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Astrônomos Usam Técnicas Revolucionárias e Medem o Campo Magnético da Antiga Nebulosa Solar Registrada em Meteorito


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observatory_15010541Observações astronômicas de jovens protoestrelas indicam que sistemas planetários iniciais se desenvolveram da poeira em um disco protoplanetário muito rapidamente – em aproximadamente cinco milhões de anos. Essas curtas escalas de tempo necessitam de um mecanismo muito eficiente para transportar material em direção à estrela central, mas os mecanismos que fazem isso são incertos. Tem-se pensado, contudo, em alguns desses mecanismos onde os campos magnéticos tenham um papel fundamental, no vento estelar, ou até mesmo no disco.

Os astrônomos não podem atualmente medir diretamente a intensidade do campo em regiões de formação de planetas, mas experimentos em materiais meteoríticos no nosso Sistema Solar podem potencialmente restringir a intensidade dos campos magnéticos da nebulosa inicial do Sol. Os côndrulos são constituintes milimétricos dos meteoritos primitivos que se formaram nos breves eventos de aquecimento na jovem nebulosa solar. Eles provavelmente constituem uma fração significante da massa dos asteroides e até mesmo dos precursores dos planetas terrestres. A formação de côndrulos, muito provavelmente ocorreu durante um estágio fundamental na evolução do sistema solar inicial. Se um campo estável estivesse presente durante a fase de resfriamento, eles deveriam ter se tornado levemente magnetizados. Determinando seus campos magnéticos, não somente é possível restringir os modelos de sua formação, mas também definir a evolução do disco.


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Entre os mais primitivos meteoritos conhecidos está um, chamado de Semarkona. Ele contém côndrulos de olivina cristalina que, devido às suas propriedades magnéticas e composicionais, podem reter sua magnetização primitiva, mesmo por eras, já que eles se formaram e apesar das suas subsequentes histórias no Sistema Solar. Os astrofísicos do CfA Xue-Ning Bai e Ron Walsworth, e seus colaboradores, isolaram oito côndrulos de olivina do meteorito Semarkona, eles são pequenos com menos de um milímetro de tamanho. Usando técnicas recém criadas que usam as vantagens das medidas criogênicas quânticas desenvolvidas no laboratório de Walsworth, a equipe foi capaz de detectar campos magnéticos nessas minúsculas amostras de cristais, e concluíram que a nebulosa primitiva onde esses côndrulos se formaram tinham um forte campo correspondendo a cerca do dobro do campo atual da Terra (na superfície). Os cientistas concluíram que as evidências suportam o modelo de côndrulos formados em choques ou colisões entre corpos maiores, além de qualquer teoria da formação de vento estelar. Eles também concluíram que os campos magnéticos nebular eram grandes o suficiente para levar em consideração as taxas medidas do transporte de massa nos estágios evolucionários iniciais. O resultado é uma impressionante aplicação das recém criadas técnicas de medidas quânticas.



Fonte:

http://www.cfa.harvard.edu/news/su201447

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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