Usando imagens do Wide-field Infrared Survey Explorer da NASA, o WISE, o astrônomo brasileiro Denilso Camargo descobriu cinco novos aglomerados globulares de estrelas no bulbo da Via Láctea.
Chamados de Camargo 1102, 1103, 1104, 1105 e 1106, esses recém-descobertos sistemas de centenas de milhares de estrelas empacotadas são quase tão antigos quanto o próprio universo. A descoberta foi publicada em um artigo no The Astrophysical Journal Letters. Eles localizam-se no chamado bulbo da galáxias, o componente central da Via Láctea, que se estende por cerca de 12 mil anos-luz desde o centro galáctico.
Camargo conseguiu adquirir informações adicionais sobre os aglomerados usando também dados da pesquisa em infravermelho baseada em Terra e conhecida como 2MASS, além de usar também a base de dados mais recente do satélite Gaia da Agência Espacial Europeia.
“Os aglomerados globulares foram os primeiros sistemas estelares formados no universo primordial e são considerados como fósseis da formação da galáxia”, disse Camargo, o principal autor do artigo. Ele completa dizendo que os aglomerados globulares são uma ferramenta crucial para melhorar o nosso entendimento sobre a formação e a evolução da Via Láctea.
Esses aglomerados de estrelas também fornecem uma maneira de se traçar a dinâmica da galáxia.
O que é mais significante sobre a descoberta desses cinco aglomerados certamente é a sua raridade, na Via Láctea são conhecidos menos de 200, disse Camargo.
E sobre a localização dos aglomerados?
Nesses recém-descobertos aglomerados, o Camargo 1102 parece estar localizado no digamos “lado escuro” da Via Láctea, cerca de 3000 anos-luz acima do plano galáctico. Os outros 4, disse Camargo, localizam-se mais perto do plano da Via Láctea. Mas ele disse que observações mais profundas, usando fotometria, a medida do brilho e da intensidade intrínseca desses aglomerados, serão necessárias para determinar suas propriedades estruturais.
Se as futuras observações forem capaz de trazer mais informações sobre a estrutura dos aglomerados, a esperança é que esses aglomerados possam ser usados para começar a traçar a história do bulbo galáctico.
Como o bulbo galáctico se formou e evoluiu permanece um dos problemas mais importantes da astrofísica que está sem solução ainda.
Camargo disse que os aglomerados são essenciais para melhorar o nosso conhecimento da história interna da Via Láctea bem como para caracterizar o atual estágio de evolução da parte interna da galáxia.
Camargo espera que existam muitos outros aglomerados globulares na Via Láctea, que simplesmente não tenham sido detectados ainda. Mas no decorrer da última década e com o desenvolvimento de telescópios de infravermelho mais avançados foi possível espiar através do gás e da poeira do centro galáctico e revelar as partes mais densas da nossa galáxia.
Eles são parte do bulbo, e, então, isso pode sugerir que o bulbo estava ali nas fases iniciais de formação da galáxia, disse Camargo. Mas ele nota que, de forma alternativa, esses aglomerados podem ter se formado em galáxias anãs que foram simplesmente canalizadas pela Via Láctea, bem no início da sua história.
Fonte:
[https://www.forbes.com/sites/brucedorminey/2018/06/29/brazilian-astronomer-spots-5-new-globular-clusters-in-bulge-of-galaxy/#22d28e812fe2]