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Astrônomos Descobrem Uma Nova Classe De Asteroides Ricos Em Água

Novas medições astronômicas feitas na faixa do infravermelho levaram à identificação de uma classe de asteroides até então desconhecida. Uma equipe internacional de astrônomos conseguiu caracterizar esses pequenos objetos usando espectroscopia de infravermelho.

Esses asteroides estão localizados no Cinturão Principal de Asteroides do Sistema Solar entre Marte e Júpiter e são bem parecidos com o planeta anão Ceres, ou seja, ricos em água. De acordo com os modelos computacionais, processos dinâmicos complexos deslocaram esses asteroides das regiões externas do nosso Sistema Solar para o atual Cinturão Principal de Asteroides logo após a sua criação.

Com um diâmetro equatorial de aproximadamente 900 quilômetros, o planeta anão Ceres é o maior objeto do Cinturão Principal de Asteroides do Sistema Solar entre Marte e Júpiter. Muitos outros pequenos objetos também orbitam nessa região.

Esses objetos na verdade são restos dos materiais de construção a partir dos quais os planetas do Sistema Solar foram gerados há 4.5 bilhões de anos. Nesses pequenos objetos, e nos seus fragmentos que eventualmente caem na Terra, os meteoritos, os astrônomos encontram inúmeras relíquias que apontam diretamente para o processo de formação planetária. O estudo atual mostra que os pequenos objetos se originaram de todas as regiões do Sistema Solar primitivo.

Por meio de pequenos corpos presentes no Sistema Solar externo, a água poderia ter chegado na Terra que ainda estava em crescimento. Essa água pode ter vindo a bordo dos asteroides, já que os blocos de construção dos planetas internos do Sistema Solar tendiam a ser secos.

Os novos espectros infravermelhos  permitiram a identificação de asteroides semelhantes a Ceres com um diâmetro de cerca de 100 km, atualmente localizados em uma região confinada entre Marte e Júpiter e bem perto da órbita de Ceres.

Ao mesmo tempo, esses espectros no infravermelho suportam conclusões quanto à composição química e mineralógica dos objetos. Assim como Ceres, existem minerais na superfície dos asteroides descobertos que se originaram de uma interação com a água líquida.

Logo após a formação dos asteroides, as temperaturas não eram altas o suficiente para convertê-los numa estrutura rochosa compacta, eles mantinham o caráter poroso e primitivo dos planetas gelados externos localizados longe do Sol..

As propriedades desses objetos semelhantes a Ceres e a sua presença em uma zona relativamente estreita do Cinturão Principal de Asteroides do Sistema Solar sugerem que esses objetos foram formados pela primeira vez em uma região fria na borda do nosso sistema. Interrupções gravitacionais nas órbitas de grandes planetas como Júpiter e Saturno, conhecidas como instabilidade de planetas gigantes, mudaram a trajetória desses asteroides de tal forma que os objetos foram colocados no atual Cinturão Principal de Asteroides. Isso foi demonstrado por meio de cálculos numéricos realizados pelos pesquisadores sobre o desenvolvimento da trajetória dos objetos no início do Sistema Solar.

Será que esses asteroides irão ajudar a responder à grande questão sobre a origem da água na Terra?

Fonte:

https://phys.org/news/2023-02-unknown-class-water-rich-asteroids.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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