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Astrônomos Testemunham Maior Explosão de Estrela já Observada

Os astrônomos observaram a violenta morte de uma estrela, e o que pode ser provavelmente a morte da estrela mais massiva já detectada. A explosão de supernova, a qual permanece por meses, tem gerado mais de 50 sóis em massa de diferentes elementos, e que podem em um determinado momento formar novos sistemas solares.

A explosão – denominada SN2007bi – foi detectada como parte de uma busca digital para caçar supernovas no Observatório Palomar, próximo a San Diego na California.

Dentre muitas fontes captadas pelo projeto, uma supernova em particular era muito diferente, relembra Avishay Gal-Yam, astrônomo do Instituto de Ciências Weizmann em Rehovot em Israel.

A explosão foi vista primeiro em 6 de abril de 2007, porém difernete da maioria das supernovas que se apagam em semanas, essa supernova especial ficou queimando material por meses. “A queima de material era muito lenta”, diz Gal-Yam. ” Eu voltei para o laboratório após uma semana, após duas semanas, após um mês, e após 5 meses e a supernova ainda estava brilhando”.

Observações seguintes, realizadas com os telescópios mais potentes do mundo atualmente – W.M Keck no topo da montanha Mauan Kea no Hawaii e o Observatório do Monte Paranal no Chile – revelaram uma supernova diferente de qualquer outra. Essa semana na Nature, Gal-Yam e seus colegas, relatam que a explosão foi provavelmente de uma estrela supermassiva, com no mínimo 200 vezes a massa do Sol. O tipo de supernova que é produzido – supernova de instabilidade de par – tem sido previsto pelas teorias mas até então nunca tinha sido observado.

A explosão gerou uma grande quantidade de material radioativo do elemento níquel-56 e uma grande quantidade de outros elementos mais leves, como carbono e silício. Gal-Yam disse que o decaimento radioativo do níquel é que manteve a supernova brilhando e queimando material por meses.

“Isso é definitivamente algo que nunca observamos antes”, diz Gal-Yam. “Não existem muitas estrelas dessas na nossa galáxia ou em galáxias vizinhas. É uma estrela espetacular” .

Alguns astrônomos sugerem que as estrelas não podem crescer a um tamanho maior que 150 massas solares, em parte pois poderosos ventos estelares podem expulsar o material da estrela não permitindo que elas alcancem tal tamanho. Uma busca por estrelas na Via Láctea reforça essa idéia de um limite para o tamanho das estrelas.

As estrelas da Via Láctea são constituídas na sua maioria por hidrogênio e hélio, com apenas uma pequena porção da sua massa constituída por elementos mais pesados. Mas as estrelas mais massivas do universo possuem uma porção ainda menor de elementos pesados permitindo que elas aumentem de tamanho, tornando-se maiores e mais brilhantes, antes de morrerem  num processo espetacular de supernova de instabilidade de par.

Fótons gerados dentro da estrela exercem uma pressão para fora que mantem essas gigantes longe do colapso – no mínimo até que a estrela se apague pela idade. Uma vez que a estrela se contrai, as temperaturas internas aumentam, fazendo com que os fótons sejam convertidos em pares de elétrons e positrons (a anti-partícula do elétron). Essas novas partículas não exercem a mesma pressão que os fótons originais, e o resultado é um colapso sem volta, seguido por uma massiva explosão do núcleo da estrela.

Supernovas de instabilidade de pares tem sido previstas por décadas, mas nada foi observado até agora, diz Norbert Langer, um astrofísico da Universidade de Bonn na Alemanha.

Além de fornecer a confirmação de uma velha teoria, essa nova supernova pode fornecer pistas sobre o início do universo. Os astrônomos pensam que o universo era quase que inteiramente composto por hidrogênio e hélio, logo após o Big Bang. Esses elementos, acredita-se, são os responsáveis pela formação de estrelas gigantes que brilham pouco após sua explosão, criando elementos mais pesados que eventualmente formam planetas e pessoas. “Existe um grande interesse em como essas primeiras estrelas evoluíram e morreram”, diz Langer. A morte dessa estrela pode fornecer pistas para isso.

Com essa observação, algumas questões também são levantadas. Em particular, a supernova aparentemente não possui hidrogênio. Dado que elementos leves são importantes nas estrelas, é estranho que o hidrogênio não exista lá. Gal-Yam, concorda:”Nós devíamos ter detectado facilmente o hidrogênio, eu acho que ele foi removido de maneira muito eficiente, por algum mecanismo ainda desconhecido”.

O colapso de uma estrela massiva, criou um tipo nunca antes visto de supernova.
O colapso de uma estrela massiva, criou um tipo nunca antes visto de supernova.

(Fonte: http://www.nature.com/news/2009/091202/full/news.2009.1118.html)

Artigo original: http://www.nature.com/nature/journal/v462/n7273/full/nature08579.html

Notícia: http://www.universetoday.com/2009/12/02/superbright-supernova-first-observed-of-antimatter-variety/

Comunicado para a imprensa: http://newscenter.lbl.gov/press-releases/2009/12/02/superbright-supernova/

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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