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Você já se perguntou como uma galáxia se forma?
Os astrônomos acreditam que as galáxias podem ter se formado por meio da coalescência de estruturas que conhecemos como aglomerados globulares de estrelas, que após esse processo, colapsaram e deram origem ao disco espiral das galáxias, incluindo a nossa, a Via Láctea.
A nossa galáxia possui cerca de 160 aglomerados globulares, sendo que 1/4 deles estão localizados no bulbo central da galáxia, um local de difícil acesso.
São esses aglomerados que dão a coloração amarelada, indicando a presença de estrelas velhas no centro da galáxia.
Entre todos esses aglomerados, um deles chama a atenção, o HP1, que é considerado um dos mais antigos, de mais difícil acesso, mas que é fundamental para entendermos a evolução da nossa galáxia.
O estudo detalhado desse aglomerado pode construir a verdadeira ponte entre o passado e o presente da nossa galáxia.
O HP1 é um dos blocos fundamentais que deu origem ao bulbo interno da galáxia, e que ainda sobrevive, ou seja, pode ser estudado.
Porém, estudá-lo, não é uma tarefa fácil, ele está localizado no centro tumultuado da nossa galáxia, e além disso, temos a atmosfera da Terra, que prejudica muito a observação detalhada das estrelas nesses aglomerados.
Mas os astrônomos hoje têm a tecnologia a seu favor.
E foi usando o estado da arte da tecnologia astronômica que pesquisadores brasileiros, sim, brasileiros, estudaram em detalhe o HP1 e mostraram que ele possui algumas das estrelas mais antigas do universo.
O trabalho foi feito pelo Leandro Kerber, pelo Stefano Souza e por outros astrônomos brasileiros e de outros países, que usaram o telescópio Gemini Sul do ESO no Chile, e dados de arquivo do Hubble para estudar em detalhe o HP1.
O Gemini Sul possui um dos sistemas de óptica adaptativa mais avançado do mundo, e isso permite cancelar os efeitos prejudiciais da nossa atmosfera e estudar as estrelas com muito detalhe.
Com isso, eles foram capazes de determinar com boa precisão a idade das estrelas do aglomerado além de estudar a composição química com grande detalhe.
Com isso, os astrônomos conseguiram calcular em 12.8 bilhões de anos, a idade do aglomerado, o que faz com que essas estrelas sejam uma das mais antigas conhecidas na galáxia e no próprio universo.
Os pesquisadores, usaram estrelas variáveis RR Lyrae, na verdade 11 delas para calcular com precisão a distância até o aglomerado, e a distância foi de 21500 anos-luz de distância da Terra.
O que o coloca a 6000 anos-luz de distância do centro da Via Láctea, bem dentro do bulbo central da galáxia.
Os pesquisadores ainda usaram dados da missão Gaia para refinar a órbita do HP1 e mostraram que durante a sua história o HP1 já chegou a 400 anos-luz do centro galáctico.
Esse estudo e essa caracterização completa do HP1, coroa 20 anos de pesquisas sobre o centro da Via Láctea e na busca pela caracterização do HP1.
Além disso mostra como a tecnologia de ponta ajuda e muito a astronomia, além da integração de dados de diferentes instrumentos, como o Gemini, o Hubble e a missão Gaia.
Um algo a mais, mostra o quanto a astronomia brasileira está na vanguarda das pesquisas e temos excelentes pesquisadores capazes de descobertas impressionantes.
E mostra que a cada dia que passa estamos entendendo cada vez mais e melhor a nossa galáxia, começando pela sua origem e evolução, além de outros estudos que eu já trouxe aqui mostrando como será o destino da Via Láctea.
Fonte:
[http://www.gemini.edu/node/21165] [https://academic.oup.com/mnras/article/484/4/5530/5274132]