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Astrônomos Descobrem Um Novo E Intrigante Objeto

Em astronomia, uma “nova”, designa a aparição de uma nova estrela no céu. Atualmente nem é tão complicado assim encontrar novas estrelas no céu, porém, encontrar um tipo de estrela inteiramente novo, aí sim é algo bem raro. Em 2019, os astrônomos relataram a descoberta de um estranho objeto, no centro de uma pequena, esférica e brilhante nuvem. Esse objeto é extremamente quente, com uma temperatura superficial de aproximadamente 200 mil graus, o que é cerca de 40 vezes mais quente que o Sol. De forma estranha, esse objeto não mostrou nenhuma evidência de hidrogênio ou hélio, os elementos mais abundantes do universo. O objeto também emitia um vento extremamente veloz, com uma velocidade de 57 milhôes de quilômetros por hora, uma velocidade rápida o suficiente para ir da Terra até a Lua em 24 segundos. Essas propriedades e a evidência de uma alta taxa de rotação e de fortes campos magnéticos, sugerem que esse objeto é formado a partir da fusão de duas anãs brancas.

As anãs brancas são estrelas com deficiência de hidrogênio e hélio, e são formadas pelo núcleo de estrelas parecidas com o Sol em massa depois que exaurem todo o combustível nuclear. Isso é o que vai acontecer com o Sol daqui aproximadamente 5 bilhões de anos. As anãs brancas são extremamente densas, sendo que uma colher da matéria de uma anã branca pesa o equivalente a um caminhão. Um fato estranho sobre as anãs brancas é que elas têm um limite superior de massa, chamado de Limite de Chandrasekar. Esse limite recebeu esse nome, pois foi Subrahmanayan Chandrasekar que calculou pela primeira vez. Esse limite é de 1.4 vezes a massa do Sol. Assim, não é muito claro o que pode acontecer caso duas anãs brancas s fundam, mas as fusões devem ser algo natural na evolução, por exemplo, de sistemas binários de estrelas, um tipo de sistema comum de ser encontrado na Via Láctea.

Observações em raios-X feitas com o observatório espacial XMM-Newton da ESA foram feitas para ajudar a entender a emissão de altas energias desse objeto e para ajudar a provar se esse objeto realmente era o resultado da fusão de duas anãs brancas. A imagem que você vê aqui nesse post, é uma imagem em cor falsa em raios-X, e revela a emissão bem intensa desse comprimento de onda tanto da parte central do objeto como da região ao redor. As emissões de raios-X também mostram que esse objeto tem uma composição estranha, contendo uma grande quantidade de elementos incomuns do ponto de vista astrofísico, como neônio, magnésio, sílica e enxofre. Os dados de raios-X indicam que esse objeto está associado com um estranho evento de supernova e isso ajuda a suportar a ideia de que esse objeto é o resultado da colisão e fusão de duas anãs brancas em um sistema estelar binário. As teorias sugerem que esse objeto é muito instável, e pode sofrer outra explosão de supernova num intervalo de 100 mil anos.

Fonte:

https://heasarc.gsfc.nasa.gov/docs/objects/heapow/archive/stars/J005311_xmm.html

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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