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Astrônomos Detectam Disco de Formação Planetária Ainda Sendo Alimentado Pela Nuvem Mãe

Os sistemas estelares lembram muito os seres humanos, eles se formam dentro de nuvens interestelares de gás e poeira que colapsam produzindo jovens estrelas que ficam circundados por discos protoplanetários. O planetas por sua vez se formam dentro desses discos protoplanetários, deixando vazios, que recentemente foram observados se desenvolvendo em sistemas, no momento em que a nuvem mãe é limpada. O ALMA, revelou agora um disco protoplanetário em evolução com um grande vazio ainda sendo alimentado pela nuvem ao redor através de grandes filamentos de acreção. Isso mostra que o processo de se agregar material no disco protoplanetário é um processo que continua por um tempo muito maior do que se pensava anteriormente, afetando assim a evolução do futuro sistema planetário.

Uma equipe de astrônomos então resolveu estudar o processo de acreção no objeto estelar conhecido como BHB2007-1, um sistema localizado na ponta da Nuvem Molecular do Cachimbo. Os dados do ALMA revelam um disco de poeira e gás ao redor de uma protoestrela, e grandes filamentos de gás ao redor desse disco. Os cientistas interpretam esses filamentos como sendo os fluxos de acreção alimentando o disco com material extraído da nuvem ambiental. O disco reprocessa o material agregado, levando-o até a protoestrela. A estrutura observado é bem incomum para objetos estelares nesse estágio de evolução, com uma idade estimada de 1 milhão de anos, quando os discos circunestelares já estão formados e maduros para a formação de planetas. O que surpreendeu os astrônomos foi observar esses filamentos proeminentes de acreção caindo no disco. A atividade dos filamentos de acreção demonstram que o disco ainda está crescendo enquanto nutri a protoestrela.

A equipe também relatou a presença de uma grande cavidade dentro do disco. A cavidade tem uma largura de cerca de 70 Unidades Astronômicas, e engloba uma zona compacta do gás molecular quente. Além disso, dados suplementares obtidos nas frequências de rádio pelo Very Large Array, ou VLA apontam para a existência de uma emissão não termal no mesmo ponto onde o gás quente foi detectado. Essas duas linhas de evidências indicam que um objeto subestelar, um planeta gigante jovem ou uma anã marrom, está presente dentro da cavidade. Enquanto essa companheira agrega material do disco, ela aquece o gás e possivelmente gera fortes ventos ionizados e/ou jatos. A equipe estima que um objeto com uma massa entre 4 a 70 vezes a massa do planeta Júpiter seria necessário para produzir esse buraco identificado no disco.

Os astrônomos apresentaram um novo caso de formação de estrela e planeta acontecendo. As observações indicam que os discos protoplanetários continuam agregando material mesmo depois que a formação do planeta começou. Isso é importante porque o material que está caindo no disco irá afetar tanto a composição química do futuro sistema planetário e a evolução dinâmica do disco como um todo. Essas observações também colocam novas restrições de tempo para a formação de planetas e para a evolução de discos, o que pode dar ideias importantes sobre como os sistemas estelares como o nosso foram são esculpidos a partir de uma nuvem original.

Fonte:

[https://www.mpe.mpg.de/7529173/news20201123]

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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