos de dez nanogramas de antimatéria, o suficiente para alimentar uma lâmpada de 60 watts por apenas quatro horas.

Em contraste, o buraco negro proposto por Loeb poderia fornecer continuamente 40 quadrilhões (4 x 1015) de watts de energia. Para se ter uma ideia, o consumo global de energia é de alguns terawatts, o que significa que este buraco negro poderia fornecer energia suficiente para toda a humanidade milhares de vezes. Além disso, um buraco negro pode utilizar qualquer forma de matéria como combustível, incluindo resíduos, o que oferece uma solução dupla: geração de energia limpa e eliminação de lixo.

Loeb também destaca a viabilidade tecnológica de sua proposta, argumentando que, embora a criação de um “universo bebê” através de tunelamento quântico seja algo que apenas uma civilização do Tipo III poderia alcançar, a produção de um buraco negro de 1011 g seria uma tarefa mais simples, talvez ao alcance de uma civilização do Tipo II. No entanto, isso ainda exigiria a compressão de matéria a uma densidade 60 ordens de magnitude acima da densidade do ferro sólido, algo que só foi possível nos primeiros momentos após o Big Bang.

O aspecto mais intrigante da proposta de Loeb é a possibilidade de detectar tal buraco negro como uma tecnossinatura. Um planeta rochoso iluminado por uma lua de raios gama sem uma estrela companheira de massa estelar poderia ser um indicativo claro de uma civilização avançada utilizando um buraco negro como fonte de energia. Assim, a proposta de Loeb não apenas abre novas possibilidades para a geração de energia, mas também para a busca de vida inteligente no universo.

O potencial energético de um buraco negro proposto por Avi Loeb é, sem dúvida, impressionante. De acordo com suas estimativas, um buraco negro com uma massa de 1011 gramas poderia fornecer uma potência contínua de 40 quadrilhões (4 x 1015) de Watts. Para colocar isso em perspectiva, o consumo global de energia é de alguns terawatts, o que significa que o buraco negro poderia fornecer energia suficiente para suprir as necessidades energéticas da Terra milhares de vezes. Essa eficiência energética é alcançada porque a massa que cai no buraco negro é convertida em radiação de Hawking com uma eficiência de 100%, uma característica que nenhuma outra forma de conversão de massa em energia pode igualar, exceto a aniquilação matéria-antimatéria.

Além do potencial energético, as vantagens ambientais de um buraco negro como fonte de energia são igualmente notáveis. Um dos maiores desafios enfrentados pelas civilizações avançadas, incluindo a nossa, é a gestão de resíduos. Atualmente, os seres humanos produzem aproximadamente 1,92 bilhões de toneladas métricas de lixo anualmente, o que tem um impacto ambiental severo. No entanto, um buraco negro poderia utilizar qualquer forma de matéria como combustível, incluindo lixo. Isso significa que uma civilização avançada poderia resolver simultaneamente seus problemas de energia e de gestão de resíduos, convertendo lixo em energia limpa com 100% de eficiência.

Comparado com outras formas de energia, como a produção de antimatéria, o buraco negro proposto por Loeb apresenta vantagens significativas. Desde 1995, os colisionadores de partículas no CERN conseguiram produzir menos de dez nanogramas de antimatéria, o suficiente para alimentar uma lâmpada de 60 watts por apenas quatro horas. Em contraste, o buraco negro de 1011 gramas proposto por Loeb poderia fornecer energia contínua e praticamente ilimitada. Além disso, a produção de antimatéria é extremamente cara e tecnicamente desafiadora, enquanto o buraco negro poderia ser mantido simplesmente alimentando-o com pequenas quantidades de matéria.

Em resumo, as implicações tecnológicas e ambientais de utilizar um buraco negro como fonte de energia são profundas. A capacidade de gerar energia limpa e ilimitada, juntamente com a solução para o problema de resíduos, representa um avanço significativo para qualquer civilização. No entanto, a criação e manutenção de tal buraco negro ainda apresentam desafios tecnológicos monumentais, que somente uma civilização altamente avançada poderia superar. Mesmo assim, a proposta de Loeb abre novas possibilidades para a exploração de fontes de energia inovadoras e sustentáveis no futuro.

A proposta de utilizar buracos negros como fontes de energia, embora fascinante, enfrenta desafios tecnológicos significativos. A criação de um buraco negro com a massa específica sugerida por Avi Loeb, de 100 mil toneladas, requer compressão de matéria ou radiação a uma densidade 60 ordens de magnitude acima da densidade do ferro sólido. Para se ter uma ideia, a densidade dos núcleos atômicos ou das estrelas de nêutrons é apenas 15 ordens de magnitude acima da densidade sólida. Este nível de compressão foi possível apenas nos primeiros momentos após o Big Bang, sob condições extremas de densidade cósmica.

Apesar desses desafios, Loeb argumenta que a produção de um buraco negro é mais viável do que a criação de um “universo bebê” através de tunelamento quântico, uma façanha que ele sugere ser alcançável apenas por uma civilização do Tipo III na escala de Kardashev. Em contraste, a engenharia de um buraco negro poderia ser uma realização de uma civilização do Tipo II, que já teria domínio sobre a energia de sua estrela hospedeira.

Além dos desafios de criação, a detecção de um buraco negro como tecnossinatura apresenta um campo promissor para a busca de inteligência extraterrestre (SETI). Um buraco negro em órbita de um planeta, iluminando-o com radiação gama, poderia ser identificado como um “planeta rochoso rebelde” sem uma estrela companheira de massa estelar. Tal assinatura seria única e indicativa de uma tecnologia avançada capaz de manipular a curvatura do espaço-tempo para criar uma “fornalha” de energia.

Loeb sugere que, se encontrarmos evidências de tal sistema, deveríamos considerar a possibilidade de que a fonte foi criada ou capturada como um buraco negro primordial por uma civilização tecnologicamente avançada. Este tipo de tecnossinatura seria um marcador inconfundível de inovação tecnológica, muito além das capacidades atuais da humanidade.

Em última análise, a proposta de Loeb não só amplia nosso entendimento sobre as possíveis aplicações dos buracos negros, mas também nos desafia a reconsiderar os limites da engenharia e da exploração espacial. Se uma civilização avançada pode realmente criar e utilizar buracos negros como fontes de energia, isso não só resolveria problemas energéticos e ambientais, mas também abriria novas fronteiras para a exploração do universo.

Como Freeman Dyson uma vez observou, qualquer coisa que possamos conceber, se as leis da física permitirem, pode já ter sido realizada por uma civilização suficientemente avançada. A busca por tecnossinaturas, como o “Black Hole Moon”, não é apenas uma busca por vida extraterrestre, mas também uma exploração dos limites do possível e do potencial humano.

Fonte:

https://www.universetoday.com/168149/new-study-proposes-how-a-black-hole-in-orbit-around-a-planet-could-be-a-sign-of-an-advanced-civilization/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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