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Astrônomos Usam Inteligência Artificial Para Descobrir Grandes Protoestrelas Escondidas Nos Dados Da Missão Gaia

Astrônomos estão usando um moderno sistema de Inteligência artificial para descobrir protoestrelas no universo.

Essas jovens estrelas, fornecem uma imagem dos primeiros estágios de formação estelar no período de suas vidas onde estão adquirindo massa. Apesar da importância desse tipo de objeto no nosso entendimento sobre a origem das estrelas na nossa galáxia, somente cerca de 100 grandes protoestrelas, maiores do que 2 vezes a massa do Sol, foram catalogadas pelos cientistas até o momento. Mas existem muito mais por aí, ricas em informação e esperando serem descobertas entre a grande quantidade de dados adquirida pela sonda Gaia da ESA. E é exatamente aí que entra a Inteligência artificial.

Existe uma grande quantidade de informação produzida pela missão Gaia, e as ferramentas de inteligência artificial são necessárias para ajudar os cientistas a terem uma ideia desses dados. Os cientistas estão combinando novas tecnologias para mapear a galáxia minerando a grande quantidade de dados que a Gaia está adquirindo, e isso está revolucionando o nosso entendimento sobre a nossa galáxia. Essa abordagem está abrindo um novo capítulo na astronomia.

Os pesquisadores usaram um sistema de inteligência artificial para pesquisar um pequeno conjunto de dados de 4.1 milhões de estrelas, retirado do dado completo da Gaia, esse subconjunto possuía uma probabilidade maior de ter as desejadas protoestrelas grandes, conhecidas como estrelas Herbig Ae/Be. Uma lista de 2226 estrelas foi gerada pelo sistema, com cerca de 85% de chance de ser do tipo de estrela desejada. Para validar o achado, os pesquisadores usaram observações feitas com telescópios em Terra na Espanha e no Chile para medir o espectro de 145 das candidatas a protoestrelas, que confirmaram a precisão do sistema de inteligência artificial.

Os resultados obtidos com os observatórios em Terra, mostraram que a ferramenta de inteligência artificial fez predições muito precisas sobre as estrelas que provavelmente caíram na classificação de Herbig Ae/Be.

Os pesquisadores também descreveram algumas protoestrelas recém-descobertas que são particularmente interessantes, incluindo a Gaia DR2 428909457258627200, localizada a aproximadamente 8500 anos-luz de distância da Terra. Essa protoestrela tem 2.3 vezes a massa do Sol e uma temperatura superficial de cerca de 4000 graus mais quente que a temperatura do Sol. Essa protoestrela tem somente 6 milhões de anos de vida e ela ainda está num estágio de formação crucial que pode revelar segredos importantes sobre as estrelas.

Embora o estudo tenha focado na detecção de grandes protoestrelas, talvez, a maior realização foi demonstrar o incrível potencial da inteligência artificial na astronomia.

Essa pesquisa é um excelente exemplo de como as análises de big data, coletados pelos instrumentos científicos modernos como a missão Gaia, irá moldar o futuro da astrofísica. Os sistemas de inteligência artificial são capazes de identificar parâmetros numa grande quantidade de dados, e é bem provável que nesses padrões os cientistas irão encontrar pistas que levarão a novas descobertas e a grandes entendimentos num futuro próximo.

Fonte:

https://www.iflscience.com/space/ai-has-upped-number-of-known-large-protostars-from-100-to-over-2000/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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