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Estudando de Forma Detalhada O Sistema De Aglomerados Globulares Para Entender a História das Galáxias

Usando o telescópio Gemini-Sul, os astrônomos realizaram um estudo fotométrico da galáxia lenticular conhecida como NGC 4546. Os resultados dessa nova pesquisa fornecem mais pistas sobre a estrutura e a natureza do sistema de aglomerados globulares da galáxia.

Aglomerados globulares são coleções de estrelas bem empacotadas pela gravidade que orbitam as galáxias. Os astrônomos perceberam que eles são verdadeiros laboratórios naturais onde é possível estudar a evolução das estrelas e das galáxias. Em particular, os aglomerados globulares podem ajudar os astrônomos a entender melhor a história de formação e a evolução inicial de galáxias já que a origem dos aglomerados globulares está muito ligada a esses períodos.

Localizada a aproximadamente 45.6 milhões de anos-luz de distância da Terra, a NGC 4546 é uma galáxia lenticular que está praticamente de lado, e tem uma massa estelar de cerca de 27 bilhões de vezes a massa do Sol. Ela é classificada como uma galáxia S0. O único estudo feito do seu sistema de aglomerados globulares foi conduzido em 2015, que estimou a população total desse sistema dentro de um raio de 163 mil anos-luz da galáxia como sendo de 120 membros.

Para adquirir uma visão mais detalhada do sistema de aglomerados globulares da NGC 4546, um grupo de astrônomos realizou observações fotométricas dessa galáxia. Para isso eles usaram a câmera GMOS do telescópio Gemini-sul no Chile, usando os filtros g, r, i e z.

O estudo mediu a fotometria de 350 candidatos a aglomerados globulares na NGC 4546 obtendo a distribuição de cor integrada, seus perfis de densidade, e a distribuição azimutal. No resultado das observações, os astrônomos chegaram a um número total de 390 aglomerados globulares, assumindo que o comprimento máximo do sistema de aglomerados globulares dessa galáxia está a 163 mil anos-luz de distância. A frequência específica, definida como o número total de aglomerados globulares por unidade de luminosidade da galáxia hospedeira, foi definido como sendo de aproximadamente 3.3.

Os astrônomos determinaram que o número de 390 aglomerados globulares é significantemente maior que o número estimado em 2015, e corresponde a uma frequência específica relativamente alta para galáxias com massa similar e ambiente similar também.

A pesquisa também encontrou regiões extensas e irregulares de poeira se estendendo a cerca de 19500 anos-luz ao longo do semieixo maio da NGC 4546. De acordo com os pesquisadores, essa descoberta, junto com a presença de um disco de gás em rotação na direção oposta para o componente estelar da galáxia, mostra uma informação interessante sobre e a história da NGC 4546. Os astrônomos supõem que essas estruturas indicam uma fusão ou interação num passado recente com um objeto de massa menor que a NGC 4546.

As subestruturas incomuns na população de aglomerados globulares foram possivelmente formadas durante a interação que levou a formação de um anã jovem ultracompacta, encontrada no sistema e conhecida como NGC 4546 -UCD1.

Os cientistas notaram que esse objeto, teria uma idade abaixo dos 4 bilhões de anos e uma direção de rotação similar a da distribuição do gás. Contudo, eles não excluem a possibilidade de uma interação com uma galáxia lenticular menor, conhecida como CGCG 014-074, que está localizada a cerca de 71700 anos-luz de distância da NGC4546.

Fonte:

https://phys.org/news/2020-02-globular-cluster-ngc.html

 

https://arxiv.org/pdf/2002.02765.pdf

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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