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21 de dezembro de 2024

As Impressões Digitais do Universo Primordial

Fingerprint of the early Universe

As galáxias mais massivas do Universo albergam buracos negros supermassivos nos seus centros. Estes buracos negros verdadeiramente colossais “comem” o material que os rodeia a taxas extremamente elevadas, libertando enormes quantidades de radiação no processo e resplandecendo, sendo os objetos mais brilhantes que se conhecem no Universo! Apesar das enormes distâncias a que se encontram da Terra, as regiões que rodeiam estes buracos negros brilham tão intensamente que a sua aparência é semelhante às estrelas da nossa própria galáxia, a Via Láctea.

Alguns destes objetos, conhecidos por objetos quase-estelares ou quasars, são ferramentas valiosas que nos ajudam a compreender melhor o cosmos. Uma vez que se encontram tão afastados de nós, a radiação que emitem tem que percorrer muito espaço até chegar aos nossos telescópios. Este espaço não é vazio, encontrando-se repleto do chamado meio intergaláctico, que é essencialmente composto por nuvens de gás — principalmente hidrogénio e hélio, mas também traços de outros elementos — e que absorve a radiação emitida por fontes distantes, impedindo-a de chegar até nós. Assim, a radiação emitida pelos quasars brilhantes tem que atravessar estas nuvens, sendo aí parcialmente absorvida.

Este espectro, obtido com o instrumento UVES montado no Very Large Telescope do ESO no Chile, mostra a radiação de um quasar chamado HE0940-1050, após ter atravessado estas nuvens. As riscas verticais são sinais de absorção — mostram onde a radiação foi absorvida pelo gás no meio intergaláctico e por isso removida do espectro original do quasar. A intensidade das riscas está associada à quantidade de material que a radiação teve que atravessar. Ao analisar as riscas de absorção, os astrónomos conseguem retirar muita informação sobre o material de que são feitas as nuvens. A particularidade excepcional deste espectro está nas riscas muito ténues, na realidade as mais ténues alguma vez observadas no espectro de um quasar.

Fonte:

http://www.eso.org/public/brazil/images/potw1649a/?lang

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Sérgio Sacani

Formado em geofísica pelo IAG da USP, mestre em engenharia do petróleo pela UNICAMP e doutor em geociências pela UNICAMP. Sérgio está à frente do Space Today, o maior canal de notícias sobre astronomia do Brasil.

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