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19 de dezembro de 2024

A Cratera Brayley G na Lua


A cratera de impacto na Lua destacada no post de hoje referente às descobertas feitas pela sonda LRO localiza-se na borda de outra cratera de impacto conhecida como Brayley G, contudo, essa cratera é muito provavelmente uma cratera vulcânica. A Brayley G é uma bela abertura vulcânica localizada num ambiente de mar da Lua, nas coordenadas 24.2 graus de latitude norte e 36.4 graus de longitude leste. Em 2008 antes da sonda LRO ser lançada, o que se escrevia sobre a cratera Brayley G era fruto das observações feitas pelas missões Apollo. Hoje temos orgulho de apresentar o mosaico feito pela câmera NAC da sonda LRO com 3 quilômetros de largura e menos de 5 quilômetros de comprimento. Abaixo você pode comparar as imagens feitas pelas missões Apollo 15 e 17 com as imagens feitas pela LRO. Note que as diferenças na iluminação, ou seja, no ângulo de incidência do Sol no momento da imagem destaca diferentes feições da Brayley G. No caso da imagem feita pela Apollo o ângulo de incidência maior destaca a morfologia das bordas da abertura e as falhas concêntricas. O ângulo de incidência menor da imagem NAC da sonda LRO revela o interior da cratera Brayley G que contém muitos pedaços de rochas ao longo de sua parede interna e mais feições de colapso.

Como então os cientistas podem identificar diferenças entre uma abertura vulcânica e uma cratera de impacto? Grande parte das crateras lunares possuem a forma tradicional de uma taça e depressões circulares com anéis em destaque. Quando um impacto ocorre ele escava o material da subsuperfície e balisticamente ejeta esse material para longe do ponto de impacto. Esse processo deixa uma cobertura visível de material ejetado ao redor do anel da cratera. Com o tempo, a erosão e o deslizamento das paredes da cratera degradam e eventualmente removem o anel elevado da cratera. Estudando exemplos de impactos pequenos e recentes mostram que existe uma ligação entre esses processos físicos e as feições em superfície que são deixadas para trás. Aberturas vulcânicas, por sua vez, normalmente não são circulares e elas não possuem anéis destacados. Como as aberturas vulcânicas não têm cobertura de material ejetado, elas podem ser envolvidas por um halo de material piroclástico remanescente de erupções passadas.

A cratera Brayley G é muito provavelmente uma abertura vulcânica já que ela não possui um anel elevado em destaque, é oblíqua em sua forma, ou seja, não é circular e não tem cobertura de material ejetado. Existem também linhas concêntricas na borda interna da Brayley G, que podem ser a evidência de falhas concêntricas, deixadas ali pelo colapso parcial da abertura. Algumas depressões podem também ser formadas pelo colapso de uma cavidade em subsuperfície como um tudo de drenagem de lava.

Fonte:

http://lroc.sese.asu.edu/news/index.php?/archives/508-Brayley-G.html


Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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