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23 de dezembro de 2024

Astrônomos Descobrem Pela Primeira Vez Oxigênio Molecular Fora da Via Láctea

Pela primeira vez, os astrônomos encontraram oxigênio molecular, o mesmo gás que nós, seres humanos precisamos para respirar, numa outra galáxia que não é a Via Láctea.

O oxigênio é o terceiro elemento mais comum no cosmos, só fica atrás do hidrogênio e do hélio. Então os astrônomos pensaram que o oxigênio molecular, o O2 poderia ser comum no espaço entre as estrelas. Mas apesar de repetidas buscas, eles nunca tinham encontrado o oxigênio molecular, em outras galáxias, mas isso era até agora.

Astrônomos do Observatório Astronômico de Shanghai na China, registraram a molécula na galáxia Markarian 231 localizada a aproximadamente 560 milhões de anos-luz de distância da Terra, na constelação de Ursa Maior. Essa galáxia tem no seu núcleo um buraco negro supermassivo, que está se alimentando violentamente e por isso ela recebe a denominação de quasar, na verdade esse é o quasar mais próximo da Terra.

Usando radio-telescópios na Espanha e na França, os astrônomos observaram a radiação no comprimento de onda de 2.52 milímetros, uma assinatura da presença de O2.

Além de ter detectado o oxigênio molecular numa galáxia, essa foi a maior quantidade dessa molécula já detectada fora do Sistema Solar. Anteriormente, os astrônomos haviam detectado a molécula em duas nuvens de formação de estrelas, dentro da Via Láctea, a Nebulosa de Orion e na nuvem Rho Ophiuchi. Os astrônomos acreditam que o O2 interestelar tem origem nos átomos de oxigênio e nas moléculas de água congeladas nos grãos de poeira, que acabam aprisionando o oxigênio. Nesses berçários estelares, as ondas de choques das estrelas recém-nascidas podem arrancar a água da poeira, liberando os átomos de oxigênio que podem então se combinar formando a molécula de O2.

Mas mesmo, na Nebulosa de Orion, o oxigênio molecular é raro, com moléculas de hidrogênio superando o número de moléculas de oxigênio numa razão de 1 milhão para 1. O hidrogênio também domina a Markarian 231, mas o oxigênio molecular se espalha na periferia do disco galáctico numa quantidade 100 vezes maior do que na Nebulosa de Orion.

Esse é um valor muito alto, não existe ainda uma explicação para essa abundância de oxigênio molecular. E para confirmar isso, os astrônomos irão observar um segundo comprimento de onda dessa molécula.

Não vai ser algo fácil, pois outras moléculas também emitem radiação nesses comprimentos de onda. Para ter certeza da detecção do O2, os cientistas irão investigar muitas moléculas em determinados comprimentos de onda, procurar essas moléculas no espaço, e quando encontrar algo diferente, terão encontrado o O2. Vai ser por eliminação. Uma das possíveis explicações para o O2 na Markarian 231, é que ela passa por um processo muito mais vigoroso do que aquele que acontece na Nebulosa de Orion. A galáxia é uma bela fábrica de estrelas, produzindo 100 vezes mais estrelas que a nossa Via Láctea, e gerando 700 massas solares de gás por ano. O gás em alta velocidade no centro da galáxia pode colidir com o gás no disco, arrancar o gelo de água da poeira e assim as moléculas de O2 se formam.

Esse oxigênio poderia manter a galáxia hiperativa, a radiação emitida pela molécula ajuda a esfriar o gás de modo que alguma parte pode colapsar, e criar mais novas estrelas na galáxia.

Fonte:

https://www.sciencenews.org/article/molecular-oxygen-spotted-beyond-milky-way-first-time

Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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